Governos, organismos internacionais, organizações da sociedade civil, entidades de investigação, cientistas e acadêmicos debateram os temas cruciais para o setor agropecuário na Conferência de Ministros de Agricultura das Américas 2019. O Diretor Geral do IICA pôs ênfase nessa diversidade e pediu um diálogo permanente entre os ministros de Agricultura, Meio-Ambiente, Desenvolvimento Social e Telecomunicação para fortalecer o agro.
São José, 31 de outubro, 2019 (IICA) – A inclusão digital nos territórios rurais, os novos equilíbrios entre produtividade e sustentabilidade, e o papel da sanidade no comércio de produtos agrícolas foram os principais temas do debate dos Ministros de Agricultura das Américas, que se reuniram por dois dias na Costa Rica.
A Conferência de Ministros de Agricultura das Américas 2019, que foi organizada pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e reuniu 34 ministros e secretários de países do hemisfério, foi também um espaço importante de intercambio de opiniões e propostas entre representantes de governo, organismos internacionais, organizações da sociedade civil, entidades de investigação, cientistas e acadêmicos.
O Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, pôs ênfase nessa diversidade e assegurou que “a agricultura requer grande coordenação entre setores. Chegou a hora de construir pontes com os ministérios de Meio-Ambiente, Desenvolvimento Social, Telecomunicação. A intersetorialidade é muito importante. Temos que pensar em sistemas regionais de inovação porque cada país por sua conta não pode enfrentar os desafios sozinho.”
O Ministro de Agricultura da República Dominicana, Osmar Benítez, pôs ênfase “na geração de políticas públicas que permitam que os agricultores tenham acesso à tecnologia para enfrentar efetivamente os desafios climáticos, sociais e económicos” e também pediu à seus pares fortalecer o Programa de Sanidade e Inocuidade dos Alimentos do IICA, e assim “por meio da cooperação técnica, os países em desenvolvimento possam participar com sucesso dos mercados internacionais.”
Também, o Secretário de Agricultura e Desenvolvimento Rural do México, Víctor Villalobos, anunciou que o governo mexicano pôs a disposição dos países-membros do IICA “as experiências de sucesso do uso de tecnologias de informação no setor agropecuário,” entre elas ele mencionou os sistemas de Inteligência Sanitária e de Inteligência Geo-Espacial, que permitem criar políticas, gerar informações e reagir ante desastres.
“Somos conscientes de que temos a grande responsabilidade de construir a agricultura do futuro, utilizando o conhecimento e a tecnologia disponíveis e promovendo a inovação para melhorar a produtividade de maneira sustentável,” disso Villalobos, também Diretor Geral emérito do IICA.
Villalobos, que destacou os esforços do México para generalizar o acesso à Internet e melhorar a recopilação de informação em tempo real para insertar-se nos mercados mais exigentes, apresentou um fórum sobre “Oportunidades para a inclusão rural na era digital” junto ao ministro Benítez e José Miguel Rodríguez, responsável de assuntos internacionais da Oficina de Estudos e Políticas Agrárias (ODEPA) do Ministério de Agricultura do Chile, e a Gerente Geral do Setor Público da Microsoft para a América Latina, Anayda Frisneda.
A alta executiva da Microsoft, que, junto ao Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, inaugurou durante a Conferencia de Ministros de Agricultura das Américas 2019 um novo Centro de Interpretação do Amanhä da Agricultura (CIMAG), um espaço de experimentação virtual e interativo com uso de inteligência artificial e de característica pedagógica sobre a agricultura, manifestou o compromisso da empresa “com a América Latina e o Caribe para pôr a tecnologia à disposição de todos.”
Numa discussão sobre equilíbrios entre produtividade e sustentabilidade, Fréderic Seppey, vice-ministro de Agricultura e Alimentação do Canadá, apresentou o exemplo do seu país, onde “cientistas e agricultores trabalham em conjunto para estudar as tendências e melhores práticas para desenvolver o campo.”
Nesse painel também deram detalhes da legislação e os esforços do Brasil pela preservação do meio-ambiente o ex-ministro de Agricultura do país e o coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas, Roberto Rodrigues, e o Secretário Adjunto de Comércio e Relações Internacionais do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Flavio Bettarello.
“Fazer com que a sustentabilidade e a produtividade sejam compatíveis é o desafio mais importante do século para a agricultura. A matriz energética brasileira é alimentada num 12% e 17% pela cana e pela soja, o bioetanol produzido a partir da cana de açúcar sendo 90% menos contaminante que os combustíveis tradicionais,” disse Rodrigues, quem recebeu de Otero o Prémio Cátedra IICA pelas suas contribuições de décadas à uma agricultura moderna e sustentável.
Como parte da grande representação do setor privado na Conferência de Ministros de Agricultura das Américas 2019, o chefe de Assuntos Agrícolas e Sustentabilidade da Divisão Crop Science da Bayer, Jesús Madrazo, indicou no fórum sobre “Sanidade, Inocuidade e Qualidade para o Futuro do Comércio” que “nosso modelo de negócios está baseado em melhorar os resultados produtivos dos agricultores.”
Neste sentido, adicionou que “as soluções à medida são essenciais para administrar de maneira sustentável os recursos e melhorar a produtividade para alimentar uma população mundial crescente.”
No mesmo fórum, Ted McKinney, Subsecretario de Relações Comerciais e Agrícolas Internacionais do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, exortou a “avançar na criação e aplicação de normas baseadas em ciência para que a produção de alimentos vá de acordo com as demandas e necessidades dos mercados.”
Indar Weir, ministro a cargo da Agricultura de Barbados, pediu a “unidade entre países latino-americanos para atender às necessidades dos agricultores de acordo com as condições sanitárias e comerciais do século XXI” e o Secretário de Agricultura da Argentina, Guillermo Bernaudo, enfatizou os incrementos do seu país na produção de carne e soja e o trabalho em conjunto público-privado para “modernizar as normas no comércio e produção de alimentos e aproveitar as oportunidades comerciais tanto regionais como internacionais.”
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