As ideias foram discutidas durante o IV Foro de Ministras, Vice-ministras e Altas Funcionárias das Américas, organizado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), na sua sede em São José, Costa Rica.
São José, 23 de agosto de 2023 (IICA) – Representantes de organismos internacionais enfatizaram a importância das ações de cooperação para estimular os sistemas integrais de cuidados dirigidos às mulheres rurais, que contribuem para reduzir a diferença de gênero.
Nesse sentido, sublinharam a importância de impulsionar um financiamento adequado para as pequenas agricultoras, que frequentemente realizam trabalhos sem pagamento.
As ideias foram discutidas durante o IV Foro de Ministras, Vice-ministras e Altas Funcionárias das Américas, organizado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), na sua sede em São José, Costa Rica.
O objetivo do encontro foi avançar com passos estratégicos em um ambiente tradicionalmente masculino. Por tanto, esta instância tem um valor indispensável na construção da agenda hemisférica dos sistemas agroalimentares.
No painel sobre a cooperação internacional participaram Alejandra Mora Mora, Secretária Executiva da Comissão Interamericana de Mulheres, CIM/OEA; Ana Guezmes García, Diretora da Divisão de Assuntos de Gênero do CEPAL; Claudia Brito, Oficial de Políticas, Especialista em Gênero e Sistemas Sociais e Institucionais da FAO; Patricia Cossani, Especialista em Cuidados e Proteção Social do ONU Mulheres e Priscila Zúñiga Villalobos, Gerente do Programa de Equidade de Gênero e Juventude do IICA.
No painel sobre financiamento estiveram Jyotsna Puri, Vice-presidenta Adjunta encarregada do Departamento de Estrategia e Conhecimentos do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA); Gloriana Jiménez, Executiva de Instituições Financeiras e Programas Estratégicos do Banco de Integração Econômica da América Central (BCIE); Joanne Catherine Gaskell, Economista Agrícola Sênior do Banco Mundial; Laura Margarita Fernández Lord, Responsável de Sustentabilidade, Equidade e Inclusão da Fundação Microfinanzas do BBVA e María Teresa Villanueva, Especialista Principal da Divisão de Gênero e Diversidade, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Puri enfatizou a necessidade de facilitar a chegada de investimentos que permitam que as pequenas agriculturas tenham financiamento para aumentar a sua produtividade e sua resiliência frente ao impacto da mudança climática.
“Estamos desenvolvendo no FIDA pacotes misturados de financiamento com diferentes ferramentas como empréstimos e subsídios. E estamos tentando acompanhar companhias agrotecnológicas, de forma que apoiem às pequenas agricultoras”, explicou.
Puri disse que uma das perguntas críticas que devem ser feitas no setor agroalimentar é “por que vemos tão pouca mobilização financeira?” e explicou que em boa parte se deve a que as zonas rurais são lugares muito pequenos, onde existe pouca economia de escala, e muitas vezes os pequenos proprietários nas zonas rurais não estão organizados em grupos.
Desigualdade e discriminação
“Acredito que estamos na região mais desigual do mundo, e para os que estamos trabalhando com as mulheres no cotidiano, cuidado é relacionado com a nova onda do feminismo, é uma proposta disruptiva, significa falar da inter-relação e a interdependência entre as pessoas e deixar o mundo do individual. Os homens também devem ter um olhar diferente sobre o que acontece dentro da família”, afirmou Alejandra Mora Mora.
“Se nós queremos dar uma cara à fome, ao sobrepeso e à obesidade na América Latina, essa cara é de mulher”, afirmou Claudia Brito da FAO, e acrescentou: “É essencial o acesso à posse de terra como um elemento para a transformação da situação de discriminação em que vivem as mulheres no mundo rural”.
Ana Gûezmez García, do CEPAL, advertiu que as mulheres dedicam o triplo do tempo ao trabalho doméstico e de cuidados comparado com os homens: “Isso é sistêmico em todos os países da região; as mulheres trabalhamos mais horas, e quando vamos às áreas rurais vemos que existe uma diferença muito maior”.
Gûezmez García enfatizou a necessidade de “superar a divisão sexual de trabalho, reconhecer o cuidado como um direito, ter estruturas normativas, mas também uma proposta maior e falar das políticas do cuidado como uma resposta transformadora. Ou seja, como uma resposta audaciosa, civilizatória, contundente que os países podem executar.”
Pelo seu lado, Priscila Zúñiga Villalobos explicou que o Programa de Equidade de Gênero e Juventude do IICA procura apoiar aos Estados no desenvolvimento da geração de políticas públicas e programas que fortalecem a perspectiva de gênero e, sobretudo, que visibilizem o papel das mulheres na agricultura.
Para o IICA é uma prioridade trabalhar por uma economia dos cuidados, o reconhecimento da necessidade da territorialização dos esforços para alcançar a igualdade entre gêneros.
“Como Programa de Equidade de Gênero e Juventude do IICA, temos um mandato muito claro, que é justamente fortalecer a inserção da perspectiva de gênero e o apoio às juventudes rurais para conquistar essa igualdade substancial nas Américas que tanto esperamos”, finalizou.
Mais informação:
Gerência de Comunicação Institucional do IICA.
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