
São José, 23 de junho de 2025 (IICA) – Especialistas do setor público e do setor privado de diferentes países das Américas sinalizaram que os bioinsumos constituem uma tecnologia estratégica para a transformação da agricultura e enfatizaram a necessidade de gerar evidência para a formulação de políticas públicas e estruturas regulamentares que potencializem o seu desenvolvimento.
Durante o webinar gratuito de lançamento da Rede de Parcelas Agrícolas para a Validação de Protocolos de Gestão Integrada de Cultivos com Ênfase em Bioinsumos, organizado pela Plataforma Hemisférica de Bioinsumos (PHB), cuja secretaria executiva é gerenciada pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), os especialistas discutiram aspectos científicos e técnicos dos desafios e oportunidades que se apresentam com o tema.
Esta iniciativa é liderada pelo Círculo de Conhecimento sobre Desenvolvimento Científico e Tecnológico da PHB, e surge como resposta à crescente necessidade de gerar evidência aplicada no campo que apoie a eficiência, segurança e escalabilidade de tecnologias biológicas em diferentes condições agroecológicas da América Latina e do Caribe.
Uma ferramenta regional para gerar conhecimento adaptado
A rede está projetada como um instrumento técnico-colaborativo que permite aos países participantes adaptar e validar protocolos de gerenciamento integrado, combinando tecnologias de base biológica com outras soluções convencionais, sob um foco agroecológico e baseado na ciência. Dessa forma, serão avaliadas estratégias combinadas de controle de pragas, doenças e nutrição vegetal em cultivos de alto interesse econômico e ambiental, bem como gerar dados úteis para a formulação de políticas públicas e estruturas regulamentares baseadas em evidência científica.
Cooperação técnica e trabalho colaborativo
A iniciativa conta com a participação de instituições líderes em pesquisa agropecuária como o INTA (Argentina), AGROSAVIA (Colômbia), INTA (Costa Rica) e Equador (empresa privada), além da colaboração técnica do IICA. Também está aberta para a incorporação de novos países e instituições interessadas em implementar parcelas piloto nos seus territórios.
O encontro foi seguido com interesse por dezenas de produtores de 16 nações do continente.
Os bioinsumos ganharam uma grande importância nos últimos anos devido à sua capacidade de melhorar a produtividade e a sustentabilidade dos sistemas agroalimentares na América Latina e no Caribe (ALC), onde os produtores enfrentam problemas como a difusão de pragas e doenças e a degradação dos solos.
Porém, o seu uso também é limitado por falta de conhecimento e formação por parte de muitos agricultores, os obstáculos para o acesso por razões de custos e falta de regulamentação e padrões de qualidade, entre outras razões.
Produtividade e conservação
Sérgio Abarca, do Instituto Nacional de Inovação e Transferência Agropecuária (INTA) da Costa Rica, enfatizou que em todos os países da região a tendência é a potencialização do uso de bioinsumos para enfrentar os desafios de produtividade e conservação dos recursos que se apresentam.
“Estamos vendo que existe cada vez mais interesse nos bioinsumos em todos os lugares e estamos convencidos de que somente de forma conjunta poderemos criar o caminho para que a agricultura desempenhe um papel cada vez mais importante”, disse Abarca.
“É fundamental tender à redução da carga química nos cultivos e procurar soluções nativas. Por isso o intercâmbio de experiências entre especialistas de diferentes países é um acontecimento realmente importante”, adicionou.
Pela sua parte, Andrés Polack, Pesquisador do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA) da Argentina, admitiu que “faltam provas científicas documentadas em experiências práticas, onde podamos ver as vantagens não só do ponto de vista biológico dos bioinsumos, mas também as vantagens econômicas, que é o que ao produtor mais lhe interessa na prática”.
Neste sentido, Polack antecipou que, com o apoio do IICA, em julho será realizada em quatro países (Argentina, Costa Rica, Colômbia e Equador) uma experiência sobre um único cultivo em que se serão estudadas as diferenças entre o gerenciamento convencional e com insumos. Participarão empresas, produtores, técnicos assessores e o setor público.
Harold Gamboa, Especialista do Programa de Inovação e Bioeconomia do IICA, e Secretário Executivo da Plataforma Hemisférica de Bioinsumos (PHB), enfatizou a importância desse esforço que representa um passo concreto para a consolidação de um ecossistema regional de inovação em bioinsumos, que permita melhorar a tomada de decisões técnicas e normativas e fomentar a transição para modelos agrícolas mais sustentáveis e regenerativos nas Américas.
A Plataforma Hemisférica de Bioinsumos surgiu em 2023, a partir de um esforço colaborativo do FONTAGRO, o IICA e as instituições públicas de pesquisa da região (INIAs).
Em 2024 foi realizado no Panamá o primeiro fórum panamericano de bioinsumos, em que houve uma declaração conjunta solicitando a criação de um mecanismo de cooperação regional especializado no tema e destacados especialistas da região compartilharam visões e experiências.
Durante o fórum foi sinalizado que América Latina tem vantagens para promover os bioinsumos como uma tecnologia estratégica para a transformação da agricultura, mas o aproveitamento das oportunidades requer esforços para a promoção da ciência, tecnologia e inovação, na geração de políticas e normativas, e na promoção do mercado de bioinsumos para atrair investidores para a produção ao longo prazo.
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