A agricultura das Américas levanta a bandeira da sustentabilidade na COP-27 e destaca o papel dos produtores e da ciência nas políticas para combater a mudança do clima
Sharm el-Sheik, Egito, 9 de novembro de 2022 (IICA) – Agricultores, pecuaristas e representantes do setor público das Américas destacaram as boas práticas ambientais do setor que garante a segurança alimentar do mundo e reafirmaram o papel fundamental da ciência na formulação de políticas favoráveis à natureza na região, em um evento que pôs a importância da agricultura sustentável no centro da agenda da COP-27.
Reunidos no pavilhão Casa da Agricultura Sustentável das Américas, que o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) instalou na cidade egípcia de Sharm el-Sheik, onde está acontecendo a 27ª Conferência das Partes da Convenção Quadro da ONU sobre Mudança do Clima (COP-27), eles reafirmaram o compromisso da agricultura e da pecuária das Américas com práticas regenerativas para a proteção de solos e outros recursos naturais e com uma produção que avança para reduzir a zero as emissões de carbono.
O evento “Sistemas de produção climaticamente inteligentes: Soluções baseadas na natureza e no protagonismo do agricultor” foi organizado pela Associação Argentina de Produtores em Plantio Direto (AAPRESID), pelo Grupo de Produtores do Sul (GPS) e pela Associação Argentina de Consórcios Regionais de Experimentação Agrícola (AACRIA), entidades icônicas do país por serem grandes redes de produtores agropecuários comprometidas com a inovação, associadas a partir do interesse pelo desenvolvimento dos solos e por sua conservação e que adotaram e promoveram a divulgação de um novo paradigma agrícola baseado no plantio direto.
Participaram como expositores Marcelo Torres, Vice-Presidente de AAPRESID; Bob Lowe, Presidente da Associação Canadense de Pecuaristas (Canadian Cattlemen’s Association); Cecilia Jones, coordenadora da Unidade de Sustentabilidade e Mudança do Clima do Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai; e Eduardo Bastos, CEO de My Carbon, companhia da Minerva Foods.
O moderador do evento, aberto pelo Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, foi Cristian Feldkamp, Diretor Executivo da AACRIA.
Assistiram ao evento representantes de organizações de produtores de Estados Unidos, Brasil, Uruguai e Argentina, entre outros países, o embaixador da Argentina no Egito, Eduardo Varela, e a Presidente da Federação Canadense de Agricultura.
Otero, ao dar as boas-vindas aos participantes, destacou a importância das Américas como o continente que garante alimento para a humanidade e observou que “estamos fazendo contribuições substantivas para o enfrentamento da mudança do clima, e isso temos que mostrar com orgulho e força, reconhecendo que temos sistemas agroalimentares perfectíveis, mas de maneira nenhuma malsucedidos”. Também disse que a COP-27 deve ser “a COP da agricultura” e manifestou seu orgulho “por hospedar “nesta Casa da Agricultura Sustentável das Américas essas discussões sobre o futuro da agricultura, uma atividade fundamental, estratégica, porque somos produtores a favor da natureza, somos uma só voz no continente e temos que fortalecer cada vez mais nosso papel”.
Pela AAPRESID, Marcelo Torres afirmou: “Trabalhamos com estratégias destinadas a manter os solos vivos e suas implicações no uso eficiente da água, na menor dependência de insumos sintéticos e na maximização do sequestro de carbono. A Argentina já é líder no cuidado dos solos, no controle da erosão, no uso de tecnologias e na inovação agrícola. Podemos posicionar-nos como líderes de uma agricultura capaz de adaptar-se e contribuir para a mitigação da mudança do clima”.
“Entendemos os desafios e somos os primeiros a responder, porque temos responsabilidade social. A indústria canadense da carne bovina tem uma grande história de sustentabilidade para compartilhar sobre a conexão entre criação de gado e meio ambiente. Melhoramos nosso nível de participação em conversas sobre o meio ambiente e a mudança do clima e continuaremos compartilhando como somos parte da solução”, disse Lowe.
Cecilia Jones ressaltou o trabalho do Uruguai para converter a ciência em políticas públicas a fim de impactar menos o meio ambiente. “Não é só diminuir emissões. O Uruguai tem políticas fortes e uma produção sustentável. Nossas políticas servem para proteger solos, são políticas baseadas em ciência, levamos a ciência às políticas. São regras simples que servem para dizer ´esta é a forma de produzir´. Trabalhamos com produtores e a academia para ter políticas consistentes”. A funcionária uruguaia citou também os desafios derivados da mudança do clima que impactam a produção.
Eduardo Bastos, por sua vez, enfatizou a importância de, no final do dia, se aproveitar a produção sustentável das Américas. “Podemos fazer mais: oferecer soluções e capturar mais e mais carbono. Podemos fazer o que muitos não podem fazer. Temos a grande oportunidade de traduzir isso no supermercado, com a rastreabilidade da comida. É possível comer carne ou usar couro com zero emissões, e sabemos que somos a grande cesta de alimentos do mundo”, disse Bastos.
O pavilhão Casa da Agricultura Sustentável das Américas, que o IICA instalou na COP-27, é um espaço para a agricultura sustentável e os sistemas agroalimentares das Américas, que mostra o papel fundamental do setor agropecuário para as soluções climáticas e a segurança alimentar mundial, ao mesmo tempo em que busca visibilizar as contribuições de produtores e outros atores do setor na adaptação e mitigação da mudança do clima.
Desde o início da COP-27, altos funcionários das Américas, representantes do setor privado e de organismos internacionais visitaram e participaram de atividades no pavilhão, localizado no Centro de Convenções de Sharm-El-Sheik, epicentro da Cúpula climática global, e que funciona sob o lema “Alimentando o mundo, cuidando o planeta”.
A Casa da Agricultura Sustentável das Américas conta com 26 parceiros estratégicos de diferentes setores, entre os quais o setor produtivo, como o Conselho de Exportadores de Lacticínios dos Estados Unidos (USDEC, sigla em inglês) e Protein Pact; aliados-chave do IICA do âmbito privado na iniciativa Solos Vivos das Américas, como a Bayer, a Syngenta e a Pepsico; além de organizações da indústria da ciência dos cultivos, como a CropLife International.
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