Diretor Geral do IICA leva ao Borlaug Dialogue, encontro de referência global sobre agricultura e alimentação, necessidade de construir uma nova narrativa que ilumine o verdadeiro valor do agro das Américas
Des Moines, Iowa, 31 de outubro de 2024 (IICA) - É necessária uma nova narrativa que deixe atrás visões distorcidas e coloque em primeiro plano o valor estratégico da agricultura das Américas para a segurança alimentar e a sustentabilidade ambiental do planeta, assegurou o Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero, durante o Norman Borlaug International Dialogue 2024.
O encontro, que reúne líderes mundiais e especialistas em desenvolvimento agrícola e políticas públicas em Des Moines, Iowa, é organizado pela Fundação do Prêmio Mundial da Alimentação (WFP, em inglês), sob o legado e a inspiração do cientista Norman Borlaug, criador da chamada Revolução Verde, que multiplicou a produção agrícola e salvou milhões de pessoas da fome.
O IICA é um dos protagonistas destacados nos três dias de diálogos que abordam os temas cruciais do presente e do futuro da segurança alimentar. O evento reúne participantes de mais de 65 países, inclusive muitas das pessoas consideradas mais inovadoras nos esforços por erradicar a fome no mundo.
“Criando uma nova narrativa: sistemas agroalimentares para pessoas saudáveis e um planeta saudável”, foi o título do painel organizado pelo IICA, em que participaram a Secretária de Agricultura e Pecuária de Honduras, Laura Suazo (primeira mulher que ocupa essa posição no país da América Central), a Vice-Presidente do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Gerardine Mukeshimana (ex-Ministra de Agricultura e Recursos Animais da Ruanda) e o Diretor Geral do organismo hemisférico, Manuel Otero. O moderador foi o Subdiretor Geral do IICA, Lloyd Day, e participou também como convidado o assessor especial do IICA e economista Eugenio Díaz Bonilla.
A conversa foi assistida por uma qualificada audiência que está participando no Borlaug Dialogue, que incluiu Víctor Villalobos, ex-Secretário de Agricultura do México e ex-Diretor Geral do IICA.
Vulnerabilidade e mudança climática
Suazo deu a perspectiva desde Honduras, país onde a maioria dos agricultores familiares estão em situação de extrema vulnerabilidade ante a mudança climática. Honduras forma parte do chamado Corredor Seco da América Central, onde recorrentes secas têm deteriorado os recursos naturais e afetado o rendimento agrícola.
A Secretária Suazo deu detalhes sobre os esforços que estão sendo realizados em Honduras com o objetivo de que os pequenos agricultores, que cultivam cada dia os alimentos que estão nas mesas dos hondurenhos, construam resiliência e enraizamento no campo, com políticas públicas de longo prazo que nunca tinham sido implementadas.
Mukeshimana compartilhou a experiência do FIDA, uma das três agências das Nações Unidas para temas de agricultura e alimentação, que tem desenvolvido centos de projetos para o combate contra a fome em zonas rurais dos países em desenvolvimento.
Otero enfatizou que uma série de eventos geopolíticos tem colocado a agricultura no topo da agenda global e isso não pode ser esquivado pelo continente americano, que é o maior exportador de alimentos do mundo e têm a mais valiosa dotação de recursos naturais.
“Para capitalizar nossas oportunidades devemos ter em claro a necessidade de construir uma nova narrativa, que seja superadora do velho relato negativo sobre a agricultura”, explicou Otero.
O relato negativo identifica a agricultura como setor extrativo, gerador de produtos primários e desvinculado do resto da economia. Hoje o IICA já está trabalhando com a Universidade de Columbia, de Nova Iorque, na construção de uma narrativa que mostre a verdadeira cara de um setor de produção de alimentos, fibras e energias para o mundo, que ao mesmo tempo protege a biodiversidade e trabalha para mitigar a mudança climática.
Alguns dos elementos que foram identificados como parte da nova narrativa são que a agricultura forma parte de um ecossistema alimentar mais amplo, que a segurança alimentar significa alimentos saudáveis e nutritivos para todos, sempre, e que a atividade é parte da solução para a crise climática.
“A agricultura também realiza um papel importante na segurança energética, por meio dos biocombustíveis”, assegurou Otero, que sinalizou também que o comércio internacional não deve ser só visto como uma forma de aumentar exportações, mas também como uma ferramenta para o desenvolvimento sustentável e a inclusão social.
“Uma nova narrativa para a agricultura pode mudar mentalidades, estimular a colaboração por meio de uma nova diplomacia e alinhar as boas práticas agrícolas, estendendo a adoção de sistemas sustentáveis que não sejam somente mais produtivos, mas também regenerativos, resilientes ante a mudança climática e socialmente justos”, concluiu.
Díaz-Bonilla, pelo seu lado, lembrou que as Américas são cruciais para a segurança alimentar e a sustentabilidade ambiental do planeta. Indiciou que para poder conciliar essas duas funções é necessário um esforço contínuo no mundo da ciência, tecnologia e inovação.
Mais informação:
Gerência de Comunicação Institucional do IICA.
comunicacion.institucional@iica.int