Buenos Aires, 11 de agosto de 2025 (IICA) — A agricultura das Américas deve ser repensada para entender as demandas dos consumidores e construir o seu próprio futuro, que estará inexoravelmente ligado à ciência, à tecnologia e à agregação de valor, concordaram especialistas internacionais e altos funcionários em uma mesa-redonda de alto nível realizada em Buenos Aires, que foi seguida de uma homenagem à trajetória de Manuel Otero.
O Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) foi reconhecido por sua defesa dos valores essenciais da agricultura e por sua visão internacional em um ato realizado na Bolsa de Cereais de Buenos Aires, que é a entidade empresarial mais antiga do país, fundada em 1854.
Foram oradores da mesa-redonda: Jack Bobo, Diretor Executivo do Instituto Rothman para Estudos sobre a Alimentação da Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA); e Kip Tom, Vice-Presidente de Política Agrícola do centro de pensamento America First Policy Institute (AFPI).
Juntamente com eles, debateram os ministros de agricultura de Trinidad e Tobago, Ravi Ratiram, e do Panamá, Roberto Linares; e o Chanceler de São Vicente e Granadinas, Frederick Stephenson. Os três — representantes de países da América Central e do Caribe que são importadores líquidos de alimentos — visitaram a Argentina nesta semana para aprofundar as relações comerciais e de cooperação em uma viagem organizada pelo IICA.
Ricardo Marra, Presidente da Bolsa de Cereais, abriu o debate, que foi moderado por Gustavo Idígoras, Presidente da Câmara da Indústria de Óleos da República Argentina e do Centro de Exportadores de Cereais (CIARA-CEC). Também participaram importantes referências do setor agroalimentar da Argentina, como Martín Piñeiro (Diretor Geral Emérito do IICA), Marcelo Regúnaga, Eugenio Díaz Bonilla e Alfredo Paseyro.
Segurança alimentar, o contexto geopolítico global, a relação entre comércio de produtos agropecuários e o meio ambiente e os caminhos possíveis para melhorar a comunicação do setor foram os temas tratados em uma discussão que se propôs a antecipar cenários futuros.
Os oradores chamaram a atenção sobre o fato de que as sociedades atuais desconhecem que, ao longo da história, a escassez de alimentos foi muitas vezes uma realidade cotidiana, e que os avanços da ciência e da tecnologia agrícola geraram avanços em produtividade e sustentabilidade até há pouco impensáveis.
O professor Jack Bobo chamou todos os atores do setor a se antecipar ao futuro para criar condições mais favoráveis e enfatizou que o mundo será muito diverso daqui a 25 anos, uma vez que as populações das duas nações que hoje têm mais habitantes, China e Índia, diminuirão e a maior demanda de alimentos virá da África. “Devemos entender o que o futuro nos trará e nos preparar adequadamente”, advertiu.
Kip Tom falou sobre a importância do movimento que, nos Estados Unidos e em outros lugares do mundo, clama por uma alimentação mais saudável e afirmou que a demanda por uma produção de melhor qualidade abre uma grande oportunidade para as Américas. “O continente — ressaltou — deve ter uma estratégia que se baseie na agregação de valor e o faça sair da dependência das commodities”.
Os ministros da América Central e do Caribe detalharam os desafios crescentes que enfrentam em seus países pela maior frequência de desastres naturais e a volatilidade dos preços internacionais de alimentos. “Nenhuma nação das Américas terá uma segurança alimentar completa enquanto todas não a tiverem. E o mesmo acontece com a energia”, sustentou o ministro de Trinidad, Ravi Ratiram.
Compromisso com o continente
“Estamos homenageando a trajetória de um argentino que tem nos representado como poucos nos últimos 40 anos e que tem defendido os valores da agricultura em todas as circunstâncias”, disse Idígoras ao entregar uma placa em reconhecimento por seu compromisso a Manuel Otero em nome da Bolsa de Cereais, CIARA-CEC, do Conselho Agroindustrial Argentino e da Associação Argentina de Produtores em Semeadura Direta (AAPRESID).
Idígoras fez um rápido retrospecto da carreira internacional de Otero, que começou como Adido Agrícola da Embaixada Argentina nos Estados Unidos durante o primeiro governo do retorno democrático do país sul-americano e ressaltou seus valores pessoais e humanos.
“Se as Américas se unificassem em um só país, o primeiro passaporte americano seria para Manuel Otero”, afirmou Idígoras, em referência a seu compromisso com o desenvolvimento sustentável do continente ao longo dos anos.
Otero recebeu a placa e agradeceu o reconhecimento junto com duas de suas sete netas, lembrou sua carreira de 30 anos como funcionário internacional no IICA e seu tempo como presidente do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA) na Argentina. Considerou, nesse sentido, que a construção de equipes e a confiança permanente em seu trabalho foram características que lhe permitiram seguir adiante com êxito em cada circunstância.
O dirigente do organismo hemisférico antecipou que em breve retornará à Argentina com o desejo de continuar contribuindo para o desenvolvimento econômico e social: “Espero ser lembrado no IICA como uma boa pessoa e alguém que fez uma contribuição positiva em um contexto complicado, que incluiu as restrições da pandemia de Covid-19”.
Otero concluiu com uma referência à relação de confiança que o IICA tem hoje com todos os países das Américas e se mostrou convencido de seu ponto forte: “O nosso deve ser um dos organismos internacionais com uma das melhores situações financeiras atualmente. Se os países das Américas continuarem a confiar, teremos o IICA por mais muitos anos”.
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