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O IICA rumo à COP27

Rattan Lal, Enviado Especial do IICA para a COP27: “Precisa-se de vontade política para traduzir ciência em ações, em políticas que sejam pró-agricultura, pró-agricultores e pró-natureza”

Rattan Lal es el director del Centro de Manejo y Secuestro de Carbono (C-MASC) de la Universidad Estatal de Ohio y Embajador de Buena Voluntad del IICA, posición desde la cual liderará, junto al Director General del IICA, Manuel Otero, la búsqueda de diálogo y consenso que los países de las Américas llevarán a cabo en la ruta hacia la COP27.
Rattan Lal es el director del Centro de Manejo y Secuestro de Carbono (C-MASC) de la Universidad Estatal de Ohio y Embajador de Buena Voluntad del IICA, posición desde la cual liderará, junto al Director General del IICA, Manuel Otero, la búsqueda de diálogo y consenso que los países de las Américas llevarán a cabo en la ruta hacia la COP27.

São José, 29 de agosto de 2022 (IICA). Rattan Lal, o cientista considerado a maior autoridade mundial em ciências do solo e Prêmio Mundial da Alimentação de 2020, clamou as autoridades agrícolas e ambientais das Américas e do restante do mundo para trabalhar de modo que a agricultura seja reconhecida como uma profissão respeitável e vital para a segurança alimentar e nutricional do planeta, “e que os agricultores tenham acesso a tecnologias inovadoras, com crédito e serviços de boa qualidade para transferir o conhecimento existente e transformá-lo em ação”.

Lal é Diretor do Centro de Gestão e Sequestro de Carbono (C-MASC) da Universidade do Estado de Ohio e Embaixador da Boa Vontade do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), posição pela qual liderará, com o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, a busca pelo diálogo e consenso que os países das Américas farão a caminho da Conferência das Partes (COP27) da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (CMUNCC), que acontecerá em novembro, no Egito.

Em uma entrevista para o IICA, Lal enfatizou que é necessária uma vontade política no mais alto nível para acelerar a transformação dos sistemas agroalimentares mundiais, um processo baseado na ciência e no qual os agricultores sejam considerados peças centrais e que o setor agrícola seja entendido como parte fundamental das soluções para enfrentar a mudança do clima.

“A ciência está disponível. Sim, precisamos de mais ciência, mas o que já está disponível não está se refletindo em ação. Precisa-se de vontade política para traduzir ciência em ações, em políticas que sejam pró-agricultura, pró-agricultores e pró-natureza”, afirmou quem foi considerado por seus colegas em 2021 como o cientista mais produtivo e influente da agricultura e da agronomia mundiais.

O processo de diálogo e consenso entre as nações americanas antes da COP27 será protagonizado pelos ministros e secretários de Agricultura dos países e facilitado pelo IICA, organizador de um encontro entre essas autoridades marcado para 22 e 23 de setembro, na Costa Rica.

O momento para gerar consenso hemisférico nesse tema é chave, pois se estima que, na COP27, em novembro, a agricultura terá um papel preponderante devido à sua importância para garantir a segurança alimentar, em um planeta cuja população é cada vez maior e que deve descobrir como produzir de maneiras mais sustentáveis, resilientes, inclusivas e eficientes.

A Conferência das Partes ou COP é a reunião anual dos países signatários da CQNUMC, quase todas as nações do mundo, na qual apresentam suas posições e avanços para controlar as emissões de gases de efeito estufa e assim reduzir os efeitos negativos das ações humanas sobre o clima.

O IICA, exercendo seu papel promotor de ação coletiva dos países, teve um papel central para facilitar, no ano passado, o consenso das Américas na Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU, realizada em setembro, em Nova York, foro ao qual o continente chegou como a única região com uma posição convergente, colocando em primeiro plano a agricultura e os agricultores, que garantem a segurança alimentar e nutricional do planeta.

