Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura

Agricultura

Parlamentários de países da América do Sul e entidades do agro avançaram na construção de uma agenda comum de cooperação durante uma jornada de diálogo no Congresso argentino com participação do Diretor Geral do IICA

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A segunda Cúpula Sul-Americana AgroGlobal ocorreu no Congresso Nacional da Argentina, em Buenos Aires, e contou com a participação dos mais importantes atores regionais do agro tanto do setor público como privado.

Buenos Aires, 25 de abril de 2025 (IICA) – Legisladores nacionais de Argentina, Brasil, Colômbia, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai compartilharam uma jornada de trabalho e debate com representantes de entidades agropecuárias dos seus países e avançaram na construção de uma agenda de trabalho comum para o setor, durante um encontro que contou com a participação do Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero.

A segunda Cúpula Sul-Americana AgroGlobal ocorreu no Congresso Nacional da Argentina, em Buenos Aires, e contou com a participação dos mais importantes atores regionais do agro tanto do setor público como privado, que concordaram sobre a necessidade de construir uma visão comum e avançar na implementação de políticas coordenadas.

O encontro foi a continuação de um processo iniciado o ano passado em Brasília, quando uma delegação de legisladores argentinos visitou a capital do país vizinho para conhecer em primeira mão as reformas que nas últimas décadas converteram o Brasil em um dos principais produtores e exportadores de alimentos do mundo.

O Brasil contribuiu uma delegação importante ao evento que ocorreu em Buenos Aires, que incluía a senadora Tereza Cristina, ex-Ministra da Agricultura e Pecuária; Tânia Zanella, Presidente do Instituto Pensar Agropecuária (IPA); Sérgio Bortolozzo, Presidente da Sociedade Rural (SRB); e o Deputado Pedro Lupion, máxima autoridade da Frente Parlamentar da Agropecuária, além de vários legisladores deputados e senadores.

Também participaram, entre outros, o Presidente da Comissão de Agricultura e Pecuária da Câmara de Deputados da Argentina, Atilio Benedetti; o líder da União de Grêmios da Produção (UGP) do Paraguai, Héctor Cristaldo; o Diretor de Políticas Públicas do Instituto Pensar Agro Chile, Andrés Meneses; o Presidente da organização CREA da Argentina, Jorge Sáenz Rozas; e os ex-Ministros de Agricultura do Paraguai, Santiago Bertoni, e da Argentina, Luis Basterra e Fernando Vilella.

O Presidente da Câmara de Deputados da Argentina, Martin Menem, esteve presente na cerimônia de fechamento, em que os participantes assinaram a chamada Carta de Buenos Aires.  Neste texto, consideraram fundamental a consolidação de um espaço de cooperação parlamentar que potencialize o trabalho em conjunto em áreas como inovação e digitalização rural, infraestrutura e logística agroindustrial, comércio agropecuário e contribuição para a segurança alimentar.

O evento foi impulsionado pela Fundação Barbechando, cuja Presidente, Ángeles Naveyra, destacou que era um “acontecimento histórico e um marco parlamentar”.

Rejeição de modelos únicos

Os legisladores e representantes do setor de produção presentes destacaram os avanços realizados na agricultura sul-americana para a sustentabilidade e rejeitaram a imposição de modelos únicos, que não reconhecem as particularidades de produção e culturais de cada região e país.

O evento começou com um minuto de silêncio em homenagem ao Papa Francisco, que faleceu esta semana.  O deputado argentino Benedetti declarou que, por meio de suas boas práticas, o agro sul-americano faz uma contribuição para o cuidado do meio-ambiente, com sistemas estendidos como a semeadura direta, em sintonia com a encíclica Laudato Si, em que o Papa adjurou o cuidado da nossa casa comum.

“Existe muita desinformação. A brasileira é uma agricultura tropical, desenvolvida nos últimos 50 anos, que é única.  Convidamos autoridades da União Europeia, que virão ao nosso país para conhecer como produzimos e esperamos que essa visita traga os resultados que queremos. Rejeitamos o protecionismo traduzido em normas ambientais”, assegurou, pelo seu lado, Tereza Cristina.

A ex-Ministra da Agricultura e Pecuária Brasileira enfatizou particularmente a figura de Manuel Otero, cujo trabalho liderando o IICA tem servido nos últimos anos para construir uma postura unificada do continente americano nos principais fóruns de debate internacional sobre o futuro das formas de produção e consumo dos produtores agropecuários.

Tereza Cristina e Otero realizaram uma valiosa tarefa conjunta de liderança nas Américas durante 2021, na ocasião da Cúpula dos Sistemas Alimentares.

Pelo seu lado, o Presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária do Brasil, Pedro Lupion, destacou a importância do trabalho coordenado.  “Se trabalhamos juntos, somos mais fortes. A Frente Parlamentar da Agropecuária tem no Brasil 304 deputados e quase 50 senadores”, destacou Lupion, que enfatizou a importância do IICA para integrar os países da região na defensa de posturas conjuntas ante o mundo.

Neste sentido, o encontro, que ocorreu no Salão dos Passos Perdidos, lar emblemático do Congresso Argentino, serviu para consolidar um espaço de diálogo permanente e projetar uma visão agroindustrial sul-americana compartilhada, capaz de influenciar as decisões políticas que marcarão o rumo das próximas décadas.

Tânia Zanella, Presidente do Instituto Pensar Agro (IPA); e Andrés Meneses, especialista chileno em políticas, destacaram a importância de criar um Espaço Parlamentar Agroindustrial Sul-Americano e enfatizaram a tarefa de procurar um consenso que o IICA tem realizado, entre os países com realidades de produção e culturais diferentes que formam parte da região.

Manuel Otero participou de uma conversa sobre os desafios que os países da região enfrentam, junto com Nelson Illescas, Coordenador de Estratégia e Conteúdo do Grupo de Países Produtores do Sul (GPS).

“A América do Sul é um ator estratégico nos equilíbrios globais, pela potência da sua agricultura, que não se pode desvalorizar. Somos líderes em estratégias de produção sustentável, com práticas como a semeadura direta, o sistema agrossilvipastoril e a pecuária sustentável. E estamos na frente das exportações de soja, milho, carnes, biocombustíveis, produtos florestais, açúcar, café e variedades de frutas. Temos que estar orgulhosos”, disse Otero.

O Diretor Geral do IICA também se referiu à importância da região para a sustentabilidade do planeta: “Temos 45% dos bosques tropicais do mundo, que nos converte em um dos maiores locais do mundo para o sequestro de carbono: também temos 30% das águas doces e 35% da biomassa utilizada para os biocombustíveis”.

De todas as formas, Otero advertiu que as condições atuais obrigam a repensar o modelo de produção, contemplando as pressões sobre os recursos, as novas regulamentações e as mudanças no consumo.

“O único caminho possível é uma agricultura intensiva em conhecimentos com rosto humano, com nossos produtores como protagonistas. São necessárias políticas de Estado visionárias que construam uma visão regional compartilhada sobre o papel estratégico do agro para o desenvolvimento e impulsionem mecanismos de governança que facilitem a articulação entre os setores público e privado.  Uma transformação só é possível a partir de um forte compromisso e os Parlamentos têm um papel central para assegurar a continuidade das políticas”, concluiu.

Mais informação:
Gerência de Comunicação Institucional do IICA.
comunicacion.institucional@iica.int

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