O Triângulo Norte Centro-Americano é uma zona extremamente vulnerável sob o ponto de vista da segurança alimentar, devido ao esgotamento dos recursos naturais e aos impactos da degradação do meio ambiente e da mudança do clima.
São José, 4 de março de 2022 (IICA) — Argentina colaborará com o desenvolvimento agrícola de El Salvador, Guatemala e Honduras em um projeto de cooperação Sul-Sul que será articulado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
A agenda dessa ambiciosa iniciativa começou a ser definida em um encontro virtual do qual participaram os ministros de agricultura dos três países que integram o chamado Triângulo Norte Centro-Americano, juntamente com funcionários do Ministério da Agricultura e do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA) da Argentina, além de profissionais do IICA e representantes do Conselho Agropecuário Centro-Americano (CAC).
O Triângulo Norte Centro-Americano é uma zona extremamente vulnerável sob o ponto de vista da segurança alimentar, devido ao esgotamento dos recursos naturais e aos impactos da degradação do meio ambiente e da mudança do clima. A situação de pobreza e a falta de oportunidades trabalhistas incentiva a migração, portanto, desenvolver uma maior produtividade e resiliência da agricultura é crítico para melhorar a vida das comunidades rurais.
O IICA não apenas vem oferecendo acompanhamento técnico aos setores agrícolas de El Salvador, de Honduras e da Guatemala, mas também alertou ao mundo sobre as consequências sociais, econômicas e ambientais da situação nesses três países.
De fato, antes da Cúpula de Sistemas Alimentares das Nações Unidas de 2021, o IICA coordenou a redação de um documento que resumiu uma postura unívoca dos países das Américas, chamando a atenção sobre a difícil situação do Triângulo Norte Centro-Americano.
Na reunião se identificaram alguns dos pontos prioritários da agenda de cooperação entre a Argentina e os três países centro-americanos e ficou acordado que sejam visitados em breve por técnicos do INTA, da Argentina, em uma missão exploratória. O INTA é um organismo de excelência do sistema estatal argentino que, desde 1956, gera conhecimentos e aporta tecnologia e inovação ao setor agroindustrial.
“As contribuições para melhorar nossa agricultura são muito bem-vindas, não só no aspecto teórico, mas também em campo, pois é assim que as mudanças são geradas”, disse David Martínez, Ministro da Agricultura e Pecuária de El Salvador, que destacou a contribuição do IICA, por sua grande experiência no desenvolvimento agrícola da região. Martínez, além disso, propôs que a possibilidade de prorrogar o projeto de cooperação para os demais países centro-americanos fosse analisada.
O Ministro da Agricultura, Pecuária e Alimentação da Guatemala, José Ángel López, destacou a oportunidade representada para os países do Triângulo Norte ter à sua disposição a experiência em produção agrícola da Argentina. “São diversos os setores onde cooperar. Identificamos planos mestres de sistemas de irrigação, gestão de bovinos e sistemas de cobertura vegetal. Há uma infinidade de oportunidades”.
“É o momento de darmos atenção à cooperação Sul-Sul, pois temos muito a aprender e a compartilhar com os países da região”, acrescentou López, que é Presidente pro tempore do Conselho Agropecuário Centro-Americano (CAC) e coordena a agenda regional.
Laura Suazo, que assumiu recentemente como Secretária de Agricultura e Pecuária em Honduras e se tornou a primeira mulher nesse cargo, chamou a atenção sobre a necessidade de incorporar a tecnologia ao setor agrícola de seu país. “Somente assim — disse — poderemos diminuir o hiato da pobreza. A agricultura deve fazer uma contribuição maior não só à economia, mas também às condições sociais. Temos grandes desafios. E esperamos o apoio do IICA”.
Em nome da Argentina, o Subsecretário de Coordenação Política do Ministério da Agricultura, Ariel Martínez, considerou que seu país e as nações centro-americanas enfrentam desafios comuns quanto à produção de alimentos.
“A Argentina tem muito a contribuir em termos de que ferramentas são produzidas e quais são as inovações mais úteis, em termos de eficiência e sustentabilidade. Também estamos prontos para conhecer o que está sendo desenvolvido em outros países”, afirmou.
A Secretaria Executiva do CAC, Lucrecia Rodríguez Peñalba, colocou esse organismo à disposição para colaborar no projeto e exercer tarefas de coordenação. Deixou a porta aberta também para que os outros países integrantes do CAC se unam à iniciativa. O organismo de desenvolvimento agropecuário centro-americano é composto por Belize, Costa Rica, Nicarágua, Panamá e República Dominicana, além dos já mencionados El Salvador, Guatemala e Honduras.
“No CAC há uma boa dinâmica de cooperação e apoio e, além disso, temos uma parceria natural com o IICA”, destacou.
Também participou da reunião o engenheiro agrônomo Felipe Solá, ex-Secretário de Agricultura e ex-Chanceler da Argentina, que ressaltou a necessidade de que esse projeto de cooperação contribua para frear a emigração no Triângulo Norte Centro-Americano pela falta de oportunidades.
“Os países da América Central foram muito castigados por furacões e secas. A mudança do clima, para eles, não é tanto uma questão de diminuir emissões de gases de efeito estufa, mas como se defender”, afirmou.
Também pontuou que “o principal foco de preocupação é o do universo dos pequenos produtores. Hoje muitos vivem em condições próximas à pobreza. Têm, além disso, uma tendência a emigrar, algo que precisamos começar a cortar, e isso está relacionado aos problemas econômicos e aos altos custos que devem ser enfrentados para produzir”.
Por sua vez, o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, ressaltou que o Instituto é um construtor de pontes: “Isso se expressa nessa reunião, que tenta construir uma ponte entre os países irmãos da América Central e a Argentina”.
Além disso, destacou que a Argentina tem “o maior estoque de tecnologia e conhecimentos no setor agrícola, senão do mundo, pelo menos do continente” e ressaltou que a Cooperação Sul-Sul “é uma cooperação entre iguais”.
“Trata-se de colaborar para reduzir os hiatos que limitam o desenvolvimento; para crescer e construir uma nova identidade como continente. O IICA está aqui para ouvir e elaborar uma estratégia operacional para passar do discurso à ação. Estamos orgulhosos por participar dessa iniciativa”, concluiu.
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