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Ministro da Agricultura do Paraguai lança bateria de medidas para auxiliar os produtores frente ao impacto de uma severa seca

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O Ministro Santiago Moisés Bertoni detalhou iniciativas que incluem outorga de créditos, refinanciamento de dívidas e postergação de vencimentos tributários e ajuda a pequenos produtores para a compra de combustível e sementes.

Santiago Bertoni, Ministro de Agricultura y Ganadería de Paraguay y presidente del Comité Ejecutivo del IICA.

São José, 9 de março de 2022 (IICA). O governo do Paraguai enfrenta de maneira ativa, com uma ampla gama de medidas paliativas, a situação vivida pelos produtores agropecuários devido a uma seca histórica.
 
O Ministro da Agricultura e Pecuária da nação sul-americana, Santiago Moisés Bertoni, detalhou as iniciativas em uma entrevista no programa AgroAmérica, transmitido pelo canal de TV AgroMais, do Brasil.
 
As decisões incluem a concessão de créditos, o refinanciamento de dívidas e a postergação de vencimentos tributários e também, no caso dos pequenos produtores, ajuda direta para a compra de combustível e sementes.
 
“O agricultor paraguaio sempre sai na frente, como já demonstrou muitas vezes em situações muito difíceis. Estamos trabalhando arduamente para que isso seja não só uma lembrança ruim no curto prazo, mas que seja também uma oportunidade para a implementação de melhores soluções para a produção agropecuária”, contou Bertoni.
 
Há mais de dois a seca tem provocado uma baixa na bacia do Rio Paraná — um dos mais importantes da América do Sul — e tem afetado a atividade econômica também no Brasil e na Argentina, além do Paraguai.
 
“O nosso país é eminentemente agrícola e, diferentemente de outros países da região, não contamos com litoral marítimo. Assim, devido à nossa distância do mar, precisamos importar os insumos e exportar nossa produção com um sobrecusto significativo. Ultimamente, a falta de chuvas tem afetado o nosso principal produto de exportação, que é a soja”, indicou o Ministro Bertoni.
 
E acrescentou: “Temos uma superfície cultivada de 3,2 milhões hectares severamente impactada pela seca e estimamos uma redução na produção entre 50 e 60%. Esse ano teremos provavelmente a pior colheita desde que a agricultura em grande escala começou”.
 
O Ministro revelou que o fenômeno também afetou a produção pecuária, uma vez que a falta de água provocou a falta de forragem normalmente consumida pelos animais. “Felizmente nas últimas semanas tivemos mais chuvas, e esperamos que a situação melhore um pouco antes do inverno”, indicou.
 
Bertoni reconheceu que a economia paraguaia depende muito do transporte fluvial pelos rios Paraná e Paraguai, o que tem sido muito difícil nos últimos tempos: “Devido ao baixo nível da água, as barcas não podem navegar com a carga completa, e isso gera sobrecustos no transporte tanto para a exportação como para a importação de insumos. O Paraguai tem a terceira maior frota de barcas do mundo, só superada pelos Estados Unidos e o Brasil”.
 
A baixa do nível dos rios aumenta as complicações de um cenário que já se apresentava difícil, pelos aumentos nos preços de insumos importados pelo Paraguai, como fertilizantes nitrogenados.
 
Agora, Bertoni afirmou que o conflito no Leste Europeu acrescenta mais incertezas, uma vez que a Rússia compra de 25 a 30% das exportações pecuárias paraguaias.
 
Na entrevista, Bertoni também se referiu à importância das novas tecnologias para melhorar a produção agrícola e torná-la mais resiliente.
 
“A cooperação regional — afirmou — sempre é importante para o intercâmbio de tecnologias e boas práticas agrícolas, focadas em tornar a produção mais resiliente diante dos fenômenos climáticos extremos, cada vez mais frequentes. A nossa região é uma produtora de alimentos muito importante para o mundo, de modo que temos uma grande responsabilidade e devemos encontrar os mecanismos para que os agricultores tenham acesso à tecnologia e ao conhecimento para continuar produzindo”.
 
Também com respeito aos impactos da mudança do clima, Bertoni contou que o Paraguai está trabalhando com organismos multilaterais de cooperação para facilitar a aplicação universal do seguro agrícola.
 
Neste sentido, enfatizou: “Precisamos melhorar as informações sobre o clima, com mais estações meteorológicas mais bem distribuídas no território nacional, de maneira que esses seguros tenham um custo adequado para o produtor. Além disso, devemos dotar as diferentes regiões produtivas de infraestrutura pública de irrigação. Com a cooperação do Japão, estamos avançados em um projeto para utilizar a irrigação na zona adjacente à represa de Yacyretá. Esse tipo de infraestrutura precisa ser cada vez mais comum na região, para que a água seja utilizada a favor da produção e do cuidado com o ambiente”.
 
Bertoni elogiou também o trabalho do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) na articulação de uma mensagem convergente dos países das Américas para a Cúpula de Sistemas Alimentares de 2021 das Nações Unidas.
 
“Foi acordado um documento — enfatizou — que permitiu à região destacar seu papel na produção e na sustentabilidade dos sistemas agroalimentares mundiais. Pudemos destacar que as transformações devem estar baseadas em ciência, e não em informações tendenciosas ou de origem política que buscam colocar no banco dos réus um setor tão importante. Devemos seguir nesse mesmo caminho. Devemos ter posições fortes nos foros internacionais e agregar outros países produtores de outras regiões que têm a mesma visão, para que os interesses produtivos da região nas negociações sejam considerados e possamos colaborar com a produção sustentável de alimentos para o mundo”.
 
O Ministro aprofundou sobre o tema dos questionamentos feitos aos modos de produção agropecuária e enfatizou que é necessário um esforço mais ativo de comunicação para mostrar os avanços em prol da sustentabilidade que estão sendo alcançados em muitos países da América Latina.
 
“A nossa região desenvolve práticas sustentáveis — concluiu —, mas devemos comunicar isso melhor a nossos parceiros comerciais, para que os modos de produção não constituam uma dificuldade para o comércio, mas, ao contrário, um instrumento facilitador. Devemos trabalhar de maneira coordenada para que o trabalho realizado pelos produtores em cuidado com o ambiente seja mais bem conhecido. É importante que todas as informações sejam baseadas no conhecimento científico, para que não se levantem novas barreiras comerciais aos nossos produtos agrícolas. Por isso dizemos que a agricultura não é o problema, mas parte da solução”.
 
AgroAmérica é um programa do canal brasileiro de TV AgroMais, do Grupo Bandeirantes de Comunicação, fruto de uma parceria com o IICA.
 
A transmissão apresenta a atualidade do setor agropecuário e da ruralidade nos países membros do IICA, com o objetivo de promover o intercâmbio de experiências e uma discussão sobre os desafios e as oportunidades da América Latina e do Caribe na área de desenvolvimento agropecuário e rural.

Mais informação:
Gerência de Comunicação Institucional do IICA.
comunicacion.institucional@iica.int

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