Funcionários governamentais e peritos participaram de um diálogo público-privado patrocinado pelo IICA para promover o projeto de políticas e ações de cooperação junto à crise sanitária.
São José, 5 de junho de 2020 (IICA). Altos funcionários governamentais e representantes do setor lácteo do continente americano participaram de um diálogo público-privado, patrocinado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), para promover o projeto de políticas e ações de cooperação das diversas regiões junto à crise da Covid-19.
A reunião, na qual foram abordados os desafios do setor, contou com a presença de funcionários, peritos da indústria e um painel de debate com Carlos María Uriarte, Ministro de Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai; Miguel García Winder, Subsecretário de Agricultura e Desenvolvimento Rural do México; Daniel Pelegrina, presidente da Federação Pan-Americana de Laticínios (FEPALE); e Ramiro Pérez, membro da diretoria da Federação Centro-Americana do Setor Lácteo (FECALAC).
O ministro Uriarte destacou que o Uruguai, que exporta 70% de sua produção láctea, não apresentou casos de infecções no setor, mas foram adotadas medidas para ajudar empresas e empregados. Embora os efeitos tenham sido leves, considerou que a principal mudança após a pandemia estará na atitude dos consumidores.
“Mudará nossa preocupação com o que consumimos e como nos relacionamos, sendo mais conscientes de que, diante de determinadas circunstâncias, todos somos iguais”, disse o ministro uruguaio. No âmbito internacional, “continuaremos a nos preocupar com o acesso aos mercados”, em particular pelo fechamento temporário da China frente à pandemia.
O Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, apontou que “estamos diante uma crise sistêmica, a mais importante dos últimos 100 anos, e a cadeia de laticínios não é exceção nos impactos. O único caminho é sair fortalecidos, com instituições mais flexíveis e maior sensibilidade social e ambiental”.
Otero também ofereceu o apoio pontual do IICA frente a várias das preocupações apresentadas pelos participantes e recomendou que seja realizada uma análise global de todas as políticas públicas para o setor e laticínios, a fim de alcançar um setor lácteo mais verde e sustentável.
“É importante evitar a excessiva regulamentação das políticas sanitárias, pois geraria isolamento entre os países, o que demovemos evitar, uma vez que as ajudas internacionais estarão mais restritas”, advertiu. “Se não nos ajudarmos, ninguém nos ajudará. Temos que renovar nossa solidariedade, concentrar esforços e acreditar, mais do que nunca, nas parcerias público-privadas”, afirmou.
Enquanto isso, García Winder assinalou que “não podemos manter grandes rebanhos sem aumentar a produtividade”, e ressaltou que, no México, um dos principais produtores da América Latina, a indústria láctea já estava em processo de mudança antes da Covid-19.
“A pandemia o acelerou e nos fará pensar em coisas novas. O pior que poderia acontecer é, após a crise, construirmos uma realidade igual à anterior. Temos a grande responsabilidade de fazer políticas verdadeiramente inclusivas”, expressou.
“Demandaremos inovações, precisamos melhorar a produtividade, a receita dos produtores e como vamos abordar o tema ambiental, que é cada vez mais urgente”, acrescentou.
Daniel Pelegrina considerou que é importante promover o consumo do leite como motor da vida e da saúde em uma região de mais de 600 milhões de consumidores, mas em que a maioria dos países apresenta um consumo abaixo do recomendado pelas autoridades sanitárias.
Pérez concordou com essa preocupação. “São necessárias ações de comunicação mais diretas com os consumidores urbanos, os millennials e as novas gerações sobre as vantagens nutricionais e os efeitos sobre a saúde; também se requer um setor leiteiro verde, com produtos diferenciados, com um rosto humano. Esses elementos podem nos ajudar a mitigar os efeitos negativos em consequência da Covid-19”, afirmou o diretor da FECALAC.
Ademais expressou sua preocupação pela desvalorização das moedas da região, bem como pelas medidas sanitárias, que definiu como “sumamente relaxadas, em alguns casos”, em particular pelo uso de substitutos no leite, um tema sobre o qual a FECALAC trabalhou com o IICA a fim de conscientizar os consumidores.
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