A produção animal sustentável tem futuro, o qual está ligado à ciência e à inovação, afirmam o Diretor Geral do IICA e outros atores-chave do setor no Borlaug Dialogue
Des Moines, Iowa, 31 de outubro de 2024 (IICA) – A produção animal tem futuro como ferramenta-chave para a segurança alimentar e a conservação ambiental, e este futuro está ligado à ciência e a inovação.
No Norman Borlaug International Dialogue 2024, o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) teve participação por meio de seu Diretor Geral, Manuel Otero, em um painel sobre inovação e tendências futuras na produção animal sustentável, que uniu vozes da produção, da pesquisa e da sociedade civil.
Esse encontro de alto nível, que é referência global nos temas de agricultura e alimentação, reúne líderes mundiais e peritos renomados em desenvolvimento agrícola, políticas públicas, boas práticas e nutrição. É organizado pela Fundação World Food Prize (WFP) em Des Moines, Iowa.
Na conversa, ficou claro que a produção animal é e continuará sendo parte importante dos sistemas agroalimentares e que os produtores estão avançando na sustentabilidade e na responsabilidade de sua produção – no difícil contexto da crise climática – embora haja ainda muito trabalho pela frente.
Os formuladores de políticas públicas devem desempenhar um papel ativo para fornecer ferramentas inovadoras e fixar objetivos razoáveis aos atores em termos de produtividade e sustentabilidade – esta foi uma das conclusões. Deve-se assegurar que as novas tecnologias sejam acessíveis a todos, especialmente aos pequenos produtores.
O passado e o futuro
O Borlaug Dialogue se inspira na visão do cientista Norman Borlaug, criador da chamada Revolução Verde, e se propõe a discutir os temas cruciais da agricultura integrando a sabedoria da experiência, a inovação de hoje e as necessidades mais urgentes do futuro.
Surita Sandoshan, CEO da Heifer International, organização que trabalha com os agricultores familiares para melhorar sua segurança alimentar e sua renda; Appolinaire Djikeng, Diretor Sênior de Sistemas Baseados em Pecuária do CGIAR e Diretor Geral do Instituto Internacional de Pesquisa em Pecuária (ILRI), centro de pesquisa que trabalha em países em desenvolvimento; e Judith de Vor, produtora de lacticínios dos Países Baixos e membro da Rede Global de Agricultores (GFN), participaram com Manuel Otero do painel sobre produção animal.
“A ciência e a inovação desempenham um papel insubstituível no presente e no futuro da produção animal, tendo os produtores como protagonistas de um novo tempo e de mais parcerias público-privadas”, disse o Diretor Geral do IICA, que liderou a conversa com a dupla função de painelista e propositor de temas para deflagrar as intervenções dos demais participantes.
“A produção animal está, sem dúvida, em um processo de transição para se transformar em um setor mais regenerativo, com base no conceito da economia circular, e mais integrado com as florestas e a produção agrícola”, acrescentou.
Otero revelou que a América Latina e o Caribe constituem a principal região fornecedora de proteína animal ao mundo, líder que é na produção de carnes vermelhas, carnes brancas e leite. Neste sentido, informou que na região há mais de 400 milhões de cabeças de gado e mais de 3,3 milhões de produtores pecuários, especialmente pequenos e médios.
“Representamos 26% da produção mundial e 28% das exportações, com o que desempenhamos um papel fundamental na segurança alimentar e nutricional do planeta”, afirmou.
O futuro da produção animal passa por maior eficiência, redução do rastro de carbono e do rastro hídrico da produção e maior atenção no bem-estar animal, explicou Otero.
A conversa versou sobre as realidades das distintas regiões, e De Vor apresentou uma visão sob a ótica da Europa, Djikeng contou a experiência da África e Surita focou na Ásia.
Surita, nascida em Singapura e com mais de 20 anos de experiência em organizações da sociedade civil, falou da importância da construção de parcerias e da promoção da ação coletiva para melhorar a qualidade de vida dos agricultores familiares e de outros setores vulneráveis.
“Na Heifer International, dedicamo-nos a promover a relação entre os agricultores de poucos recursos e o setor privado, a fim de facilitar o acesso de produtores a maquinarias e tecnologias que melhorem a produtividade e a renda”, disse Surita, que relatou casos positivos do continente asiático.
Djikeng relatou o trabalho do ILRI – organização com escritórios em Nairóbi no Quênia e Adis Abeba na Etiópia – para que as novas tecnologias sejam economicamente acessíveis e culturalmente apropriadas para os pequenos agricultores da África e do Sudeste Asiático. Neste sentido, disse que a produção animal é de extrema importância econômica e social nos países em desenvolvimento.
Djikeng contou que a produtividade da pecuária nas comunidades rurais da África é extremamente baixa e que outras dificuldades – como a falta de acesso a mercados – afetam severamente a segurança alimentar dos habitantes do campo.
De Vor narrou experiências distintas da atividade em um país desenvolvido, pois já criou uma granja familiar produtora de leite perto da cidade de Utrecht, nos Países Baixos, e hoje toca, com seu esposo, uma granja educativa com 120 vacas. “Para nós, as vacas não são números; cada uma tem um nome”, revelou.
De Vor explicou que a saúde do solo e o cuidado da biodiversidade são princípios inegociáveis em sua granja, na qual também se presta atenção ao bem-estar animal e se produz a energia elétrica que se consome.
Seu estabelecimento recebe permanentemente grupos escolares e famílias, com o objetivo de mostrar a verdadeira realidade da atividade agropecuária e promover o interesse pela produção.
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