O Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, falou com os meios de comunicação internacionais horas antes do início da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP28), em Dubai, Emirados Árabes Unidos.
São José, 30 de novembro de 2023 (IICA) — O setor agroalimentar das Américas é particularmente vulnerável à mudança do clima, ao mesmo tempo em que constitui o sustentáculo da segurança alimentar e é estratégico para os meios de vida de milhões de pessoas no planeta, de modo que nunca mais pode estar ausente dos foros de negociações ambientais globais.
O Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero, falou com os meios de comunicação internacionais horas antes do início da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP28), em Dubai, Emirados Árabes Unidos.
Em sua mensagem, reiterou o compromisso do organismo para se somar a iniciativas que promovam a transformação dos sistemas agroalimentares para enfrentar a crise climática e que, ao mesmo tempo, gerem um maior bem-estar para toda a população.
Na COP28, foro que atrairá a atenção mundial, o IICA, juntamente com seus 34 Estados membros e organizações aliadas dos âmbitos público e privado, instalará a Casa da Agricultura Sustentável das Américas. O pavilhão, que no ano passado foi montado na COP27, no Egito, albergará as discussões do mais alto nível sobre o papel da agricultura regional nos esforços de mitigação e adaptação ao aquecimento global.
Otero enfatizou que a atividade agropecuária tem uma responsabilidade marginal nas emissões globais de gases de efeito estufa, mas apesar disso, tanto entre produtores como no setor público da agricultura existe um sólido consenso sobre a importância de atuar coordenadamente para enfrentar a crise climática e, ao mesmo tempo, reduzir os níveis de insegurança alimentar.
Enfatizou também que o setor agropecuário é o único setor que pode não somente reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, mas também fazer uma contribuição fundamental para a mitigação da mudança do clima, sendo um sumidouro líquido de carbono. Além disso, é fundamental para a adaptação e a resiliência perante fenômenos meteorológicos extremos, afirmou.
“Se considerarmos as emissões por hectare da produção agropecuária em geral, inclusive o desmatamento, a América Latina e o Caribe têm menos emissões, medidas em dióxido de carbono equivalente, do que a União Europeia. Isso foi conseguido com um grande esforço em ciência e tecnologia e outras políticas públicas e, sobretudo, com a coragem e decisão dos produtores e trabalhadores dos sistemas agroalimentares”, afirmou Otero.
Avanços na sustentabilidade
A COP28 em Dubai será um âmbito de discussão crucial sobre o presente e o futuro dos modos de produção e consumo de toda a humanidade que reunirá 70.000 líderes mundiais, entre chefes de Estado e de Governo, altos funcionários nacionais, industriais, dirigentes do agro, acadêmicos, especialistas, jovens e representantes do setor privado e ONGs.
Nesse contexto, as autoridades públicas e os produtores do continente terão, no pavilhão do IICA e seus parceiros, um cenário privilegiado para mostrar os avanços para uma maior sustentabilidade e para a promoção de uma agricultura regenerativa, que aplica o enfoque de Uma Só Saúde, por uma região decisiva para a segurança alimentar e a conservação ambiental no mundo.
“A América Latina e o Caribe, com sua riqueza de recursos naturais, é e será, sob qualquer cenário futuro, um ator estratégico na segurança alimentar e ambiental global. Essa realidade e os desafios propostos pelos ODS e o Acordo de Paris fizeram com que os países da região, com o apoio do IICA, trabalhem juntos em diferentes âmbitos internacionais, a fim de apresentar a perspectiva regional e coordenar posições e potencializar os recursos com base em interesses comuns”, explicou Otero.
A participação do IICA e seus parceiros no encontro global foi aprovada formalmente na última Conferência de Ministros da Agricultura das Américas, realizada em outubro, em São José, Costa Rica.
Nessa ocasião, ministros e altos funcionários dos 34 Estados membros referendaram a constituição de uma parceria continental para a segurança alimentar e o desenvolvimento sustentável nas Américas, que propõe um roteiro de ações concretas para otimizar as contribuições da região para a economia regional e global.
Também apoiaram o trabalho do organismo como promotor da ação coletiva e da adoção de posições comuns perante a crise ambiental, que incluem a reivindicação firme aos países desenvolvidos de que o setor agropecuário tenha acesso ao financiamento climático, uma vez que o custo das transformações não pode ser colocado nos produtores.
Vulnerabilidade a fenômenos extremos
Otero explicou que a expectativa do setor agroalimentar das Américas na COP28 é que se reconheça que a agricultura é um setor particularmente vulnerável à mudança do clima, estratégico para os meios de vida de milhões de pessoas em todo o planeta e é parte da solução à crise climática. Além disso, espera-se que se comece a avançar na articulação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) com os objetivos de adaptação, resiliência e mitigação do Acordo de Paris.
Otero especificou que o setor agroalimentar da América Latina e do Caribe aumentou significativamente a sua produtividade nas décadas recentes, com um crescimento mínimo da superfície dedicada à agricultura e uma redução de suas emissões de gases de efeito estufa.
“Os sistemas agroalimentares da região — afirmou — não são malsucedidos, como procuram argumentar algumas narrativas. Isso não significa que não haja coisas a serem melhoradas. Há muito a ser feito e muitos problemas a resolver: ainda há 43 milhões de pessoas que padecem de fome; um pouco mais de 133 milhões que não podem ter acesso a uma dieta saudável e mais de 110 milhões de adultos obesos”.
“A parceria continental para a segurança alimentar e o desenvolvimento sustentável nas Américas — concluiu — parte da visão de que o hemisfério ocidental, como maior produtor e exportador mundial de alimentos, tem um papel central perante os desafios globais. O setor agropecuário quer reforçar a sua liderança, aprofundar ainda mais o salto tecnológico apoiado na ciência e na inovação e está pronto para continuar alimentando a região e o mundo em harmonia com a natureza.”
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