A Representante Permanente da Argentina na ONU, María del Carmen Squeff (segunda, acima), falou na Décima Quinta Reunião do Conselho Consultivo de Alto Nível do IICA para a Segurança Alimentar das Américas e instou o envolvimento ativo de todos os países do hemisfério nos diálogos e nas diversas atividades em direção à Cúpula.
São José, 6 de maio de 2021 (IICA) — As Américas devem mostrar a eficiência e a produtividade de sua agricultura na Cúpula sobre Sistemas Alimentares de 2021, convocada pelo Secretário Geral da ONU, de modo que é fundamental que o Hemisfério Ocidental possa influenciar na preparação e no desenvolvimento desse encontro global, deixando claro em seu documento final que o grande desafio é produzir mais e melhores alimentos para uma população mundial em crescimento, levando em consideração as três dimensões da sustentabilidade: econômica, social e ambiental.
Assim informou a Embaixadora María del Carmen Squeff, Representante Permanente da Argentina na ONU, que falou na Décima Quinta Reunião do Conselho Consultivo de Alto Nível para a Segurança Alimentar das Américas. Esse é um órgão formado por personalidades de diversos países que, no âmbito da crise gerada pela pandemia, ajudam no trabalho de cooperação técnica do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
“Trabalhamos com diversas nações para essa Cúpula — disse Squeff — e estamos muito cautelosos, pois essa pode ser uma oportunidade, mas também pode constituir um problema. A convocação tem em sua base um questionamento das formas de produção, mas a nossa mensagem deve ser que não é necessário mudar tudo. Sabemos que as atividades produtivas devem contribuir para a luta contra a mudança do clima. Mas o pão de cada dia está em produzir mais, respeitando o meio ambiente, pois se projeta que a população mundial cresça em 2 bilhões de pessoas nos próximos 30 anos”.
A diplomata argentina conclamou o envolvimento ativo de todos os países das Américas nos diálogos e nas diversas atividades em preparação à Cúpula, de maneira que “possamos dar um rumo que possa ser útil. Trata-se de um tema muito querido pela região e muito necessário no mundo de hoje, uma vez que a insegurança alimentar global tem sido aprofundada pela tragédia da Covid-19”.
Juntamente com os embaixadores de Antígua e Barbuda e dos Estados Unidos, Squeff representa o Hemisfério Ocidental no Conselho Consultivo da enviada especial do Secretário Geral da ONU, Agnes Kalibata, que tem sob sua responsabilidade a organização da Cúpula, sob o ponto de vista operacional.
O IICA, por seu lado, integra a Rede de Campeões de Cúpula — constituída por um conjunto de indivíduos e organizações comprometidos com seus objetivos —, como representante dos setores agrícola e rural da América do Norte, da América Latina e do Caribe.
A embaixadora Squeff foi enfática sobre a necessidade de a região defender, na Cúpula, o papel da pecuária sustentável como atividade que gera empregos e favorece o arraigamento da população rural: “Devemos mostrar que, nos países latino-americanos, a pecuária é praticada sobretudo de forma extensiva, em convivência com a fauna e a flora, de modo que há o bem-estar animal e a harmonia com o ambiente. Certamente os sistemas pecuários podem ser melhorados, mas não se trata de restringir a produção de carne, pois isso solaparia a segurança alimentar”.
E acrescentou: “Nós, países da América Latina e do Caribe, somos países produtores de alimentos com níveis de qualidade muito comprovados. Na maior parte, somos exportadores. Um dos mercados para os quais vendemos é a Europa, e todos conhecemos as difíceis condições estabelecidas por esse continente para aceitar produtos de outra região”.
A diplomata argentina também pediu que seja levado em consideração o contexto de crise em que se chegará ao encontro global: “Hoje o mundo está vivendo uma tragédia. Isso não pode ser ignorado ao pensar sobre as prioridades que devem ser colocadas”.
As personalidades com trajetórias de importantes contribuições para o setor agroalimentar, pelos âmbitos político, empresarial e acadêmico, que integram o Conselho Consultivo de Alto Nível para a Segurança Alimentar das Américas são: Gloria Abraham (Costa Rica), Chelston Brathwaite (Barbados), Carlos Gustavo Cano (Colômbia), Cassio Luiselli (México), Elsa Murano (Estados Unidos), Martín Piñeiro (Argentina), Álvaro Ramos (Uruguai), Roberto Rodrigues (Brasil), Eduardo Trigo (Argentina), José María Sumpsi (Espanha) e Silvia Sarapura (Peru/Canadá).
Também participaram da reunião o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero; o Diretor Geral Adjunto, Lloyd Day; e o Diretor de Cooperação Técnica, Federico Villarreal.
Otero destacou que a Cúpula sobre Sistemas Alimentares será uma oportunidade para reforçar o multilateralismo e advertiu que as formas de produção “devem ser transformadas, mas reconhecendo as coisas boas que estão sendo feitas”.
Neste sentido, acrescentou que as transformações já em curso dizem respeito a uma agricultura em harmonia com o ambiente, que favorece a inclusão e que coloca em primeiro plano a contribuição para uma nutrição adequada e a saúde das pessoas.
“São três os princípios — disse Otero — que nos guiam: o primeiro é que os produtores devem ser ouvidos, porque sem eles não há matérias-primas para a produção de alimentos; o segundo, que a ciência e a tecnologia desempenham um papel fundamental, tanto hoje como no futuro; e o terceiro é que a agricultura faz parte da solução de problemas como a mudança do clima, além das correções que devem ser feitas”.
Por sua vez, Martín Piñeiro, Diretor Geral Emérito do IICA, considerou que a Cúpula “será histórica, uma vez que significará uma reorganização de toda a indústria agroalimentar, inclusive da agricultura”. Em consequência, sustentou que é decisivo que a região tente influenciar seus resultados. “Em princípio — advertiu —, o encontro parece estar dominado por visões que não são as que compartilhamos. E há muitos interesses econômicos por detrás disso”.
Gloria Abraham, ex-Ministra da Agricultura e Pecuária da Costa Rica e Embaixadora de seu país na Organização Mundial de Comércio (OMC), lamentou que o título da Cúpula faça referência aos sistemas alimentares, em vez de agroalimentares. “Desde a sua origem, está desequilibrada, porque não se reconhece que a alimentação é sustentada pelo setor agrícola e pela transformação de seus produtos. Para a nossa região, que é exportadora de alimentos, o encontro apresenta riscos importantes. Hoje já estamos vendo uma série de medidas adotadas em nome da sustentabilidade ambiental que são quase protecionistas”, indicou.
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