Aconteceu em um diálogo virtual que fez uma análise detalhada do impacto econômico e social das disrupções que alteraram os mercados globais de alimentos, energia e fertilizantes na América Latina e no Caribe.
São José, 11 de julho de 2022 (IICA) – A segurança alimentar está ao topo da agenda global e, por sua vinculação com o problema ambiental e o papel da agricultura como parte da solução para os desafios globais, deve ocupar um lugar de destaque na próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-27), que se realizará no Egito em novembro.
Essa foi a visão compartilhada pelo Grupo de Embaixadores da América Latina (GRULAC) no país do norte da África e pelo Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero, em um diálogo virtual que fez uma análise detalhada do impacto econômico e social gerado na América Latina e no Caribe pelas disrupções que alteraram os mercados globais de alimentos, energia e fertilizantes.
A discussão se enquadrou no contexto das atividades que o IICA está realizando a caminho da COP-27. Para esse encontro global, em que se definirá o futuro das ações coletivas de mitigação e adaptação ao aquecimento global, ministros e secretários da agricultura das Américas pediram ao IICA que coordene a busca de consensos para a apresentação de uma posição convergente do continente sobre a questão agrícola.
Reunidos em maio, ministros, secretários e funcionários de 32 países das Américas manifestaram que as condições globais atuais aprofundaram a tomada de consciência sobre a fragilidade da segurança alimentar e nutricional global e a necessidade de uma maior produtividade agrícola sustentável, em especial diante dos crescentes riscos climáticos.
Neste sentido, o embaixador argentino no Egito, Eduardo Antonio Varela, que foi o anfitrião do encontro, destacou o valor do compromisso assumido pelo IICA de cooperar com o Egito no caminho para a conferência de novembro, que se realizará na cidade balneária de Sharm el-Sheikh.
“A aproximação entre o IICA e Egito é de enorme importância para nós que representamos as nações latino-americanas aqui”, disse Varela desde a Embaixada argentina em Cairo.
Pelo acordado em maio em um encontro virtual do Diretor Geral do IICA e da Ministra do Meio Ambiente do país do norte da África, Yasmine Fouad, o apoio do Instituto se concentrará na geração e na transferência de conhecimento científico relacionado com a segurança alimentar e nutricional, a agricultura e a inovação e sua relação com a mudança do clima.
“A agenda agrícola ocupará um espaço relevante na conferência, em um momento de tensões nos mercados globais de alimentos”, acrescentou Varela, que destacou que o Egito, país que receberá autoridades e especialistas em questão ambiental de todo o mundo, é um país particularmente vulnerável quanto à segurança alimentar, ressaltando-se, em particular, sua dependência da importação de trigo, cereal cujo preço disparou devido ao conflito bélico no Leste Europeu.
O embaixador do México e decano do GRULAC no Cairo, Octavio Tripp, considerou a segurança alimentar como um tema de enorme relevância na conjuntura atual.
“Sem dúvida”, observou, “a segurança alimentar se vincula à mudança do clima, de modo que a próxima COP-27 no Egito torna muito relevante sua análise conjunta. Nós, os embaixadores latino-americanos nesse país, temos grande interesse em nos informarmos quanto à realidade da segurança alimentar”. Também mencionou a situação enfrentada pela produção agropecuária devido aos problemas de disponibilidade de fertilizantes.
Ação coletiva
“Estamos convencidos de que o setor agropecuário terá um lugar de destaque na COP-27, como parte da solução dos problemas da mudança do clima e pela necessidade de se conservar a biodiversidade. A segurança alimentar, que está ameaçada por diversos fatores, não pode ser tratada isoladamente, mas deve sê-lo em conjunto com o problema ambiental, o comércio internacional, os temas energéticos e de qualidade de vida das comunidades”, disse Otero na sua vez.
O Diretor Geral explicou que o IICA, como instituição que olha para o mundo a partir das Américas, promove a ação coletiva.
“Os ministros da agricultura do hemisfério são os nossos mandantes, mas interagimos também com outros ministérios e com o setor privado, universidades e organizações da sociedade civil, porque o desenvolvimento sustentável e a transformação da agricultura devem ser preocupação de todos os atores. É tempo de atuarmos juntos. Devemos elaborar uma mensagem poderosa para fortalecer a participação do setor agrícola em todos os meios em que se discutir a questão climática”. acrescentou.
Otero afirmou que o IICA trabalhará para a América Latina apresentar na COP-27 seus avanços em plantio direto, pastos naturais, sistemas silvipastoris, redução de desperdícios e outras boas práticas em matéria de sustentabilidade ambiental. “Temos que mostrá-las e nos sentirmos orgulhosos”, assinalou.
Otero disse que é imprescindível ressaltar a importância da América Latina e do Caribe nos temas ligados à mudança do clima e à segurança alimentar mundial.
“A região”, anotou, “tem boa parte dos recursos naturais do planeta: 50% da biodiversidade, 41% da água doce e 33% das terras cultiváveis. Nossas florestas desempenham funções fundamentais como sumidouro de carbono e no ciclo da água. E geramos apenas 9% das emissões totais de gases de efeito estufa, ao mesmo tempo em que somos a região exportadora líquida de alimentos do mundo. Isso nos deve dar força no momento das negociações”.
Participaram do encontro, além dos embaixadores Varela (Argentina) e Tripp (México), os chefes de missão no Egito: do Brasil, Antônio Patriota; do Equador, Rafael Veintimilla; da Guatemala, José Guillermo; do Panamá, Julissa de Hoyos; de Cuba, Tania Aguiar; da Venezuela, William Omar; e da Colômbia, Ana Milena Muñoz.
Também assistiram ministros, secretários e adidos agrícolas das embaixadas de República Dominicana, Paraguai, Bolívia, Peru, Chile e Uruguai.
Em sua intervenção, a Embaixadora do Panamá solicitou ao Diretor Geral do IICA detalhes das iniciativas de agricultura digital do Instituto.
Otero enumerou as ações de incentivo à conectividade rural, em parceria com organizações como o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e a Microsoft, a construção de capacidades digitais nas populações rurais e o papel de ponte do Instituto entre startups com foco no setor agropecuário e fundos de investimento, entre outras.
Mais informação:
Gerência de Comunicação Institucional do IICA.
comunicacion.institucional@iica.int