As manifestações de apoio e os pedidos por novas ações coordenadas ocorreram no âmbito do primeiro encontro de 2022 entre o IICA e o corpo diplomático credenciado na Costa Rica, realizado de forma presencial na sede central do Instituto.
São José, 22 de abril de 2022 (IICA) — Embaixadores e chefes de missão de 18 países da América Latina e do Caribe, do Canadá, dos Estados Unidos e da Espanha apoiaram as ações do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) em prol da segurança alimentar e manifestaram a necessidade de assegurar o diálogo e os entendimentos regionais para enfrentar uma difícil conjuntura caracterizada pela disparada dos preços dos alimentos e da energia.
As manifestações de apoio e os pedidos por novas ações coordenadas ocorreram no âmbito do primeiro encontro de 2022 entre o IICA e o corpo diplomático credenciado na Costa Rica, realizado de forma presencial na sede central do organismo internacional especializado em desenvolvimento agropecuário e rural, depois de dois anos de reuniões virtuais devido à crise sanitária causada pela propagação da Covid-19.
Perante os chefes das missões diplomáticas na Costa Rica e a Vice-Chanceler das Relações Exteriores do país centro-americano, Adriana Bolaños, o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, falou sobre os efeitos da crise no Leste Europeu nos sistemas agroalimentares das Américas, destacando que esse contexto se soma às graves consequências econômicas e sociais que foram produzidas por mais de dois anos de pandemia e ao agravamento da crise climática.
“Assistimos a uma superposição de crises. Estamos superando a crise imposta pela Covid-19, mas a situação climática é realmente muito séria. A seca impactou praticamente 50% da produção de grãos do Paraguai, afetou severamente o Brasil e a Argentina e regiões do Chile enfrentam um estresse hídrico não visto há mais de uma década”, considerou Otero.
“Os canais de transmissão do conflito para a região ocorrem tanto pelas restrições ao comércio agroalimentar, pelo comércio e os preços dos fertilizantes e pela aceleração no aumento dos preços dos alimentos e da energia”, acrescentou.
Após compartilhar cifras sobre o comércio agroalimentar entre a Rússia, a Ucrânia e a América Latina e o Caribe, falar sobre a dependência regional nas importações de fertilizantes do Leste Europeu e advertir sobre um aumento da já generalizada vulnerabilidade alimentar de alguns países da região, especialmente no Caribe, e do custo das importações de alimentos, Otero ressaltou que “a roda da agricultura deve continuar a girar”, e lembrou que a atividade deve ser vista e considerada como “uma ferramenta central para a paz”.
Também mencionou os efeitos do aumento do preço da energia nos custos do transporte e na desestruturação de cadeias logísticas e ofereceu um panorama sobre as medidas adotadas por diversos países no mundo para mitigar os efeitos inflacionários da guerra, como limitações às exportações, no caso de países produtores, e a adoção de medidas para incentivar a produção doméstica de fertilizantes.
“Os países exportadores estão cautelosos quanto ao descarte de excedentes e os importadores líquidos buscam não aumentar os preços dos alimentos”, descreveu.
Após a exposição, Otero disse que a conjuntura coloca a segurança alimentar, e por extensão a atividade agropecuária e a ruralidade, no topo da agenda global, lembrou a importância do continente americano por seu papel de avalista da segurança alimentar e nutricional e da sustentabilidade ambiental do mundo e indicou que as parcerias entre produtividade e meio ambiente devem ser fortalecidas.
“É hora de passar do consenso à ação. Devemos atuar e promover o comércio e a integração regional, e assumir que o caminho para o desenvolvimento sustentável torna indispensável o investimento em ciência, tecnologia e inovação — e o terceiro caminho é uma nova geração de políticas públicas para os 16,5 milhões de agricultores familiares das Américas, fortalecendo o cooperativismo e a associatividade”, expressou.
Depois da exposição, ocorreu um intercâmbio de informações e ideias entre os diplomatas presentes, que destacaram o papel do IICA como promotor da ação coletiva em benefício dos países.
“Agradeço a permanente disponibilidade do IICA e sua capacidade para nos manter informados. A transparência, a visibilidade, a prestação de contas, fazem do IICA uma instituição séria, confiável e próxima”, disse o Embaixador do Chile, Oscar Alcamán.
Por sua vez, a Vice-Chanceler Bolaños apontou que “vivemos na região mais desigual do mundo, e a situação da Rússia e da Ucrânia acaba por afetar os países mais vulneráveis e os grupos mais vulneráveis de nossos países. Quando não temos nossos povos bem alimentados, isso é um terreno fértil para outros cenários muito mais graves”, indicou, também abordando problemas como a mudança do clima e os fluxos migratórios.
Também participaram do debate: o Embaixador do Brasil, Antonio Francisco da Costa, que enfatizou a ideia do “desenvolvimento sustentável como um conceito central” e lembrou a importância do setor agropecuário para contribuir para a segurança energética; e a Encarregada de Negócios da Embaixada do Peru, Noela Pantoja, que se referiu aos “riscos do protecionismo” e pediu por “um olhar estratégico da região como um todo” que ajude, “junto com o potencial do IICA” no desenvolvimento de alternativas autônomas, por exemplo, na produção de fertilizantes.
A Embaixadora do Canadá, Elizabeth Williams, e a Encarregada de Negócios de Trinidad e Tobago, Anesa Ali-Rodriguez, por sua vez, fizeram intervenções ressaltando, no primeiro caso, “a importância da cooperação” e, no que se refere ao país caribenho, o “custo crescente das importações de alimentos”.
Os embaixadores do Uruguai, Carlos Alejandro Barros, e do Equador, Bolívar Vicente Torres, também ressaltaram a importância de organismos multilaterais, como o IICA, destacando a cooperação como uma atividade essencial, especialmente para países pequenos e vulneráveis.
A Embaixadora Mayerlyn Cordero Díaz, da República Dominicana, felicitou o IICA “por seu trabalho próximo com os países”, indicando que se trata de um organismo que “é um aliado muito importante para o desenvolvimento agrícola e, portanto, para o desenvolvimento econômico e social”.
Ao encerramento da atividade, os diplomatas visitaram o Centro de Interpretação do Amanhã da Agricultura (CIMAG), um centro de inovação que une o setor agrícola e a educação, promovido pelo IICA em parceria com a Microsoft, Bayer e Lego (pelo Aprender Fazendo), entre outras empresas, em que se ressalta o papel fundamental das novas tecnologias no setor agrícola pela experimentação virtual e interativa, e o laboratório de inovação para o setor agropecuário, Fab-Lab.
“O IICA desempenha um papel fundamental na região, pois lida com temas essenciais que são temas cada vez mais presentes”, concluiu a Vice-Chanceler Bolaños ao término da visita.
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