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Universidade de Colúmbia e o IICA, juntamente com referências internacionais e o Presidente da Guiana, constroem narrativa para explicar para o mundo o papel estratégico da agricultura da América Latina

 

Primera
Jeffrey Shaman, Decano Interino da Escola de Clima de Colúmbia; Mohammed Irfaan Ali, Presidente da República Cooperativa da Guiana; e Manuel Otero, Diretor Geral do IICA.

 

Nova York, 30 de setembro de 2024 (IICA) – A Universidade de Colúmbia e o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) deram um primeiro passo conjunto para elaborar uma nova narrativa que destaque o valor e explique para o mundo a importância estratégica da agricultura da América Latina para os próximos 30 anos, em um contexto de desafios globais cada vez maiores.

Um seleto grupo de especialistas altamente qualificados dos setores público, privado e acadêmico convocados pelas duas instituições em Nova York, discutiram a elaboração de um roteiro que inclua as dimensões da segurança alimentar e nutricional, a sustentabilidade ambiental e a segurança energética.

O objetivo do trabalho é fortalecer os sistemas agroalimentares da região como fornecedores de soluções em um cenário mundial de crescimento populacional, conflitos políticos e crise climática. O debate ocorreu no Foro da Universidade de Colúmbia, palco de eventos que costumam marcar a agenda do debate público no âmbito internacional.

Participaram o Presidente da República Cooperativa da Guiana, Mohammed Irfaam Ali; o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero; Jeffrey Shaman, Decano Interino da Escola de Clima de Colúmbia, uma faculdade multidisciplinar de pesquisa sobre a crise climática; e Cynthia Rosenzweig, Cientista Pesquisadora Principal do Instituto Goddard de Estudos Espaciais (GISS) da NASA e Pesquisadora Científica Adjunta do Centro de Pesquisa de Sistemas Climáticos (CCSR) da Escola do Clima de Colúmbia.

Também foram protagonistas da discussão: Ismahane Elouafi, Diretora Executiva do CGIAR; Paulo Pianez Junior, Diretor de Sustentabilidade e Comunicação da brasileira Marfrig; Rubén Echeverría, Assessor Sênior em Desenvolvimento Agrícola da Fundação Bill & Melinda Gates; David Milestone, Diretor Gerente para as Américas do Instituto Tony Blair para a Mudança Global, João Francisco Adrien Fernandes, Chefe no Banco Itaú da Estratégia ESG, com foco nos desafios sociais, ambientais e climáticos; Marcelo Brito, Presidente da Fundação Dom Cabral e Diretor Executivo do Consórcio da Iniciativa Amazônica; e os pesquisadores da Universidade de Colúmbia, Walter Baethgen e Glenn Denning.

O debate foi coordenado por Izabella Teixeira, ex-Ministra de Meio Ambiente do Brasil e Assessora Especial do IICA para o G20 e COP 29 e 30.

A iniciativa reflete a preocupação da Universidade de Colúmbia e do IICA para consolidar uma visão real da posição da América Latina como fornecedora mundial de alimentos e serviços ecossistêmicos, por seu vasto patrimônio de recursos naturais e sua estrutura institucional de promoção de inovação e novas tecnologias.

A abordagem da interação entre agricultura, mudança do clima e perda de biodiversidade, assim como está gerando novas políticas públicas no mundo, também requer uma nova narrativa que favoreça o uso mais eficiente dos recursos, a diminuição das emissões de gases de efeito estufa, maior resiliência e maior produtividade.

O título da jornada foi “Criando uma nova narrativa para a agricultura na América Latina — Sistemas agroalimentares eficientes no uso dos recursos para a saúde das pessoas e do planeta”, a qual ocorreu paralelamente à realização da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, e da Semana do Clima.

Foi uma discussão fértil em que se definiram as diretrizes de um primeiro documento que refletirá a parceria entre a Universidade de Colúmbia e o IICA para iluminar a verdadeira contribuição do setor agrícola da região à segurança alimentar e ao equilíbrio ambiental e à estabilidade social global.

Nesse sentido, o Presidente Irfaan Ali propôs que as visões da agricultura tradicional devem ser superadas e deve-se ressaltar no vínculo entre produção e preservação da biodiversidade, em uma nova narrativa que inclua os jovens e as mulheres como atores fundamentais de um setor que contribui para o bem-estar das pessoas e o desenvolvimento econômico dos países.

Manuel Otero concordou com esse ponto de vista e considerou que “hoje sobrevive uma velha narrativa que não reflete a realidade vivida nas zonas rurais da América Latina e que se caracteriza por mostrar uma agricultura de commodities, extrativa, muito primarizada, em que o quantitativo é mais importante do que o qualitativo”.

O Diretor Geral do IICA se referiu também “à importância de conectar os produtores com os consumidores, em uma visão deve superar os limites tradicionais da agricultura e se direcionar ao conjunto da sociedade”.

A construção do roteiro da nova narrativa inclui a interação com governos, indústria e sociedade civil nos foros globais mais importantes de discussão política e ambiental.

A primeira escala será em novembro, com a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP29), a qual será realizada no Azerbaijão, onde o IICA estará presente com um pavilhão para mostrar a realidade da agricultura do continente. E haverá um marco fundamental no próximo ano, quando o Brasil será palco da COP30.

 

Segunda
A iniciativa reflete a preocupação da Universidade de Colúmbia e do IICA para consolidar uma visão real da posição da América Latina como fornecedora mundial de alimentos e serviços ecossistêmicos, por seu vasto patrimônio de recursos naturais e sua estrutura institucional de promoção de inovação e novas tecnologias.

Mudança do clima e barreiras comerciais

“Estamos colocando em andamento um diálogo para identificar o que temos em comum nos países latino-americanos e os desafios que enfrentamos, levando em consideração duas questões importantes. Em primeiro lugar, já estamos vivendo uma crise climática e uma crise da natureza, que se faz evidente com secas e inundações prolongadas. Além disso, há um processo crescente de surgimento de barreiras não aduaneiras no comércio internacional relacionadas ao tema ambiental”, disse Teixeira.

A Assessora Especial do IICA considerou que a nova narrativa também deve mirar oferecer conhecimentos às pessoas para que saiam do antagonismo entre produção e ambiente. Deve-se colocar em primeiro plano o papel insubstituível da agricultura da América Latina em um contexto de instabilidade internacional, de enfraquecimento das normas comerciais multilaterais e de debate sobre o uso da terra, o desmatamento, a captura de carbono e a restauração dos ecossistemas.

O pesquisador da Universidade de Colúmbia Walter Baethgen destacou o tamanho do desafio. “Quando construímos uma nova narrativa a pergunta é: para quem falamos? Qual é a realidade sobre o conhecimento das nossas sociedades cada vez mais urbanas sobre o que é a agricultura? O desafio é muito grande, pois sabemos que a população, inclusive em países que são grandes produtores agropecuários, carece de consciência sobre a importância disso. O desafio é enorme. É necessário construir a nova narrativa e entregá-la”, indicou.

Os participantes concordaram que a ciência e a inovação devem desempenhar um papel primordial perante as novas exigências do comércio e dos consumidores, quanto a alimentos saudáveis.

A questão da saúde, o desafio dos novos hábitos alimentares, os novos estilos de vida, as exigências sanitárias e outras pressões que surgem como resultado dos movimentos migratórios associados à mudança do clima e aos conflitos armados também são temas que não devem ser distorcidos.

 

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