Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura

Agronegócios

Comércio de alimentos requer transparência e políticas de longo prazo para atender à demanda global

Tiempo de lectura: 3 mins.

O evento realizado pelo IFPRI, o IICA e o IISD analisou os efeitos da pandemia em um setor que demonstra resiliência e, ao mesmo tempo, grandes desafios que requerem ser enfrentados com ampla coordenação hemisférica.

IFPRI

São José, 26 de novembro de 2020 (IICA) – Um aprofundamento nos aumentos de custos, no enfraquecimento das moedas emergentes, a imposição de barreiras ao comércio sem fundamento na ciência e as fissuras no sistema multilateral podem se constituir em um perigo para o eficaz funcionamento da cadeia agroalimentar e, portanto, da alimentação de centenas de milhões de pessoas.

Esses foram os denominadores comuns de um debate do qual participaram destacadas figuras vinculadas à agricultura latino-americana que avaliaram a resposta do setor perante os desafios impostos pela pandemia, as abordagens dos governos e os elementos necessários para atender à crescente demanda de alimentos dentro dos limites do planeta.

Os protagonistas do debate foram a Embaixadora da Costa Rica na Organização Mundial do Comércio (OMC), Gloria Abraham; o Secretário Adjunto de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, Flávio Bettarello; o chefe do Instituto Internacional de Pesquisa sobre Políticas Alimentares (IFPRI) para a América Latina e o Caribe, Eugenio Díaz Bonilla, e Valeria Piñeiro, Coordenadora Sênior de Pesquisa do IFPRI; e o Presidente do Conselho Nacional Agropecuário (CNA) do México, Bosco de la Vega; além do Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero.

Os peritos concordaram que o trabalho da cadeia agroalimentar foi sumamente destacado ao se manter em pleno funcionamento apesar das barreiras ao comércio, das restrições sanitárias e da instabilidade do comércio internacional.

Resiliência em agricultura

“Na agricultura temos vivido uma pequena desaceleração do crescimento, mas em geral o impacto não foi significativo. Em contraste, o Produto Interno Bruto (PIB) do México tem caído cerca de 10% e já há 10 milhões de pessoas em insegurança alimentar”, mencionou o presidente do CNA.

De acordo com de la Vega, “essa resposta positiva do setor agrícola se encontra na rede de valor que foi construída no México, onde todo o setor participou de uma mesa de trabalho para blindar a cadeia de suprimentos e a tecnologia desempenhou um papel preponderante”.

No Brasil, por exemplo, o crescimento nas exportações de alimentos gira em torno de 5%, enquanto no México esse aumento é de 2,7%.

Para Flávio Bettarello, é necessário “aproveitar as condições positivas atuais para gerar condições de comércio justo e levar esses benefícios a uma escala global, pois, sem dúvida, a região aumentará sua produção de alimentos, mas deve fazê-lo de maneira sustentável”.

De acordo com a representante da Costa Rica na OMC, Gloria Abraham; embora a disponibilidade de alimentos esteja crescendo, da mesma forma, “com a pandemia a vulnerabilidade alimentar aumentou e hoje temos mais de 600 milhões de pessoas com fome no mundo”.

“A agricultura passou no teste, está de pé e está aumentando a oferta de alimentos em um âmbito social preocupante, diante grandes e numerosos desafios”, disse Manuel Otero, Diretor Geral do IICA.

Clamor por uma resposta hemisférica

A América Latina e o Caribe foram chamados a ser a grande fonte mundial de alimentos, por sua disponibilidade de terras para a agricultura, porém, os especialistas expressaram que os desafios pendentes ainda são muitos e é necessária uma resposta coordenada envolvendo todos os atores.

“As nações da região representam um terço dos países signatários na criação da OMC. Hoje estamos muito divididos, precisamos recuperar a colaboração hemisférica que tivemos no passado, isso será fundamental para seguir adiante, uma vez que, embora à agricultura tenha sido muito resiliente, algumas das simulações mostram um efeito retardado da pandemia, pela baixa na demanda após a queda nas receitas das pessoas”, disse Eugenio Díaz Bonilla.

Parte dessa resposta hemisférica tão necessária passa, em grande parte, pela geração de condições benéficas para aumentar a capacidade das populações rurais para se conectar aos mercados, ter regras do jogo claras e contar com acesso a novas tecnologias.

Otero, justamente, enfatizou a necessidade de aumentar a conectividade das áreas rurais e considerou fundamental “apoiar a normalização de medidas de natureza sanitária e fitossanitária, fortalecer as capacidades dos parceiros estratégicos, robustecer e agilizar o comércio nas fronteiras, trabalhar em matéria de governança e fortalecer as capacidades dos parceiros estratégicos, como os ministérios da agricultura e os sistemas de vigilância”.

De acordo com os especialistas, existem muitos interesses comuns e se deve trabalhar para derrubar as barreiras existentes ao comércio e mostrar ao mundo como alcançar a segurança alimentar com sustentabilidade.

Um dos desafios mais preocupantes é o tema da reatividade das políticas públicas, focadas na resolução de problemas temporários em vez de pensar em respostas estruturais contundentes.

“Em nosso continente, não temos pensado a médio e longo prazo, porque trabalhamos na conjuntura. É necessário gerar políticas públicas de longo prazo que promovam o crescimento sustentável do setor, isso impactará muito positivamente a segurança alimentar e o desenvolvimento do setor”, disse Abraham.

Mais informações:

Link do evento: https://www.ifpri.org/event/virtual-event-food-and-agricultural-trade-new-policy-environment-how-can-wto-members-support

Gerência de Comunicação Institucional

comunicacion.institucional@iica.int

Comunicado na Web: https://iica.int/es/prensa/noticias/comercio-de-alimentos-requiere-de-transparencia-y-politicas-de-largo-plazo-para

 

Compartilhar

Notícias relacionadas

Lima, Perú

December 13, 2024

Funcionários de países membros da CAN fortalecem capacidades relacionadas ao comércio agroalimentar com apoio do IICA

A atividade, realizada na Sede da Secretaria Geral da Comunidade Andina de Nações, em Lima, teve como objetivo analisar os principais mecanismos e instrumentos que favorecem o comércio internacional agroalimentar e a integração econômica regional na CAN, como um meio para alcançar uma participação mais efetiva em foros internacionais e ações conjuntas para fortalecer os sistemas agroalimentares e facilitar o acesso a mercados regionais e internacionais.

Tiempo de lectura: 3mins

San José, Costa Rica

December 10, 2024

A produção global de biocombustíveis líquidos cresceu 50% em uma década, liderada pelos EUA e pelo Brasil e tendo a Argentina e o Canadá como outros grandes atores, revela nova edição do Atlas do IICA

A nova edição do Atlas centra-se em biocombustíveis como bioetanol, biodiesel e combustíveis sustentáveis de aviação, a partir de fontes bibliográficas complementadas com dados estatísticos sobre matérias-primas, tendências de produção e políticas regulatórias.

Tiempo de lectura: 3mins

San José, Costa Rica

December 11, 2024

Alunos de Limón, Costa Rica, ganham segunda edição do Desafio Minecraft Education para a Agricultura organizado pela Microsoft e pelo IICA

No desafio, os alunos receberam no vídeo game Minecraft um desenho inicial, caracterizado por um mundo com problemas de seca, erosão de solos, deslizamentos, contaminação de água, escassez de árvores e animais, entre outras situações devastadoras.

Tiempo de lectura: 3mins