A sessão intitulada “Governança Alimentar em uma era sem precedentes” abordou modos de garantir um adequado funcionamento dos sistemas agroalimentares em tempos de crise simultâneas com severas consequências para os países individualmente e para o mundo.
Des Moines, Iowa, 21 de outubro de 2022 (IICA) — A mudança do clima veio para ficar, de modo que é necessário implementar transformações baseadas em ciência que estejam a favor dos agricultores e garantam uma maior produtividade e resiliência, afirmaram altos funcionários da área de agricultura das Américas e da Ásia no Diálogo Internacional Borlaug, que acontece em Des Moines, no estado de Iowa, Estados Unidos.
Considerado o maior foro internacional sobre agricultura, o Diálogo consiste em uma série de debates organizados pela Fundação World Food Prize (WFP) e conta com a participação de funcionários de governos, representantes do setor privado, organismos internacionais, produtores agropecuários, acadêmicos, cientistas, educadores e estudantes.
“Alimentando um mundo frágil” é o título do Diálogo deste ano, devido ao severo impacto simultâneo nos sistemas agroalimentares mundiais da pandemia de Covid-19, a guerra no Leste Europeu e a mudança do clima. As diversas sessões focam na relação entre agricultura, segurança alimentar e mudança do clima, com a meta de construir parcerias globais contra a fome e a má-nutrição.
A sessão intitulada “Governança Alimentar em uma era sem precedentes” abordou modos de garantir um adequado funcionamento dos sistemas agroalimentares em tempos de crise simultâneas com severas consequências para os países individualmente e para o mundo. Foi organizada pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) em conjunto com a FWP.
O Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, foi o moderador do encontro, do qual participaram Zulfikar Mustapha, Ministro da Agricultura da Guiana; Carlos Salcedo Zaldivar, Ministro Conselheiro para Assuntos Agropecuários do Panamá; Karen Ross, Secretária do Departamento de Alimentação e Agricultura do Estado de Califórnia (CDFA); e Shahryar Ali Khan, Ministro de Estado do Governo Federal do Paquistão.
Otero fez as perguntas disparadoras do debate, mencionando o impacto das atuais crises em cada país e quais são as políticas públicas que estão sendo executadas para lutar com os choques relacionados à saúde, ao conflito e ao clima.
A importância de uma visão de longo prazo
Salcedo deu detalhes sobre a Política de Estado para o Desenvolvimento do Setor Agropecuário que o governo do Panamá está discutindo com diversos atores.
“Os produtores nos pediram para fazer esse debate, ao qual incorporamos diversos organismos internacionais. O IICA desempenhou um papel sumamente importante para dar atender essa reivindicação de garantir uma política de estado que ofereça segurança jurídica ao setor agrário”, disse Salcedo, que detalhou que os eixos estão em educação, financiamento, produtividade, acesso a mercados, tecnologias e fortalecimento institucional.
“A discussão se refere a uma visão a longo prazo e constituirá a base para atacar os problemas de desigualdade social, levar tecnologia aos setores produtivos e diminuir a pobreza rural. Essa política de estado será o ponto de referência para os próximos governos”, acrescentou, destacando o setor agropecuário como estratégico.
Mustapha, que enfatizou a importância do financiamento ao desenvolvimento e a necessidade de ações concretas, destacou que a atual crise alimentar global impõe a obrigação de realizar transformações em todos os pontos das cadeias. “Hoje há países que sofrem com a falta de alimento, embora tenham dinheiro. Se não atuarmos em conjunto, todos sofreremos as consequências”, advertiu.
O Ministro da Guiana ressaltou que seu país e todo o Caribe estão trabalhando para reduzir tanto a dependência das importações de alimentos, como a exposição aos choques climáticos.
“A mudança do clima é algo muito real para nós. No ano passado, a Guiana sofreu uma das inundações mais devastadoras de sua história”, disse Mustapha, que ressaltou a necessidade de promover seguros que cubram as perdas sofridas pelos agricultores perante os, cada vez mais frequentes, desastres naturais.
“A Guiana teve um grande crescimento em sua economia graças ao petróleo e ao gás, mas é crítico nos diversificarmos. Hoje produzimos 60% dos alimentos que consumimos, mas não estamos satisfeitos”, reconheceu.
A Secretária da California, Ross, também se referiu aos efeitos da mudança do clima. “Em 2020 — recordou — tivemos a pior temporada de incêndios na Califórnia. Passamos 30 dias com o vale central, que é a nossa zona mais produtiva, coberto por fumaça e cinzas. Isso foi dramático para um estado que produz um terço dos vegetais e dois terços das frutas dos Estados Unidos”.
Ross, ressaltando a importância da juventude e das mulheres na ruralidade, ressaltou que a Califórnia continuará a fazer investimentos que favoreçam a resiliência da agricultura, a transição para a neutralidade do carbono, a redução das emissões de metano na pecuária, a melhoria da saúde de solo e a eficiência energética.
Ali Khan, por sua vez, revelou que 67% da população de Paquistão se dedica à agricultura, e que o impacto da mudança do clima na nação também está sendo severo. “Precisamos levar mais tecnologias para os pequenos agricultores para que alcancem a resiliência”, advertiu.
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