Especialistas destacam a urgência de fortalecer ecossistemas de inovação para potencializar o desenvolvimento e o uso de soluções digitais no setor agrícola das Américas
São José, 27 de setembro de 2024 (IICA) — Infraestrutura tecnológica, capacitação, transferência de conhecimento, fontes de financiamento e políticas públicas alinhadas aos novos padrões de inovação são cruciais para o fortalecimento de ecossistemas de inovação que estimulem o desenvolvimento e o uso de novas soluções digitais na agricultura das Américas.
Nisso concordaram os especialistas convocados pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) no âmbito da terceira edição da Semana da Agricultura Digital (SAD), onde se aprofundou o papel dos centros de ciência, tecnologia e educação nos ecossistemas de inovação digital.
A SAD visa ser um foro de pensamento estratégico no tema de digitalização agroalimentar e um catalisador da ação coletiva. Ela é organizada, juntamente com o IICA, pelo CAF-Banco de Desenvolvimento da América Latina, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), o Grupo Consultivo para a Pesquisa Agrícola Internacional (CGIAR) e a companhia Bayer.
Participaram do debate sobre os ecossistemas de inovação digital: Jeremías Lachman, economista especializado em inovação no setor agrícola e pesquisador de Pós-Doutorado no Instituto Merit, dos Países Baixos; José Emilio Guerrero, professor titular da Escola Técnica Superior de Engenharia Agronômica e de Montes (ETSIAM) da Universidade de Córdoba, Espanha; Andrea Gardeazábal, Colíder da Iniciativa Global de Inovação do CGIAR; e Guadalupe Tiscornia, pesquisadora em sistemas de informação e transformação digital do Instituto Nacional de Pesquisa Agropecuária (INIA) do Uruguai.
Estratégias e oportunidades
No encontro, os especialistas exploraram estratégias e oportunidades para consolidar ecossistemas de inovação digital que fomentem o desenvolvimento agrícola sustentável nas Américas e concordaram que a transformação digital é fundamental para enfrentar os desafios atuais em segurança alimentar, mudança do clima e competitividade.
“A transformação digital é uma realidade em toda a região. Os ecossistemas digitais devem se adequar ao novo perfil do consumidor. Quanto às políticas públicas, devem girar em torno dos processos de inovação e estar orientadas para a simplicidade e a escalabilidade; precisamos avançar para assegurar o desenvolvimento tecnológico, a incubação, a aceleração de programas de Inteligência artificial e a produção bens públicos”, afirmou Lachman.
“Devemos considerar que o contexto em que trabalhamos é diferente. Tudo está mudando: os espaços geopolíticos são diversos, temos a mudança do clima, a deterioração de recursos naturais, uma nova relação entre o público e o privado, entre o urbano e o rural; é importante se posicionar nesse paradigma. São necessárias novas métricas, e em tempo real”, disse, por sua vez, Guerrero.
Na reunião também foi feito um apelo pelo fortalecimento da cooperação regional para compartilhar conhecimentos e recursos, a fim de acelerar o crescimento da inovação digital em toda a América Latina e o Caribe.
“As parcerias são fundamentais, e este é o momento de fazê-las. Há recursos limitados e precisamos alcançar segurança alimentar, a sustentabilidade, a rentabilidade e a adaptação à mudança do clima. Deve-se fazer pesquisas tecnológicas, pesquisas sociais e de comportamento para localizar inovações de maneira responsável”, observou Gardeazábal.
A especialista citou exemplos práticos que o CGIAR implementou em diferentes partes do mundo para fortalecer ecossistemas de inovação em diversos lugares do mundo.
O diálogo também analisou o papel fundamental que os centros de pesquisa e educação desempenham na construção de um ecossistema digital agrícola robusto e discutiu como esses centros atuam como catalisadores de inovação, desenvolvendo novas tecnologias e formando profissionais capacitados para liderar a transformação digital em suas comunidades.
Guadalupe Tiscornia, do INIA Uruguai, falou sobre o trabalho conjunto que os institutos de pesquisa e inovação agropecuária da América do Sul vêm realizando para potencializar seu papel e posicionamento no ecossistema de inovação em diversas instâncias.
“Procuramos nos unir e participar de projetos maiores, com linhas de ação comuns quanto à capacitação em temas de agtech, implementação de espaços de demonstração de soluções digitais para o Agro, apoio e assessoramento a empreendedores e verificação e validação de soluções”, disse Tiscornia.
“A ideia é continuar trabalhando de maneira colaborativa, pensando em um ecossistema mais regional e não individual dos países, juntamente com atores internacionais. Pretendemos nos consolidar como um ator fundamental”, concluiu.
Mais informação:
Federico Bert, Gerente do Programa de Digitalização Agroalimentar do IICA.
federico.bert@iica.int