
Turrialba, Costa Rica, 3 de junho de 2025 — Mais de 20 jovens e mulheres rurais do Caribe Oriental realizaram uma visita de estudos pela Costa Rica ao Centro Agronômico Tropical de Pesquisa e Ensino (CATIE), onde se capacitaram em boas práticas produtivas e novas tecnologias aplicadas ao agro.
A viagem, da qual participaram ministros encarregados pelo setor agropecuário da região, foi organizada pela Organização dos Estados do Caribe Oriental (OECO) em conjunto com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). Ambas as instituições vêm aprofundando sua cooperação para melhorar a produtividade e favorecer o bem-estar das comunidades rurais em ilhas altamente vulneráveis a eventos climáticos extremos.
O CATIE, centro acadêmico de referência na América Latina e Caribe para a inovação e o desenvolvimento sustentável em temas relacionados com a agricultura, está localizado em Turrialba, província de Cartago. É uma instituição líder na gestão integrada da agricultura e dos recursos naturais na abordagem dos desafios mundiais e tem uma estreita relação histórica com o IICA.
“Isso é apenas o começo da nossa relação de trabalho destinada a fortalecer a agricultura de seus países. Aqui fazemos pesquisa e desenvolvimento sobre os cultivos tropicais que estão difundidos no Caribe”, disse o Diretor Geral do CATIE, Luis Pocasangre Enamorado, ao receber os visitantes.
A OECO é um grupo de doze ilhas do Caribe Oriental, e seis de seus membros fundadores também são membros do IICA: Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Granada, Dominica, Antígua e Barbuda e Saint Kitts e Nevis. A organização é composta por nações insulares, as quais nos últimos anos receberam assistência técnica e financeira do IICA para melhorar sua produtividade, resiliência e sustentabilidade.
A missão começou com dois dias de atividades na sede central do IICA, em São José, com a participação do Diretor Geral, Manuel Otero. Em seguida, os visitantes viajaram ao CATIE.
Os jovens e mulheres rurais — provenientes de Antígua e Barbuda, Dominica, Granada, Saint Kitts e Nevis, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Anguila, Ilhas Virgens Britânicas e Montserrat — foram acompanhados pelo Diretor Geral da OECO, Didacus Jules; o Ministro da Agricultura, Pesca, Segurança Alimentar e Desenvolvimento Rural de Santa Lúcia, Alfred Prospere; o Ministro de Desenvolvimento Econômico, Planejamento, Agricultura, Terras, Florestas, Recursos Marinhos e Cooperativas de Granada, Lennox Andrews; o Secretário Permanente do Ministério da Agricultura, Terras, Pesca e Economia Azul de Antígua e Barbuda, Walter Christopher; o Secretário Permanente do Ministério da Agricultura, Pesca e Recursos Marinhos de Saint Kitts e Nevis, Miguel Flemming; e o Secretário Parlamentar de Agricultura, Terras, Moradia, Ambiente, Assuntos de Juventude e Esportes de Montserrat, Dwayne Hixon.
Café, cacau e banana
Os jovens percorreram a coleção internacional de café do CATIE, criada em 1949 e que se estende por 12 hectares. É a quarta maior coleção do mundo e a segunda do continente. Possui uma enorme diversidade de variedades de café arábica, a principal espécie de café do mundo.
Também percorreram a valiosa coleção de cacau, que garante a preservação da maior diversidade genética da espécie da região. Foi criada há mais de 80 anos e é um tesouro inestimável para a conservação, pesquisa, melhoria genética e distribuição de materiais em benefício da comunidade de famílias produtoras, da academia e da indústria de chocolate mundial.

No CATIE, explicou Pocasangre Enamorado, foram desenvolvidas variedades de cacau que aumentaram oito vezes a produtividade (levando-a para mais de 2 toneladas por hectare por ano) e que têm ganhado resistência às doenças mais difundidas, em benefício dos agricultores.
Os jovens e mulheres rurais caribenhos também conheceram as plantações de banana convencional e de banana sem pesticidas, onde foram instruídos sobre métodos de prevenção da doença Fusarium Tropical Race 4 (TR4), que já foi detectada no continente e é uma ameaça à segurança alimentar e às receitas dos agricultores.
O Diretor Geral do CATIE mostrou a infraestrutura, simples e econômica, que existe nas plantações para a desinfecção, as quais previnem a transmissão da doença. “É fundamental que os agricultores do Caribe, por meio do método simples da desinfecção, evitem a entrada da TR4, porque uma vez que ela entra, é impossível de erradicar. É a mensagem que devem divulgar quando voltarem para seus países”, enfatizou Pocasangre Enamorado.
Terras e financiamento
Heather Moise, jovem agricultora de Santa Lúcia, contou que vem de uma família rural: seu pai tinha uma plantação de bananas e seus avós cultivavam cana-de-açúcar: “Esse encontro é muito importante para entrar em contato e trabalhar em rede com agricultores de outros países do Caribe e da Costa Rica. Estou aprendendo muito sobre cultivos como o cacau e o abacaxi”.
Para Moise, os dois maiores obstáculos enfrentados pelos agricultores no Caribe são o acesso à terra e ao financiamento.
“Vejo que muitos jovens em meu país começam a se aproximar mais dos temas alimentares. Hoje vejo um maior interesse tanto na agricultura, como em diferentes aspectos da pecuária e do processamento das matérias-primas”, disse Lindell Daniel, que faz agricultura hidropônica em Granada.
“Sabia que a agricultura era meu destino, pois meu pai é um produtor muito conhecido em Granada. Então, desde a minha juventude comecei o meu próprio trabalho e me interessei pela hidroponia”, acrescentou.
“Cultivo flores comestíveis e tenho uma nova iniciativa que planejo empreender. Estou muito grato pela oportunidade e agradeço por ver novas perspectivas no que diz respeito à agricultura”, comentou Jaivaughn Richardson, de Anguila.
“Em Anguila — acrescentou — não há muitos agricultores. E os que se dedicam à atividade, utilizam principalmente técnicas tradicionais. Só visitando a Costa Rica, pude conhecer novas iniciativas que podem ser empreendidas em Anguila. Para atrair os jovens para a agricultura, é essencial o acesso ao financiamento e à educação”.

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