O setor agropecuário das Américas brilhou na COP29, onde demonstrou para o mundo que é essencial para a segurança alimentar e ambiental
Baku, Azerbaijão, 22 de novembro de 2024 (IICA) — O setor agropecuário das Américas se fez ouvir com uma participação notável na COP29, mostrando o seu papel essencial para a segurança alimentar e ambiental global, e deixou claro que os agricultores são vítimas, e não os responsáveis pelas variações abruptas do clima e fenômenos meteorológicos cada vez mais intensos e recorrentes, como secas e inundações.
Assim, no cenário internacional mais relevante para a negociação política e técnica sobre o futuro das formas de produção e de consumo no mundo, os agricultores das Américas tiveram uma voz influente e despertaram grande interesse, a partir das soluções baseadas em ciência e inovação para a crise climática que estão implementando nas áreas rurais.
O pavilhão que o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) instalou com seus parceiros do setor privado e público no estádio olímpico da cidade de Baku foi um espaço em que produtores e representantes de governos e organizações do setor agrícola do continente demonstraram que a agricultura é parte da solução aos desafios ambientais enfrentados pelo planeta.
Houve mais de 50 conferências que fizeram as vozes da agricultura ser ouvidas em um âmbito fundamental para a agenda pública internacional, do qual até pouco tempo estava ausente.
Foi a terceira vez consecutiva que o IICA e seus parceiros estiveram na COP — já haviam marcado presença com pavilhão próprio na COP27, do Egito, e na COP28, nos Emirados Árabes Unidos —, o que demonstra o compromisso do setor agropecuário com a sustentabilidade e com a resiliência da produção, que hoje se vê afetada no continente e no mundo por eventos climáticos cada vez mais extremos e frequentes.
A Casa da Agricultura Sustentável das Américas foi o nome dado ao pavilhão, que atraiu a atenção do mundo. A Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima reuniu 65.000 pessoas de quase 200 países na capital do Azerbaijão.
Financiamento e tecnologias
“A transformação do setor agropecuário da nossa região já está em andamento, e a estamos fazendo o mais rápido possível. Mas precisamos que os nossos agricultores tenham melhor acesso a financiamentos e novas tecnologias para que o processo ganhe ainda mais velocidade”, alertou o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, em um dos eventos oficiais da COP.
O professor Rattan Lal, considerado a maior autoridade mundial em ciências do solo, foi uma das presenças de destaque em Baku, onde afirmou que os agricultores devem ser pagos pelo sequestro de carbono, tarefa que contribui para a conservação dos ecossistemas do planeta. “Os agricultores são os principais atores da produção e cuidado ambiental, assim, devem ser promovidas políticas públicas que os recompensem”, disse Lal, que é Embaixador da Boa Vontade do IICA.
Outra figura que gerou expectativas foi o Prêmio Nobel de Economia Michael Kremer, que uniu sua voz às dos agricultores no pavilhão do IICA na COP29 para mostrar inovações agrícolas que promovem a adaptação e a mitigação da mudança do clima.
Também participaram os ministros de pecuária e agricultura do Uruguai, Fernando Mattos; de Belize, José Abelardo Mai; e de Dominica, Roland Royer. Mattos advertiu que as dimensões econômica e social da agricultura são tão importantes quanto a ambiental, e relatou que há agricultores na região abandonando as zonas rurais, devido a produção ser vítima da variabilidade climática, o que tem graves repercussões nos países.
Os ministros de Belize e Dominica contaram como a maior frequência e intensidade de furacões e tormentas impacta os sistemas agroalimentares do Caribe e reivindicaram que os países desenvolvidos cumpram seus compromissos de financiamento.
Fundo financeiro
Justamente com o objetivo de mobilizar recursos financeiros para fortalecer a resiliência e a sustentabilidade da agricultura do continente, o IICA lançou em Baku o Fundo Hemisférico para a Resiliência e a Sustentabilidade da Agricultura (FoHRSA), um mecanismo pioneiro para administrar e executar recursos com o propósito de melhorar as capacidades institucionais, técnicas e administrativas.
Os parceiros do setor privado também foram protagonistas na Casa da Agricultura Sustentável das Américas, onde exibiram o desenvolvimento de novas práticas para cuidar dos recursos naturais, que estão aumentando a produtividade, apesar das condições mais adversas impostas pelo clima. Eles também deram detalhes sobre o papel que os sistemas agroalimentares desempenham na vida social e econômica dos países.
Os principais atores da cadeia de valor da produção animal dos Estados Unidos, congregados no Protein Pact, participaram de diversos painéis e prestaram contas de sua tarefa, comprometida com o bem-estar das pessoas e dos animais e a ação climática.
Também participaram dos debates sobre o presente e o futuro dos sistemas agroalimentares: a CropLife Internacional, o Conselho de Exportadores de Laticínios dos Estados Unidos (USDEC), a companhia de ciência e inovação agrícola Bayer e a empresa alimentar BRF/Marfrig.
A companhia Carbon Asset Solutions, líder global em soluções climáticas para a agricultura; o Conselho de Exportadores de Soja dos Estados Unidos (USSEC); o Conselho de Grãos dos Estados Unidos; as companhias Elanco, JBS, PepsiCo, Inspiratus Technologies e BIO; e a Organização dos Estados Americanos (OEA) foram outros atores que detalharam as suas tarefas e apresentaram a sua visão sobre a relação entre a produção agroalimentar e o cuidado com o ambiente.
Uma enorme gama de temas que abordaram múltiplos aspectos da relação entre sistemas agroalimentares e conservação do ambiente chegaram à COP29 graças aos esforços do IICA e de seus parceiros.
A adaptação dos sistemas agroalimentares por meio de soluções baseadas na natureza, os biocombustíveis como solução à transição energética, o impacto da crise climática nas nações do Caribe, a Cooperação Sul-Sul para acelerar as transformações e os caminhos para fechar os hiatos financeiros foram algumas das questões debatidas em profundidade.
Também houve eventos sobre o papel da bioeconomia no desenvolvimento sustentável da América Latina e do Caribe, a importância da economia circular, a pecuária sustentável e a redução de emissões de gases de efeito estufa por meio de melhorias na saúde animal.
A Casa da Agricultura Sustentável das Américas em Baku permitiu que a voz do setor estivesse na negociação ambiental e pavimentou o caminho para 2025, quando ocorrerá a COP30 em Belém do Pará, Brasil, que representará outra grande oportunidade para que os sistemas agroalimentares do continente mostrem seu potencial como uma solução aos desafios enfrentados pela humanidade.
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