La reunión, en la que también participan representantes de organismos multilaterales de crédito y de fondos globales de financiamiento, es organizada por el Instituto Interamericano de Cooperación para la Agricultura (IICA), en su sede central de San José de Costa Rica.
São José, 23 de setembro de 2022 (IICA) — A Conferência da ONU sobre Mudança do Clima (COP 27) que acontecerá em novembro, no Egito, será uma oportunidade para que a agricultura das Américas mostre os avanços alcançados em termos de redução de emissões de gases de estufa e reclame, dos países desenvolvidos, o cumprimento de seus compromissos de financiamento para a ação climática nos países em desenvolvimento.
Essa foi uma das conclusões surgidas no painel “A agricultura nos cenários climáticos”, que aconteceu no âmbito da reunião de ministros, secretários e altos funcionários dos ministérios da Agricultura de 32 países das Américas, convocada para discutir sobre o papel estratégico do setor agropecuário da região para enfrentar a mudança do clima antes da COP 27.
A reunião, da qual também participam representantes de organismos multilaterais de crédito e de fundos globais de financiamento, é organizada pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) em sua sede central, São José, Costa Rica.
“A COP27 é uma oportunidade para se ter muita visibilidade, pela importância que a agricultura tem no arranjo internacional. Devemos tentar reverter alguns conceitos que estão instalados na opinião pública internacional relacionados à responsabilidade do processo de produção agrícola nas mudanças do clima. Como bem colocado, nós somos os mais vulneráveis, os mais afetados e os mais interessados em contribuir para a mitigação dos efeitos”, destacou o Ministro de Pecuária e Agricultura do Uruguai, Fernando Mattos.
Mattos questionou a expressão “descarbonizar a agricultura” empregada em diversos foros internacionais. “Quem precisa se descarbonizar? Nós devemos assumir o compromisso de reduzir as emissões, mas a indústria dos combustíveis fósseis, que sustenta o modelo de desenvolvimento dos países de maiores rendas que gerou e continua gerando a mudança do clima, deve se descarbonizar”, afirmou Mattos.
O ministro uruguaio acrescentou que se deve exigir que os países em desenvolvimento recebam as ajudas que os países desenvolvidos se comprometeram a fornecer e que reiteradamente têm adiado. “Seguramente o contexto internacional será uma desculpa para que esses fundos voltem a adiar no futuro”, concluiu.
O professor Rattan Lal, considerado a maior autoridade mundial em ciências do solo e Embaixador da Boa Vontade do IICA, além de Enviado Especial do Instituto para a COP27, explicou que as boas práticas agrícolas servem para a conservação dos recursos naturais, a gestão de nutrientes e a mitigação da mudança do clima por meio do sequestro de carbono.
“O pequeno agricultor é fundamental para enfrentar a mudança do clima. Não podemos subestimar a sua importância para a mitigação e a adaptação. A COP deve focar nisso”, afirmou Lal.
O cientista, que empreende, desde 2020, o programa Solos Vivos nas Américas juntamente com o IICA, enfatizou a contribuição da ciência e da tecnologia para uma agricultura mais sustentável, e ressaltou que existem ferramentas de baixo custo, como um telefone celular, que permitem aos pequenos agricultores medir os níveis de carbono no solo e que podem ajudar a visibilizar as contribuições do setor para a mitigação da mudança do clima.
Participaram do painel: Ayman Amin, Ministro Plenipotenciário e Diretor Adjunto do Departamento de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Ministério das Relações Exteriores do Egito, país organizador da COP 27; e Carlos Ruiz Garvia, Gerente de Projetos do Centro Global de Inovação da Secretaria da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.
Amin deu detalhes sobre como a conferência se desenvolverá na cidade de Sharm-El-Sheikh, com a presença de 22.000 negociadores de 197 países, e destacou a importância do chamado Trabalho de Koronivia, que foca no papel da agricultura no âmbito das negociações sobre a mudança do clima.
Por sua vez, Ruiz Garvia destacou que há uma urgência muito acentuada para acelerar a ação climática no âmbito global, mas também se requer uma resposta política e da sociedade como um todo, o que é facilitado por meio das decisões obtidas nesses processos de negociação.
Representantes de diversos países da América Latina mencionaram a importância de que os agricultores, que são os elos mais fracos da cadeia de produção de alimentos e também os mais vulneráveis frente à mudança do clima, sejam considerados.
Luis Alberto Villegas, Vice-Ministro de Assuntos Agropecuários da Colômbia, ressaltou a necessidade de que a agricultura familiar esteja presente nas negociações, por sua importância para a segurança alimentar dos países da América Latina e do Caribe.
“A agricultura familiar nos permitiu que nos alimentássemos durante o período mais difícil da pandemia. Quando falamos de sustentabilidade, devemos ver os três pilares: o econômico, o ambiental e o social. É fundamental que nos ocupemos da economia camponesa”, indicou.
Na mesma linha, Eduardo Izaguirre, Vice-Ministro de Desenvolvimento Produtivo Agropecuário do Equador, afirmou que a agricultura familiar é parte integrante do abastecimento de alimentos e da provisão de receitas e empregos nas zonas rurais.
Luis Miguel Murillo, do Ministério do Desenvolvimento Rural e Terras da Bolívia, insistiu que a agricultura é o setor mais impactado pela mudança do clima, de acordo com os relatórios do Painel Intergovernamental de Mudança do Clima (IPCC).
“Nas zonas rurais — disse Murillo — os grupos mais vulneráveis são os agricultores familiares ou os pequenos produtores, os de subsistência, as mulheres rurais e as crianças. Precisamos defendê-los”.
Mais informações:
Gerência de Comunicação Institucional
comunicacion.institucional@iica.int