Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura

Biocombustíveis

Produtores de cana das Américas discutiram futuro da agricultura e novas oportunidades de ação conjunta sobre biocombustíveis com autoridades do IICA

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Oscar Moreno da Associação de Produtores de Açúcar de Honduras (APAH); Juan Carlos Fernandez da Associação de Açúcar do Istmo Centro-Americano (AICA); Agustín Torroba (IICA-CPBIO); Celestina Brenes (IICA); e Carlos Castro da Perucaña; na sede do IICA em São José.

São José, Costa Rica, 9 junho de 2025 (IICA) – Produtores e representantes da cadeia da cana-de-açúcar das Américas visitaram a sede central do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), onde abordaram com o Diretor Geral, Manuel Otero, e o Diretor de Cooperação Técnica, Muhammad Ibrahim, assuntos como a conformação de novas alianças, avanços tecnológicos e oportunidades para a região.

Oscar Moreno, Coordenador Legal e de Assuntos Governamentais da Associação de Produtores de Açúcar de Honduras (APAH); Juan Carlos Fernandez, Diretor Executivo da Associação de Açúcar do Istmo Centro-Americano (AICA); e Carlos Castro, Gerente Geral da Associação Peruana de Agroindustriais de Açúcar e Derivados – Perucaña; junto com Otero e Ibrahim, concordaram que as alianças entre organismos internacionais como o IICA e o setor privado permitem gerar impactos concretos nos países.

Durante o diálogo também foram abordadas as rotas tecnológicas que impulsionam a produção de biocombustíveis líquidos, considerados uma opção essencial para a descarbonização da energia e a criação de novos empregos. 

Foi enfatizado que a cooperação técnica, além de facilitar projetos, tem um papel essencial na assessoria a funcionários públicos e privados, na formação de políticas e na capacitação em temas especializados.

Como parte do trabalho de cooperação técnica, foi reconhecida a Coalizão Pan-Americana de Biocombustíveis Líquidos (CPBIO), como um mecanismo que dá voz à região e contribui para colocar esses temas na agenda global.

“A CPBIO é um espaço do setor privado dos diferentes países onde são compartilhadas experiências, aprofundados conhecimentos técnicos e é proposta uma visão do futuro para o desenvolvimento das nossas economias.  Tudo isso contribui para divulgar o potencial que os nossos países podem ter na agenda mundial para a descarbonização”, enfatizou Castro.

“Valorizamos profundamente a visita ao IICA como uma oportunidade para dialogar com o setor de açúcar regional. Esta visita nos permitiu conhecer mais sobre sua estrutura, suas áreas de cooperação e seu interesse renovado em conectar com os setores de produção e com a sociedade. Há espaços em que podemos explorar sinergias para avançar juntos em uma agroindústria mais sustentável, inclusiva e com visão de futuro”, adicionou Fernandez.

“APAH – em representação da agroindústria de açúcar de Honduras – compareceu à visita oficial ao IICA após o evento ISO Sugar, aproveitando assim uma valiosa oportunidade para fortalecer os laços institucionais e explorar novas avenidas de cooperação técnica para sustentabilidade, biocombustíveis e inovação agrícola na região”, concluiu Moreno.  

A Organização Internacional do Açúcar aposta pelos biocombustíveis líquidos

A visita ao IICA ocorreu na estrutura das sessões do congresso ISO Sugar da Organização Internacional do Açúcar, único organismo intergovernamental dedicado à melhoria das condições do mercado mundial de açúcar.

Com uma atitude proativa para incluir o álcool combustível, desde a metade dos anos 1990 a ISO contribui para promover o crescente papel dos biocombustíveis na futura matriz energética mundial.  A ISO conta com 85 Estados-Membros, que representam, segundo dados de 2023, 87% da produção mundial de açúcar, 64% do consumo mundial de açúcar, 37% das importações mundiais e 92% das exportações mundiais.

A ISO também existe para garantir uma maior cooperação internacional em relação aos assuntos mundiais do açúcar, oferecer um fórum para consultas intergovernamentais sobre o açúcar e as formas de melhorar a economia do açúcar mundial e fomentar uma maior demanda de açúcar, particularmente para usos não tradicionais.

A oportunidade do etanol: diversificação e energia

Agustín Torroba, especialista internacional em biocombustíveis do IICA e Secretário Executivo da CPBIO, participou do congresso ISO Sugar em um painel chamado “A oportunidade do etanol: diversificação e energia”, em que informou que a CPBIO é uma convocatória do IICA às diferentes câmaras de biocombustíveis das Américas e as cadeias de valor, que produzem 87% do etanol global.

“Nos últimos 60 anos a população mundial aumentou 164% e a produção de cana-de-açúcar aumentou 352%: tivemos que começar a encontrar outras alternativas para o uso da cana, e assim nasceu o etanol”, comentou Torroba.

“Hoje o mundo está em um longo caminho para se descarbonizar: estamos vendo dois tipos de mercados para o etanol, 88% do consumo mundial está sob legislações com diferentes critérios de sustentabilidade, e todos enfatizam a pegada de carbono. Os biocombustíveis têm um papel essencial para conseguir a neutralidade de carbono no setor energético, de acordo com o plano de ação criado por diferentes organismos internacionais como a Agência Internacional de Energias, porém hoje a produção e consumo estão abaixo do que o mundo precisa para se descarbonizar”, adicionou.

A cana-de-açúcar tem um dos melhores perfis para a produção de bioetanol e o etanol é crítico para a cana e a agricultura, já que 30% da cana de açúcar do mundo está destinada à produção de etanol. 

O Brasil é um ator-chave graças ao seu setor de motores flex que funcionam com etanol hidratado puro e qualquer mistura de etanol com gasolina, já que toda a gasolina se mistura com 30% de etanol.  

A Índia, pela sua parte, é a última grande incorporação massiva de etanol, com uma mistura atual de 18% e um total de 270 destilarias no nível nacional.  O Panamá está a ponto de implementar um programa de corte de etanol a 10%, abrindo uma faixa de possibilidades para a expansão da indústria, já seja em caldeiras, processamento de bagaço e outros.

Um dos mais novos e mais importantes usos do bioetanol é o de combustíveis de aviação sustentável (SAF), é um setor com o objetivo de atingir a neutralidade de carbono em 2050. 

Isso implica quase 450 milhões de m3 de SAF para 2050, quase o triplo da capacidade instalada atual de biocombustíveis terrestres.  Hoje existem 11 rotas tecnológicas aprovadas para produzir SAF. As duas tecnologias mais desenvolvidas são HEFA – ésteres e ácidos graxos hidroprocessados – e Alcohol-to-Jet. 

“O etanol é uma excelente oportunidade de negócios que existe em alguns países que têm políticas públicas para apoiar o seu desenvolvimento, e pela sua vez é uma grande oportunidade para a cana-de-açúcar pelo seu bom perfil ambiental. No seu horizonte, o etanol traz novos negócios como os SAF, bioplásticos e os combustíveis sustentáveis para a navegação marítima”, concluiu Torroba.

Luís Fernando Salazar, Diretor Executivo da União de Produtores de Açúcar Latino-Americanos (UNALA), comentou que os biocombustíveis não são só importantes para o transporte e a saúde, mas também para a descarbonização das economias.

“O setor da cana-de-açúcar da América Latina produz 30% do etanol do mundo, e gera anualmente uma quantidade de energia renovável equivalente a seis anos de consumo de energia elétrica da cidade de São José, Costa Rica”, adicionou.

Mais informação:
Gerência de Comunicação Institucional do IICA.
comunicacion.institucional@iica.int

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