Os desafios da quinoa, o grande alimento andino, revisados pela prestigiada revista Global Food Security
La Paz, 4 de março de 2021 (IICA). A prestigiada revista Global Food Security publicou o artigo científico “Expansão global da quinoa e desafios para a região andina”, em que analisou os principais motivadores da crescente produção de quinoa, suas implicações e os desafios enfrentados pelos agricultores que a produzem.
Um dos autores do artigo é Bruno Condori, perito da Representação do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) na Bolívia e Engenheiro Agrônomo da Universidade Mayor de San Andrés, que desenvolveu importantes trabalhos como cientista internacional no Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), no CGIAR — Centro Internacional da Batata (CIP), bem como na África e na Ásia.
A Global Food Security, uma revista reconhecida internacionalmente, publica artigos científicos relacionados à agricultura, à nutrição e ao meio ambiente relevantes para a segurança alimentar e a nutrição.
“Os grãos de quinoa (de 1,5 a 4 mm de diâmetro, segundo a variedade), introduzidos como sementes na África, na América do Norte, na Europa e na Ásia no século XX” são considerados como um aliado para “a segurança alimentar pelas Nações Unidas, devido à sua alta capacidade de resiliência e qualidade nutricional” informa o artigo.
Dados da publicação indicam que o Peru, a Bolívia e o Equador registram as maiores áreas de cultivo de quinoa, chegando a cobrir 76% das exportações mundiais, em contraposição aos 16% alcançados por outros 120 países em que o grão andino está presente.
A quinoa (Chenopodium quinoa, Wild.) é um cultivo domesticado pelos moradores andinos e fundamental nos sistemas de produção do Alto Andino, onde se originou junto com outros cultivos, como a batata. No entanto, pode ser produzida em diversas condições agroecológicas, como costas, vales e altiplanos.
O cultivo se adapta a diferentes condições climáticas e apresenta alta tolerância às geadas, à seca e à salinidade do solo. Essa adaptação a condições extremas oferece uma alternativa única para contribuir para a resiliência dos sistemas agroalimentares dos países andinos e de outros que estão iniciando a sua produção.
A quinoa e seu valor nutricional
O alto valor nutricional do grão andino faz com que seja consumido como cereal, devido ao equilíbrio ideal de aminoácidos essenciais, ácidos graxos, micronutrientes, vitaminas e antioxidantes, em muitos casos superior ao dos cereais típicos. Além disso, não contém glúten, e é considerado uma alternativa para dietas especiais na indústria alimentar.
Em 2014, o preço de exportação da quinoa atingiu seu pico, tendo registrado uma queda quatro anos depois, oscilação que provocou mudanças socioeconômicas e produtivas nos agricultores dos países andinos, como a viabilização de grandes áreas de cultivo, a intensificação da produção e a redução de variedades, elementos que podem ser contraproducentes, se os sistemas de pesquisa, de inovação e de sustentabilidade local não forem fortalecidos.
Leia o artigo completo aqui: http://bit.ly/3qz0AWz, produzido por G. Alandia, J.P. Rodríguez, S.E. Jacobsen, D. Basile y B. Condori (2020).
Mais informação:
Bruno Condori, consultor do IICA, Bolívia.
bruno.condori.consultor@iica.int