Belém do Pará, 21 de novembro de 2025 (IICA) – A agricultura das Américas rendeu contas na COP30 dos resultados de sucesso que está obtendo na produção de combustíveis sustentáveis e mostrou seu potencial para protagonizar uma verdadeira revolução na próxima década que contribua para a descarbonização do transporte terrestre, marítimo e aéreo.
O Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero, enfatizou que a expansão dos combustíveis sustentáveis com matérias primas procedentes do agro está na agenda institucional do organismo como um mandato ministerial, que foi assinado recentemente pelos ministros da Agricultura congregados na Junta Interamericana de Agricultura (JIA), que ocorreu em Brasília no começo do mês.
Durante a Conferência de Belém do Pará, onde o mundo discute a abordagem dos desafios climáticos e suas implicações econômicas e sociais, o país anfitrião, Brasil, impulsiona o “Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis” (Belém 4x), com o objetivo de fornecer apoio político e fomentar a cooperação internacional para pelo menos quadruplicar o uso de combustíveis sustentáveis até 2035.
Nessa linha, o Especialista Internacional em Biocombustíveis e Energia Renovável do IICA, Agustin Torroba, apresentou na COP da Amazônia brasileira as principais conclusões do policy brief do IICA e da CPBIO, chamado “Estrutura de ação para Belém 4x: duplicar a produção de biocombustíveis líquidos sem novos hectares – produtividade, sustentabilidade e acessibilidade”.
Este documento propõe uma estrutura de ação para que os países possam duplicar a produção de biocombustíveis líquidos sem expandir a fronteira agropecuária, a partir de melhorias na produtividade, a eficiência industrial e estruturas de sustentabilidade robustas e harmonizadas.
O IICA exerce a secretaria técnica da Coalizão Panamericana de Biocombustíveis Líquidos (CPBIO), que reúne 25 organizações de 15 países da América Latina e do Caribe ligadas à produção de combustíveis sustentáveis com matéria prima agrícola.
Torroba está participando em Belém do Pará de diferentes debates de alto nível sobre o papel dos biocombustíveis na transição energética, em que destacou que a conformidade com o Compromisso Belém 4x só será possível se fortalecer o vínculo entre a agricultura, a energia e o meio-ambiente, com a produtividade agrícola e a sustentabilidade como os pilares de expansão dos combustíveis sustentáveis.
Momento histórico
Segundo assegurou no pavilhão do IICA na COP30 Evandro Gussi, CEO da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia do Brasil (UNICA), a indústria de biocombustíveis está atravessando um momento histórico. “Os biocombustíveis terão um papel fundamental nos próximos dez anos em muitos lugares do mundo. Olhem como na Europa há pouco só falavam de eletrificação do transporte, e agora estão falando novamente de combustão, mas com combustíveis sustentáveis”, adicionou.
Gussi disse que o Brasil se converteu em uma potência global em biocombustíveis sustentáveis no econômico, social e ambiental graças às políticas públicas baseadas na ciência e está preparado para compartilhar as lições aprendidas com o resto dos países da América Latina. “O modelo do Brasil é exportável e replicável em outras partes do mundo”, assegurou.
Roberto Matarazzo Braun, Diretor de ESG e Comunicação Corporativa da Toyota no Brasil, explicou as particularidades de cada mercado regional em que essa marca opera.
“Durante anos a indústria automotriz tem trabalhado no desenvolvimento de novas tecnologias e no uso de combustíveis mais sustentáveis para reduzir as emissões de carbono na atmosfera. E estamos convencidos de que não se pode escolher uma só tecnologia para todo o mundo. Cada região tem necessidades de mercado únicas e, ao mesmo tempo, uma situação diferente sobre as energias renováveis. Devemos oferecer diversas opções de mobilidade. Existem muitos caminhos para a neutralidade de carbono”, assegurou.
Descreveu, neste sentido, o cenário do Brasil, segundo maior produtor do mundo e dono de uma infraestrutura de distribuição nacional pronta para o uso.
“Para o Brasil o melhor é o etanol, com que já tem uma experiência de 50 anos. Hoje o Brasil é o maior protagonista no mundo de mobilidade sustentável com biocombustíveis. Da mesma forma muitos outros países podem avançar em biocombustíveis com base de cana-de-açúcar, milho ou outros produtos para a produção de etanol. Para descarbonizar é necessário contar com todas as tecnologias. E os biocombustíveis são uma solução realista e imediata, principalmente em países do sul global”, concluiu.
Pedro de la Fuente, Gerente Sênior de Relações Externas e Sustentabilidade para as Américas da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), falou sobre as rotas tecnológicas para a produção de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF) e os desafios para acelerar a produção de SAF sobre a base de políticas públicas e estruturas de sustentabilidade com critérios homogêneos.
Aida Lorenzo de Juárez, Campeã de Alto Nível do Clima em Bioenergia Sustentável e Diretora Executiva da Associação de Combustíveis Renováveis da Guatemala, moderou o painel e destacou o avanço que está ocorrendo na descarbonização por meio dos biocombustíveis líquidos do transporte terrestre ao marítimo e aéreo.
Tecnologia e estratégia para a transição energética
Torroba enfatizou que a chave está em fechar as brechas de rendimento dos principais cultivos utilizados para biocombustíveis (milho, cana-de-açúcar, trigo, soja, palma e canola) para assegurar matérias primas abundantes, sustentáveis e rentáveis, em vez de depender exclusivamente de matérias primas alternativas ainda não maduras. Ao melhorar a produtividade, o mesmo hectare pode fornecer mais alimentos, mais fibras e mais energia renovável, evitando pressões adicionais sobre os ecossistemas.
O Secretário Executivo da CPBIO também enfatizou que os biocombustíveis podem se converter em uma fonte simultânea de segurança alimentar (fornecendo alimentos e subprodutos proteicos para a nutrição humana e animal), segurança ambiental (reduzindo as emissões de gases de efeito estufa em comparação com os combustíveis fósseis) e segurança energética (diversificando a rede e reduzindo a dependência do petróleo).
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