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Sandra Ferguson, mulher que dedicou sua vida a fortalecer os pequenos agricultores da nação caribenha de Granada, é reconhecida pelo IICA como Líder da Ruralidade das Américas

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Sandra Ferguson é uma grande promotora do cultivo de alimentos saudáveis e do consumo local.

São José, 24 de fevereiro de 2025 (IICA) — Por seu trabalho de mais de 30 anos na nação caribenha de Granada ao lado dos pequenos agricultores — a quem ajudou a progredir por meio de créditos, apoio técnico e capacitações — Sandra Ferguson foi homenageada como uma das Líderes da Ruralidade das Américas pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).

Em reconhecimento, Ferguson receberá o prêmio “Alma da Ruralidade”, parte de uma iniciativa do organismo especializado em desenvolvimento agropecuário e rural para dar visibilidade a homens e mulheres que deixam uma marca e fazem a diferença no campo do continente americano, essencial para a segurança alimentar e nutricional e para a sustentabilidade ambiental do planeta.

Ferguson começou a trabalhar em 1992 na Agência para a Transformação Rural (ART), organização não governamental de Granada, pequena nação do Mar Caribe que obteve sua independência em 1974 e faz parte da Commonwealth, a comunidade de países que compartilha laços históricos com o Reino Unido. Granada é conhecida como a Ilha das Especiarias, principalmente devido à sua famosa produção de noz moscada.

A ART é uma organização dedicada a empoderar as comunidades dos territórios rurais para melhorar sua qualidade de vida, com foco especial nas mulheres, jovens, agricultores familiares e artesãos.

Ferguson é uma grande promotora do cultivo de alimentos saudáveis e do consumo local, o que é um tema crítico em todo o Caribe, região cuja segurança alimentar depende em grande parte das importações.

Assim, teve um papel central nas campanhas “Plante o que você come e coma o que você planta” (“Grow What You Eat and Eat What You Grow”) e “Coma local! Coma saudável!” (“Eat Local! Eat Healthy!”), que tiveram uma significativa repercussão no país.

“Comer o que é cultivado localmente é mais saudável. E a nossa prioridade é promover a saúde das comunidades por meio da alimentação. Desenvolvemos um programa em que incentivamos os lares a cultivar seus próprios alimentos, por meio da entrega de sementes de frutas e vegetais. Complementamos isso com programas de capacitação sobre como preparar e combinar os alimentos para que sejam mais nutritivos. Trabalhamos particularmente com mães de família e com jovens”, afirmou.

Sandra também trabalhou em esquemas de créditos para o setor de pequenos empreendimentos — geralmente marginalizados das principais rotas financeiras — e desempenhou um papel central para revitalizar o setor apícola em Granada, que ganhou reconhecimento internacional pelo mel do país caribenho. Assim, promoveu um serviço de apoio aos apicultores que fornecia embalagens e outros serviços para aumentar a eficiência do negócio.

Em 1997, coordenou a participação de Granada na Feira Internacional do Mel, no Reino Unido, onde ganhou diversos prêmios de prestígio. O sucesso do mel de Granada no exterior foi potencializado por projetos do IICA com o Ministério da Agricultura local.

A designação como Líder da Ruralidade das Américas é um reconhecimento aos que cumprem um duplo papel insubstituível: ser avalistas da segurança alimentar e nutricional e, ao mesmo tempo, guardiões da biodiversidade do planeta pela produção em qualquer circunstância. O reconhecimento também tem a função de destacar a capacidade de promover exemplos positivos para as zonas rurais da região.

Entender os agricultores

“Granada é famosa por sua produção de noz moscada. Antes do furacão Iván (que devastou a ilha em 2004) éramos o segundo maior produtor do mundo. Infelizmente perdemos essa posição. Depois, o furacão Beryl nos fustigou novamente (em 2024)”, conta Ferguson, que relata que, quando era menina, seu pai cultivava precisamente noz moscada, além de cacau.

Ela frequentou a Faculdade de Agricultura da Universidade das Índias Ocidentais e, depois, estudos de pós-graduação em Desenvolvimento Agropecuário na Universidade das Antilhas, em Guadalupe, e no Instituto de Estudos Sociais, nos Países Baixos.

“Uma das maiores lições que aprendi para toda a vida é que o agricultor sabe o que tem que fazer. Em princípio, não se deve preocupar em ensiná-los, mas sim entender o sistema em que ela ou ele opera. Devemos conhecer as ambições, os recursos e os contextos dos agricultores para trabalharmos com eles. Aceitar isso me preparou para atuar na sociedade civil e, assim, ingressei na Agência para a Transformação Rural, onde comecei no escritório de projetos econômicos”, recorda Sandra.

Ferguson explica que, em 1981, a Agência começou a trabalhar com um forte vínculo com o então governo de Granada. Depois do colapso dessa administração, em 1983, a Agência foi fechada, e um ano mais tarde, voltou a operar, retomando seus projetos de apoio à população rural e se registrando como ONG.

“Tenho sido responsável por programas de microcrédito pioneiros no país. Também conectamos pequenos agricultores com assistências técnicas”, conta.

Além disso, Sandra promoveu campanhas de conscientização sobre as mulheres rurais e fez contribuições significativas ao empoderamento das pessoas, incentivando-as a participar e se envolver na tomada de decisões que impactam suas vidas.

 “A questão da soberania alimentar — explica — adquire cada vez mais importância, devido ao impacto da mudança do clima no Caribe, que representa mais furacões, mais ondas de calor, mais inundações e mais secas. Devemos nos reconectar com as práticas ancestrais e os conhecimentos dos povos indígenas, que muitas vezes os jovens não conhecem”.  

 “Trabalhamos — conclui — para empoderar os pequenos agricultores. E não podemos desistir; eles são a nossa inspiração no Caribe e no resto das Américas, pois sabemos que sem eles não há alimentos saudáveis”.

Sandra promoveu campanhas de conscientização sobre as mulheres rurais e fez contribuições significativas ao empoderamento das pessoas

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