A iniciativa visa potencializar as habilidades digitais nos jovens para desenvolver projetos vinculados aos diversos entornos produtivos de cada zona do país e beneficiará, em uma primeira etapa, alunos dos dois últimos anos da educação secundária de escolas das províncias Buenos Aires, Córdoba e Tucumán.
Buenos Aires, 30 de junho de 2022 (IICA) — Cerca de 5.000 estudantes de 100 escolas agrotécnicas da Argentina, consideradas peças estratégicas para o desenvolvimento produtivo das zonas rurais do país e a fixação dos jovens no campo, serão formados no uso de tecnologias digitais e no conhecimento sobre sua aplicação na agricultura.
No contexto de uma verdadeira revolução da atividade agropecuária pelo surgimento de novas tecnologias, trata-se de um programa de atualização promovido pela Sede do Gabinete de Ministros da Argentina com os ministérios de Educação e de Agricultura.
O projeto foi elaborado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) em colaboração com a Microsoft e apoio do Banco Mundial e Bayer.
O Programa Nacional Agroedutec foi apresentado nesta terça-feira em um ato realizado no Centro Cultural Kirchner (CCK) da Cidade de Buenos Aires.
Participaram do ato o Ministro da Agricultura, Pecuária e Pesca da Argentina, Julián Domínguez; o Vice-chefe de Gabinete de Ministros, Jorge Neme; o Diretor do Instituto Nacional de Educação Tecnológica (INET), Gerardo Marchesini; a Economista Agrícola do Banco Mundial, Irene Wasilewsky; o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, que realiza essa semana uma visita de trabalho à capital argentina; Luciano Braverman, Diretor Geral de Educação da Microsoft na América Latina; Fernando López Iervasi, Gerente Geral da Microsoft na Argentina; e Luciano Viglione, Diretor de Assuntos Públicos e Sustentabilidade da Bayer Cone Sul.
A iniciativa visa potencializar as habilidades digitais nos jovens para desenvolver projetos vinculados aos diversos entornos produtivos de cada zona do país e beneficiará, em uma primeira etapa, alunos dos dois últimos anos da educação secundária de escolas das províncias Buenos Aires, Córdoba e Tucumán.
A criatividade, o trabalho em equipe e a inovação serão as capacidades focadas.
A iniciativa também incluirá os professores dessas escolas, que serão capacitados em saberes e práticas inovadoras para atualizar a formação. Também farão parte do projeto funcionários e equipes ministeriais, que serão sensibilizados sobre a centralidade das novas tecnologias na formação da escola agrotécnica e seu uso nos processos produtivos da atualidade.
Nas etapas seguintes, o programa será ampliado para mais instituições educacionais de outras províncias argentinas e também de outros países da América Latina e do Caribe.
Um pacto com o futuro
“Precisamos fazer com que as escolas agrotécnicas ofereçam conhecimentos para atender as demandas do setor produtivo. Esse projeto é um pacto com o futuro que imaginamos”, disse o Ministro Julián Domínguez, que enfatizou a necessidade de assegurar a conectividade à Internet para as zonas rurais de modo a favorecer a criação de raízes dos jovens.
De acordo com um estudo desenvolvido em conjunto entre o IICA, a Microsoft e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) na América Latina e no Caribe, existem 77 milhões de pessoas residindo em territórios rurais e que não têm acesso a uma conectividade de qualidade, o que representa quase a metade da população rural da região.
Domínguez também destacou o valor que tem para o seu país que o argentino Manuel Otero esteja cumprindo seu segundo período como Diretor Geral do IICA. “Tê-lo é um orgulho para a Argentina e é um testemunho da nossa capacidade produtiva”, enfatizou.
“A Argentina tem no setor agropecuário uma fenomenal produtividade e capacidade competitiva. Inclui não somente os commodities agrícolas, mas peras, maçãs, vinhos, tabaco, cítricos e muitos outros produtos de concorrência global. Dizem que exportamos produtos primários, mas na realidade eles são o fim de uma cadeia produtiva de altíssima complexidade, que inclui biotecnologia, aplicações de sistemas digitais, plantio direto, fertilização e muitos outros aspectos em que muitos argentinos trabalham”, disse, por sua vez, Jorge Neme.
O funcionário ressaltou o valor do programa de formação em agricultura digital para a educação agrotécnica e considerou que isso oferecerá igualdade de oportunidades aos jovens que vivem nas zonas rurais.
