Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura

Competitividade Mudança climática

A África e as Américas devem promover uma agenda conjunta que reconheça sua importância para a segurança alimentar global, afirma o cientista Joachim von Braun

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Von Braun ressaltou que é imprescindível que os países das duas regiões aumentem seus investimentos em pesquisa, considerando que a ciência e a tecnologia são a chave para alcançar uma agricultura mais produtiva e mais resiliente, ao mesmo tempo em que os recursos naturais são protegidos.

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São José, 28 de julho de 2022 (IICA) — A África e as Américas devem ter um claro entendimento do papel que os dois continentes podem desempenhar para sustentar a segurança alimentar e ambiental do mundo, devendo se unir e elaborar uma visão conjunta sobre a transformação dos sistemas agroalimentares como o único caminho para que o Sul do planeta seja considerado pelos países desenvolvidos em proporção ao seu potencial, a seus desafios e ao tamanho de sua população.

Assim disse o cientista Joachim von Braun, Diretor do Centro para a Pesquisa em Desenvolvimento e Professor de Economia e Mudança Tecnológica da Universidade de Bonn e um dos conferencistas de destaque da Cúpula Ministerial África-Américas sobre Sistemas Agroalimentares, realizada em São José, Costa Rica.

Von Braun destacou que, entre as principais linhas de ação dos dois continentes, devem figurar esforços para estabelecer uma agenda que reflita os seus interesses, a troca de conhecimentos e experiências em termos de ciência e inovação, a união para a promoção de um comércio internacional de alimentos confiável e o uso responsável dos recursos naturais, com ênfase na proteção das florestas da Amazônia e do Congo.

“Precisamos mudar a forma como vemos o mundo. A África e as Américas podem se complementar e têm muito a aprender um do outro. O desafio é que estamos lidando com uma crise multidimensional, e transformar os sistemas agroalimentares no meio de uma crise é um trabalho árduo”, afirmou von Braun, que, em 2021, liderou o grupo de cientistas que congregou cerca de 50 peritos na Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU.

Participam da Cúpula Ministerial África-Américas sobre Sistemas Agroalimentares ministros, vice-ministros e altos funcionários da Agricultura, Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia de cerca de 40 países, com o objetivo de estreitar a cooperação birregional para enfrentar os desafios à segurança alimentar global e fortalecer o papel de ambos os continentes em termos produtivos.

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Von Braun ressaltou que é imprescindível que os países das duas regiões aumentem seus investimentos em pesquisa, considerando que a ciência e a tecnologia são a chave para alcançar uma agricultura mais produtiva e mais resiliente, ao mesmo tempo em que os recursos naturais são protegidos.

Neste sentido, afirmou que a África destina 0,3% do PIB à ciência, enquanto essa proporção é de 0,7% na América Latina. “Deve-se chegar a pelo menos 1% em ambos os continentes”, considerou. 

Para von Braun, alguns dos campos específicos que devem ser apontados são: minimização do risco da agricultura e fortalecimento da resiliência, em particular perante os fenômenos climáticos extremos; promoção de inovações para levar a solos mais produtivos, cuidados com a terra, a água, a base genética agrícola e a biodiversidade; promoção da bioeconomia como forma de facilitar a saúde dos sistemas produtivos e o bem-estar ecológico.

“Precisamos nos perguntar — afirmou — em que direção devemos seguir para alcançar os objetivos de produzir de maneira sustentável e resiliente e protegendo a ecologia. Isso requer uma transformação maior do que fizemos até agora, para fortalecer capacidades, desenvolver uma agenda de financiamento, promover o comércio justo no intercâmbio de alimentos e servir ao planeta e às pessoas de uma maneira responsável”, disse.

Von Braun resumiu os seis pontos principais que uma agenda conjunta da África e das Américas deve buscar avançar: crescimento sustentável da produção agrícola, resiliência climática (com proteção de solos, ecossistemas, águas e florestas); dietas saudáveis e inocuidade alimentar; comércio confiável, aberto e baseado em regras; financiamento da transformação; e ciência e inovação relacionadas ao que foi mencionado. 

 

Mais informações:

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