Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura

Agricultura Cadeias agrícolas Seguridade alimentária e nutricional

Em evento de alto nível, peritos das Américas destacam a importância dos cereais e oleaginosas nos sistemas agroalimentares sustentáveis

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O seminário virtual foi organizado pelo IICA para promover a perspectiva do Hemisfério Ocidental e suas práticas de produção sustentável em preparação para a Cúpula de Sistemas Alimentares de 2021 convocada pela ONU.

En el evento participaron más de una docena de expertos en la materia ligados a los sectores público, agroindustrial, productivo y de investigación de Argentina, Brasil, Canadá, Estados Unidos y Uruguay, países referentes en producción y exportación de cereales y oleaginosas.

São José, 5 de maio de 2021 (IICA). Os cereais, as oleaginosas e seus derivados são e continuarão sendo essenciais para a segurança alimentar global nas próximas décadas, devido à sua contribuição central na dieta da população, suas contribuições de energia e proteínas, seus benefícios para a saúde humana, suas contribuições para o desenvolvimento socioeconômico das Américas e pela força do setor que os produze, que avança para sistemas produtivos cada vez mais sustentáveis.

Assim foi proposto pelos especialistas convocados pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) em um seminário de alto nível que buscou divulgar conhecimentos atualizados, critérios técnicos e conceitos comprovados sobre o papel dos grãos e das sementes oleaginosas no sistema alimentar sustentável, além de explorar oportunidades e desafios do setor para o futuro.

Participaram do evento virtual o Vice-Ministro Adjunto de Agricultura e Agroalimentação do Canadá, Tom Rosser; o Secretário de Agricultura Familiar e Cooperativas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, Fernando Schwanke; o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero; e mais de uma dúzia de peritos no assunto ligados aos setores público, agroindustrial, produtivo e de pesquisa da Argentina, do Brasil, do Canadá, dos Estados Unidos e do Uruguai, países que são referência em produção e exportação de cereais e oleaginosas.

A iniciativa é parte dos esforços no processo de diálogo e consultas realizado pelo IICA para a Cúpula sobre Sistemas Alimentares das Nações Unidas, pelos quais busca assegurar uma representação adequada das Américas, de seus governos, instituições e agricultores nesse foro global.

No seminário virtual foi abordada a contribuição do hemisfério ocidental à segurança alimentar mundial, os benefícios dos cereais e das sementes oleaginosas para a saúde e a nutrição, a sustentabilidade dessa atividade produtiva, a importância da adoção de tecnologia e inovações, seu papel no desenvolvimento socioeconômico e o concernente à importância do comércio internacional para os sistemas alimentares e a segurança alimentar mundial.

“A produção de cereais representa matar a fome mundial. O Brasil atualmente produz quase 300 milhões de toneladas de cereais de maneira sustentável, e consideramos que o nosso continente deve mostrar ao mundo a sua importância na segurança alimentar mundial. Continuaremos a fazer crescer um setor sustentável para garantir a segurança alimentar”, afirmou Schwanke.

Segundo foi indicado no webinar, a América é responsável por 26% de todos os cereais produzidos no mundo e por 35% da produção mundial de cultivos oleaginosos. Do total de cereais produzidos na região, 74% é milho e 15%, trigo; enquanto 79% do total das oleaginosas produzidas é de soja, 6% de palma de óleo e 6%, de canola.

“O setor de grãos e oleaginosas é muito forte; no Canadá, representa 45% das exportações. O desenvolvimento da região sempre esteve intrinsecamente ligado ao desenvolvimento do setor, e o vemos como a base para a recuperação depois da pandemia, para o crescimento e o progresso a longo prazo do nosso país, além de fundamental para a segurança alimentar global”, acrescentou, por sua vez, Rosser.

No encontro, o Diretor Executivo do Conselho de Exportação de Soja dos Estados Unidos (USSEC, sigla em inglês), Jim Sutter, comentou que, “só em 2020, os países do hemisfério ocidental produziram 400 milhões de toneladas de grãos para os consumidores do mundo”.

“Essa foi a quantidade exportada, representando 60% do comércio mundial de cereais, quero dizer, de cereais como milho, soja e arroz”, complementou.

Também foi destacado que só a demanda mundial de soja cresceu 101,2% nos últimos 20 anos, enquanto as importações, nesse mesmo período, aumentaram a uma taxa de 5,8% ao ano. A China é a nação que tem liderado as compras, desde a colheita de 2002-03, com uma participação de 60% na última colheita.

Sobre os benefícios dos cereais e das sementes oleaginosas para a saúde e a nutrição, foi indicado que, por exemplo, legumes como lentilhas, ervilhas, grão de bico e feijão são produtos acessíveis e essenciais em dietas saudáveis e equilibradas.

“Esses produtos fazem parte de qualquer dieta saudável, pois diminuem o colesterol, oferecem muita fibra, melhoram a saúde digestiva, diminuem o problema do aumento de açúcar, depois de produzir glicemia pós-prandial, e são importantes para controlar o apetite e o peso”, ressaltou o CEO da Associação Canadense de Cultivos Especiais, Gordon Bacon.

Mais ciência, tecnologia e comércio sem barreiras

No diálogo, os peritos concordaram que, embora a América Latina e o Caribe estejam em um processo gradual e contínuo de transformação para sistemas sustentáveis e que respeitam o meio ambiente, o setor dos cereais e oleaginosas deve aproveitar mais as oportunidades oferecidas pela ciência, a tecnologia e a inovação para produzir mais com menos, fazendo um uso eficiente de recursos naturais e, assim, satisfazer a demanda para uma população cada vez maior.

Citaram a biotecnologia para a obtenção de variedades de sementes mais resistentes a herbicidas, pragas e doenças pela edição genética; a agricultura de precisão, para um uso eficiente de insumos e recursos naturais, como solo e água; bem como o emprego de boas práticas agrícolas, como a semeadura direta, o rodízio de cultivos, os cultivos de cobertura e o plantio direto, entre outras.

“Os avanços nessa área, especialmente no campo da biotecnologia, da ciência de dados e das tecnologias da informação e comunicação, bem como as boas práticas agrícolas, permitirão alcançar produções substancialmente maiores e mais sustentáveis no futuro, algo que é essencial frente aos desafios que serão enfrentados quanto à mitigação e adaptação aos efeitos da mudança do clima”, valorizou o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero.

Com relação a isso, os especialistas enfatizaram a relevância para o setor de um comércio dinâmico, transparente e baseado em regras emanadas do multilateralismo, para poder cumprir seu papel como contribuinte fundamental à segurança alimentar global.

“O comércio mundial é fundamental para a segurança alimentar mundial, boa parte do consumo de alimentos depende de importações; a colocação de barreiras não aduaneiras ao comércio é um grave erro, em termos de segurança alimentar mundial”, concluiu Marcelo Regúnaga, do Grupo de Países Produtores do Sul (GPS) e ex-Secretário de Agricultura, Pecuária e Pesca da Argentina.

Os pontos de vista compartilhados no seminário virtual serão compilados em uma publicação do IICA como contribuição para os debates técnicos e de políticas que formarão a postura de seus Estados membros, ministérios da agricultura e setor privado para a Cúpula de Sistemas Alimentares de 2021.

O evento, as apresentações e mais informações sobre o webinar estão disponíveis aqui.

 

Mais informação:
Horrys Friaca, Representante Encarregado nos Estados Unidos.
horrys.friaca@iica.int

 

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