“O significado desse programa é fundamental para a Argentina do futuro, em um contexto altamente complexo, mas no qual o país tem uma enorme oportunidade”, apontou Neme.
Otero explicou que o programa faz parte das ações promovidas pelo IICA em todo o hemisfério com o objetivo de contribuir para deixar de lado a visão que confina os territórios rurais como zonas geradoras de pobreza e que expulsam os recursos humanos por um novo enfoque pelo qual sejam apreciadas como zonas com alto potencial de progresso, a partir do uso de novas tecnologias e do aumento de sua conectividade.
“A atividade da agricultura atravessa hoje um processo de incorporação de novas tecnologias e digitalização, cujo avanço é inexorável e abre oportunidades antes inimagináveis para o campo. A agricultura vive uma mudança sem precedentes”, destacou Otero.
“Formar a juventude rural e especificamente as mulheres — concluiu — contribui para reverter desigualdades e para colocar as áreas rurais, que historicamente estiveram atrasadas, na dianteira da revolução tecnológica. A atividade da agricultura está empreendendo uma forte transformação. Desenvolver planos holísticos no campo e potencializar a formação nas escolas agrotécnicas, sem dúvidas, são contribuições imprescindíveis para dinamizar esses processos de mudança”.
Favorecer o relevo geracional
Na Argentina há 525 escolas agrotécnicas de nível secundário. A matrícula dessas escolas representa menos de 20% dos jovens que frequentam o ensino secundário, tornando-se uma modalidade de educação de alcance limitado em um país, cuja economia está fortemente afetada pelo desenvolvimento da atividade agropecuária.
Na busca de reverter o problema do relevo geracional do campo, produzido pelo êxodo dos jovens para as cidades, o desenvolvimento das habilidades digitais nas escolas agrotécnicas é fundamental, uma vez que delas se formam os novos perfis para a atividade produtiva e a vida rural.
A especialista Wasilewsky explicou que o Programa Nacional Agroedutec se alinha aos projetos que o Banco Mundial está implementando na Argentina e aos esforços para potencializar o setor agrícola do país.
“O componente tecnológico — considerou — é fundamental para alcançar um desenvolvimento sustentável e inclusivo nas zonas rurais. A educação é um pilar de base. Não se trata de preparar os jovens para os trabalhos do futuro, mas para os trabalhos do presente”.
Por sua vez, Marchesini, que explicou que o sistema de educação agrotécnica tem cerca de 120.000 estudantes na Argentina, disse que a formação dos jovens no setor agrícola apresenta um duplo desafio: “Além de formar recursos humanos, também devemos criar as condições de criação de raízes, para que os jovens possam se desenvolver plenamente”.
Os detalhes técnicos do programa foram explicados por Luciano Braverman e por Sandra Ziegler, Especialista em Educação do IICA.
“A proposta visa construir uma plataforma no processo de aprendizado para que os alunos possam manejar as tecnologias modernas, que são habilidades imprescindíveis no presente. Os capacitadores desempenharão um papel fundamental, pois é o acompanhamento que garante o êxito desses processos. O que buscamos é potencializar o talento humano que temos na Argentina e oferecer oportunidades aos jovens”, disse Braverman.
A estrutura será dividida em dois módulos, o primeiro se refere a Habilidades Tecnológicas do Século XXI e o segundo, a Tecnologias do Século XXI aplicadas ao setor agrário.
Os módulos podem ser cursados e contam com certificação internacional da Microsoft e um diploma de participação emitido pelo IICA-Microsoft e demais entidades patrocinadoras. A duração completa do programa será de um semestre, e como última atividade será apresentado à comunidade um seminário aberto de trocas sobre os aprendizados do Programa.
Para a confecção do programa foi desenvolvido um processo de consulta com diferentes atores e instituições, dentre os quais participaram: Silvina Gvirtz, Secretária de Educação da Argentina; Juan Manuel Fernández Arocena, Assessor do INTA; Walter Grahovac, Ministro da Educação da província de Córdoba; Juan Pablo Lijtmacher, Ministro da Educação da província de Tucumán; Marcelo Pérez Alfaro, Especialista Líder em Educação do Banco Interamericano de Desenvolvimento; Hugo Sigman, Embaixador da Boa Vontade do IICA; e Gustavo Grobocopatel, Fundador do Grupo Los Grobo.
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