O poder “divino” do solo

Rattan Lal coordena, juntamente com o IICA, a iniciativa Solos Vivos das Américas, até o momento implementada no Brasil, no Canadá, na Colômbia, no Chile, em El Salvador, no Paraguai e no Uruguai, com apoio da Bayer, Syngenta e PepsiCo.

Por que falar de solos no âmbito da redução de emissões? Lal explicou claramente: “Um exemplo é que a terra tem solo, e deve ser tratada como uma conta bancária. Não podemos tirar e tirar, sem colocar nada. Aplica-se a lei do retorno: o que tiramos do solo, deve ser reincorporado. Caso contrário, esgotamos os solos. Nos solos da África, do Caribe e de alguns países da América Latina, dos Andes; ou da Índia ou do Sudeste Asiático, os solos foram esgotados porque tiramos mais do que colocamos”.

“Aqui, a chave é a educação, e é onde os agricultores precisam de ajuda (…). Se os agricultores sofrem, se estão desesperados, na miséria, transmitem esse sofrimento para a terra, o solo. E o solo devolve com baixo rendimento, alimentos de má qualidade, comida contaminada, e isso afeta a saúde das pessoas. Devemos fazer com que as pessoas entendam que a saúde das plantas, dos solos, dos animais, das pessoas, do ambiente e do planeta é única e indivisível. Essa continuidade, essa conectividade, deve ser respeitada. É nisso que devemos trabalhar com os formuladores de políticas, os agricultores e o setor privado, para que estejamos todos juntos”, afirmou.

Para Lal, o solo é de máxima importância global. “É uma entidade viva. Se o solo morre, não pode produzir. O solo morto é somente pó. Um solo vivo é o único lugar do universo onde as raízes se entrelaçam e que tem o poder divino, se assim posso dizer (…) de fazer ressurgir algo morto e dar-lhe vida novamente”.

Sua visão é holística. “Se o solo é uma entidade viva, ele tem direitos? Como outros seres vivos? Em minha opinião, sim. Ter a posse do solo não significa que podemos fazer com o que quisermos com ele. Despejar produtos químicos, inundá-los como quisermos, ará-los de qualquer maneira e quando quisermos. Não. Há vida nesse solo e devemos respeitá-la”, expressou o cientista.

No caminho para a COP27, esse Embaixador da Boa Vontade e Cátedra IICA em Ciências do Solo destacou que a agricultura tropical das Américas pode ser um exemplo para o mundo sobre como a ciência é fundamental para produzir com sustentabilidade. Comparou o Cerrado brasileiro (grande ecossistema parecido com a savana e localizado no coração do país) com as oportunidades que vê para a agricultura africana.

“Eu vi a zona do Cerrado em 1975, e não era diferente do que a África é hoje. Veja o que aconteceu com a educação, com o investimento em agricultura, com a respeitabilidade da profissão de agricultor. Obviamente, é necessário fazer mais, mas atualmente a agricultura no Cerrado é melhor do que nos Estados Unidos. Com 25 anos, ele se transformou no principal exportador de alimentos. A África tem o mesmo potencial”, comentou.

Quem é?

Nome: Rattan Lal.

Diretor do Centro de Gestão e Sequestro de Carbono (C-MASC) da Universidade do Estado de Ohio, membro da Junta para o Desenvolvimento Internacional da Alimentação e da Agricultura (BIFAD), assessor da USAID em temas agrícolas e de educação superior relacionados à insegurança alimentar em países em desenvolvimento.

Prêmio Mundial da Alimentação de 2020 e colaureado com o Prêmio Nobel da Paz em 2007, como parte do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC).

Embaixador da Boa Vontade e Cátedra em Ciências do Solo do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).

Reconhecido em 2021 como o cientista mais produtivo e influente da agricultura e agronomia mundiais, de acordo com um estudo elaborado por pesquisadores da Universidade de Stanford publicado pela revista PLOS Biology.

Entrevista completa nesse link.

Mais informação:

Gerência de Comunicação Institucional do IICA.

comunicacion.institucional@iica.int