Na COP29, a biotecnologia mostrou como revoluciona a forma de produzir alimentos nas Américas em harmonia com a natureza
Baku, Azerbaijão, 21 de novembro de 2024 (IICA) — As inovações em biotecnologia estão mudando de forma revolucionária a maneira como as Américas abordam o duplo desafio de produzir alimentos para o mundo e preservar os recursos naturais.
A Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP29) foi testemunha dessa realidade, graças a um evento realizado no pavilhão instalado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) em Baku, Azerbaijão, juntamente com seus parceiros do setor privado e público.
A conversa foi liderada pela BIO (Biotechnology Inovation Organization), a entidade mais importante do mundo que representa a indústria biotecnológica, fundada em 1993 nos Estados Unidos.
Participaram: Eduardo Leão, Presidente e CEO da Croplife Brasil; Tamara Muruetagoiena, Vice-Presidente de Sustentabilidade da Associação Internacional de Produtos Frescos; e Jamaica Gayle, Diretora Sênior de Sustentabilidade e Assuntos Ambientais da Corn Refiners Association.
O debate foi moderado por Rose Bartuto, Assessora Sênior de Política da Farm Journal Foundation. Lloyd Day, Diretor Geral Adjunto do IICA, pronunciou o discurso de abertura.
Favorecer a segurança alimentar
O evento mostrou, no maior foro ambiental do mundo, como a biotecnologia está criando sinergias ao longo das cadeias de valor para favorecer a segurança alimentar.
Por meio de matérias-primas melhoradas, redução do uso de insumos e emprego de sementes resistentes, as soluções biotecnológicas estão mostrando a sua capacidade, segundo os resultados que apresentados na Casa da Agricultura Sustentável das Américas, nome do pavilhão do IICA desde a sua primeira presença no foro climático, há dois anos, na COP27, no Egito.
Ainda assim, o evento também mostrou que o progresso não tem a velocidade que poderia ter com políticas públicas mais adequadas para incentivar a pesquisa, o desenvolvimento e a distribuição das tecnologias.
Barbuto destacou o papel do IICA, bem como o da BIO, para gerar as condições para que o evento ocorresse no âmbito em que os países discutem o futuro dos modos de produção e consumo.
Eduardo Leão explicou que a Croplife Brasil faz parte de uma organização mundial cuja missão é apoiar a inovação em agricultura. Contou que representa organizações tecnológicas, com o objetivo de buscar sinergias que permitam, por exemplo, reduzir o uso de agroquímicos.
“Não temos mais espaço para uma só solução para situações complexas. Precisamos de diferentes soluções que considerem as diferentes circunstâncias produtivas, sociais e ambientais das regiões e dos países”, disse Leão.
O executivo revelou que, nos mais importantes cultivos no Brasil, o uso de biotecnologia é de pelo menos 97%, chegando a 99% no caso do algodão.
“Os benefícios econômicos da biotecnologia foram enormes. Nos últimos anos, obteve-se um aumento da produção agrícola estimado em 30 bilhões de dólares. E quando se olha para os impactos ambientais, também há ótimas notícias: foi evitada a emissão de 70 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente nos últimos 25 anos. Sem biotecnologia, precisaríamos ocupar 21 milhões de hectares a mais para produzir o que produzimos hoje. Além disso, diminuímos o uso de combustíveis, o consumo de água e a aplicação de pesticidas”, revelou.
Leão contou que a Croplife Brasil tem um vínculo estreito com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agrícola (EMBRAPA), o que permitiu desenvolver novos produtos biotecnológicos com grande sucesso.
Jamaica Gayle afirmou que a indústria do milho dos Estados Unidos experimentou um grande crescimento nos últimos anos e desenvolveu múltiplos usos. “Até alguns anos, o milho era só para alimento humano e consumo animal. Hoje estamos focados na bioeconomia e desenvolvemos muitos materiais, por exemplo, antibióticos e cosméticos”, disse.
“A biotecnologia e a inovação permitem produzir muito mais com muito menos. Os agricultores fizeram grandes avanços”, afirmou.
Tamara Muruetagoiena, Vice-Presidente de Sustentabilidade da Associação Internacional de Produtos Frescos, revelou que sua indústria é parte da solução à mudança do clima. “Com a produção e o consumo de vegetais, a pegada ambiental diminuiu. Também produzimos flores, que deixam as pessoas felizes. Isso é simples, mas poderoso”, concluiu.
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