O evento serviu para oferecer uma caixa de ressonância a produtores do continente focados em boas práticas e que geram grandes benefícios não só para eles, mas também para os consumidores.
Dubai, Emirados Árabes Unidos, 6 de dezembro de 2023 (IICA) — No maior foro ambiental do mundo, a bioeconomia circular das Américas mostrou sua importância como ferramenta para produzir alimentos, fibras e energias limpas em harmonia com a natureza e, ao mesmo tempo, sustentar a segurança alimentar e nutricional do planeta, favorecendo também a geração de maiores receitas para os habitantes rurais.
Produtores agropecuários, especialistas acadêmicos e representantes do setor privado se uniram em uma apresentação que despertou grande interesse na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP28), realizada no pavilhão que o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) tem na Expo City de Dubai.
O evento serviu para oferecer uma caixa de ressonância a produtores do continente focados em boas práticas e que geram grandes benefícios não só para eles, mas também para os consumidores.
A otimização dos sistemas produtivos mediante a reutilização dos resíduos, a reciclagem, a boa gestão da água, o emprego de práticas regenerativas com bioinsumos e a fabricação de biomateriais são algumas das características da bioeconomia circular, que realiza uma contribuição tanto para a mitigação como para a adaptação à mudança do clima.
Consequentemente, é fundamental como contribuição para que o mundo possa alcançar o objetivo fixado no Acordo de Paris, de manter o aumento da temperatura global abaixo dos 2 graus centígrados em relação à época pré-industrial.
Ana Carolina Zimerman, agricultora do Brasil que prioriza práticas conservacionistas, e Ray Gaesser, produtor agropecuário dos Estados Unidos, do estado de Iowa, foram dois dos expositores.
Também participaram Grazielle Parenti, chefe da América Latina na companhia Syngenta, e o professor John Reid, da Sociedade Americana de Engenheiros Agrônomos e Biológicos (ASABE). O moderador foi Ernie Shea, Presidente da Soluções da Terra (Solutions from the Land), organização que promove o desenvolvimento agrícola sustentável como solução para a mudança do clima e outros desafios globais.
O pavilhão do IICA na COP28 leva o nome de Casa da Agricultura Sustentável das Américas e, pela segunda vez consecutiva — também esteve presente na COP27, no Egito — é cenário das discussões do mais alto nível sobre o papel da agricultura regional nos esforços de mitigação e adaptação.
Gerar maiores receitas
Ana Carolina Zimerman contou que atua há poucos como produtora agropecuária e que sua visão mudou quando se perguntou como os pecuaristas podem gerar receitas não somente pela produção de carne, mas também por outros bens e serviços que podem aportar.
“Nas cidades, muitos têm uma má imagem dos produtores, mas somos nós que produzimos com a natureza e os primeiros interessados em cuidar dela. O hiato entre o campo e as cidades deve ser eliminado, sendo necessário que entendam que, nas zonas rurais, não estamos gerando problemas, mas criando soluções”, disse Zimerman, que se mostrou orgulhosa, nesse sentido, de que nas últimas décadas o Brasil passou de importador de produtos agropecuários a um exportador, graças ao uso da ciência, da tecnologia e da pesquisa e aplicação de técnicas de restauração dos ambientes.
A agricultora brasileira também alertou que a bioeconomia circular, além de seus benefícios ambientais, também aporta grandes vantagens produtivas e, por isso, repercute positivamente nos três pilares da sustentabilidade, que são o econômico, o social e o ambiental.
“Não importa para que país ou região alguém olhe: Os agricultores estão sempre buscando inovar, cuidar do ambiente e gerar receitas para manter suas famílias”, entusiasmou-se Ray Gaesser, agricultor que produz em Corning, Iowa, desde 1977 e que tem uma participação em sua comunidade. Tendo passando por cargos em diversas associações de produtores, Gaesser é um promotor das práticas regenerativas e da geração e uso de energias renováveis para a produção agropecuária.
Grazielle Parenti, da Syngenta, baseada em São Pablo, considerou que o grande segredo da produção agropecuária, como o de qualquer outro negócio, é produzir mais com menos e que, para isso, a ferramenta ideal é a bioeconomia circular. “O Brasil, por exemplo, tem uma legislação que responsabiliza os produtores pelo lixo que geram. Então, todas as companhias se perguntam que oportunidades existem para reutilizar os desperdícios. E isso é muito positivo para o campo, uma vez que todo resíduo pode ser convertido em algo de valor”, explicou a executiva.
Parenti fez um reexame do grande movimento de inovação que existe hoje nas zonas rurais das Américas. “Muitos estão pensando em como produzir a energia localmente. Pode ser com painéis solares ou com biodigestores que processam os resíduos da produção animal. Também em produzir biofertilizantes com resíduos. A bioeconomia está gerando grandes oportunidades tanto para os pequenos produtores como para as grandes companhias, que estão investindo. Estão acontecendo muitas coisas no campo”, enfatizou Parenti.
John Reid também abriu um panorama otimista com as possibilidades que a bioeconomia circular oferece e incentivou o setor produtivo e a academia a quantificar os resultados e divulgá-los para que sejam conhecidos pelo público. “Falta — afirmou — promover mais inovação e impulsionar a geração de maior valor agregado nos produtos biológicos. Para isso devemos trabalhar sobre a cultura da maioria, educar os consumidores e construir parcerias que nos permitam ampliar o nosso alcance. Todos os resíduos têm valor, mas não podemos pedir à sociedade que compreenda isso de uma só vez. Assim como os produtores rurais são parte da solução à mudança do clima, os consumidores também o são, e por isso devemos envolvê-los”.
Margaret Zeigler, Representante do IICA nos Estados Unidos, foi apresentadora do evento.
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