As realizações dessa iniciativa, que conseguiu articular com êxito esforços públicos e privados para combater a degradação dos solos, foram relatadas por diversos de seus protagonistas em um evento na Casa da Agricultura Sustentável das Américas, pavilhão que o IICA instalou no Centro de Convenções de Sharm el-Sheikh com o apoio de seus países membros e parceiros internacionais.
Sharm el-Sheik, Egito, 17 de novembro de 2022 (IICA) – Solos Vivos nas Américas, programa que o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e o laureado cientista Rattan Lal vêm desenvolvendo há dois anos, foi apresentado na COP-27, o foro de maior relevância global em que se discute a luta contra a mudança do clima e pela proteção dos recursos naturais.
As realizações dessa iniciativa, que conseguiu articular com êxito esforços públicos e privados para combater a degradação dos solos, foram relatadas por diversos de seus protagonistas em um evento na Casa da Agricultura Sustentável das Américas, pavilhão que o IICA instalou no Centro de Convenções de Sharm el-Sheikh com o apoio de seus países membros e parceiros internacionais.
Rattan Lal, considerado a máxima autoridade mundial em ciências do solo e Diretor do Centro de Gestão e Sequestro de Carbono (C-MASC) na Universidade Estadual de Ohio, enfatizou que 40% da terra no mundo é usada para a agricultura e que os sistemas agroalimentares são fonte de 33% do total de gases de efeito estufa – o que não impede que centenas de milhões de pessoas no mundo sofram de fome e desnutrição.
“Por isso, o objetivo desse programa que iniciamos com o IICA é contribuir para deter os processos de degradação da terra mediante a gestão dos solos. Esta é a única maneira de garantir a saúde dos ecossistemas e das sociedades”, afirmou.
Lal, ganhador do Prêmio Mundial da Alimentação em 2020, Embaixador de Boa Vontade do IICA e Enviado Especial do Instituto à COP-27, observou que o solo pode ser utilizado como sumidouro de carbono, o que faz da agricultura uma solução para a mudança do clima e para a crise ambiental.
“Fico cada vez mais otimista quando escuto o compromisso dos pequenos agricultores e dos formuladores de políticas públicas. Com a liderança do IICA resolveremos o dilema de proteger nossos recursos naturais e garantir, ao mesmo tempo, a segurança alimentar”, acrescentou Lal.
Manuel Otero, Diretor Geral do IICA, detalhou o programa e explicou que sua ideia central é sensibilizar os países e os produtores rurais sobre a importância de se cuidar da saúde dos solos, ação indispensável para se ter um futuro de prosperidade.
Parceria público-privada como eixo
O Ministro de Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai, Fernando Mattos, e o Secretário Adjunto de Inovação e Tecnologia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, Cleber Soares, foram dois dos palestrantes no evento, que também teve um segmento dedicado às empresas associadas à iniciativa.
Participaram Mauricio Rodrigues, Presidente da Bayer Crop Science América Latina, e Daniel Vennard, Chefe de Sustentabilidade da Syngenta. A Representante do IICA nos Estados Unidos, Margaret Zeigler, foi a moderadora. A iniciativa é apoiada pela Bayer, Syngenta e PepsiCo.
“Não haverá produção se não tivermos solos vivos. Por isso, precisamos cuidar e entender constantemente os solos. O Uruguai tem uma longa história nessa matéria”, afirmou Mattos.
O ministro uruguaio explicou que, em seu país, todos os produtores agropecuários têm a obrigação de apresentar um plano de gestão de solos e que cabe a seu ministério punir condutas inadequadas, realizando para tanto uma contínua fiscalização.
“Os produtores têm forte consciência da necessidade de proteger o solo, que é seu principal recurso”, apontou.
Cleber Soares, ex-Diretor da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), disse que, no Brasil, os solos são quase todos muito pobres, à diferença da Argentina e do Uruguai, cuja fertilidade natural é muito boa. “Por isso”, reconheceu, “há 40 ou 50 anos investimos muito em fertilização e no combate à acidificação. Se não, o Brasil não seria o que é na agropecuária”.
Soares explicou que o Brasil fez uma verdadeira revolução em fertilização e que hoje planta 40 milhões de hectares utilizando a fixação biológica de nitrogênio. “Pesquisamos permanentemente e temos 17 milhões de hectares com tecnologias altamente descarbonizantes”, revelou.
Daniel Vennard referiu-se à contribuição da indústria para o cuidado dos solos. “Podemos utilizar inovação e conhecimento para entender melhor o solo. Estamos trabalhando em novas variedades que requerem menos nutrientes, o que favorece a redução do uso de fertilizantes e ajuda os agricultores a otimizar a utilização de insumos”, informou.
“Nossa indústria é um ator muito importante para assumir essa agenda e ver como podemos acelerá-la”, acrescentou.
Maurício Rodrigues, com 20 anos de experiência na América Latina, falou das parcerias de sua companhia para impulsionar projetos de cultivos de batata na Argentina, café no Brasil e produção de leite no Chile, entre outros.
“Seguimos focados na combinação entre inovação e sustentabilidade e continuaremos avançando na colaboração com instituições científicas públicas, como a EMBRAPA no Brasil, e com universidades”, concluiu.
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