A parceria propõe continuar cumprindo o mandato que tem guiado o IICA ao longo de sua história, construindo pontes entre países e outros atores
São José, 20 de julho de 2023 (IICA) — Ministros e altos funcionários de agricultura das Américas, reunidos em São José da Costa Rica em sessão do Comitê Executivo do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), expressaram seu apoio à parceria continental para a segurança alimentar e o desenvolvimento sustentável lançada pelo organismo hemisférico.
A parceria propõe continuar cumprindo o mandato que tem guiado ao IICA ao longo de sua história como organismo especializado em desenvolvimento agropecuário e rural, que consiste em construir pontes entre países e outros atores para promover posições convergentes e realizar ações concretas, hoje em um momento de crise multidimensionais que aumentam a responsabilidade da região, como avalista não só da segurança alimentar, mas também da sustentabilidade ambiental do planeta, em atenção a seus excepcionais recursos naturais e biodiversidade.
Resumidamente, a parceria se baseia na premissa de que a agricultura está em condições de se transformar em um eixo estratégico fundamental para o desenvolvimento sustentável dos países do continente e se tornou um dos temas centrais do Comitê Executivo, um dos órgãos de governo do IICA e que se reuniu em sessão por dois dias na sede central do Instituto, com a presença de 14 ministros de agricultura e outros altos funcionários do setor agropecuário das Américas, em representação de 25 países. Também participaram representantes de organismos internacionais e observadores de países de outros continentes.
Durante a reunião, o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, lembrou que o organismo nasceu em 1942, quando um grupo de países do continente se uniu para enfrentar uma grave preocupação: o abastecimento de matérias-primas durante a Segunda Guerra Mundial. “Hoje — enfatizou —, em tempos de crise superpostas, a parceria continental deve estar mais vigente do que nunca, pois nenhum país poderá se salvar por si só, e todos os temas são de natureza compartilhada”.
Assim a iniciativa se propõe a abordar uma dimensão política, que está relacionada ao esforço para gerar posições unificadas entre os países da região, com o objetivo de propiciar uma maior solidez para defendê-las; e também uma dimensão estratégica, vinculada à construção de redes, de plataformas, enfatizando o conceito da supranacionalidade; a partir delas, elaborando ações concretas, para que haja impacto e se contribua para o fortalecimento da institucionalidade.
Otero considerou que a insegurança alimentar e a pobreza não serão resolvidas unicamente com a produção de alimentos, e advertiu que demandam uma abordagem intersetorial. “Os ministérios da agricultura não podem resolver esses temas sozinhos, mas são atores fundamentais. Aderimos ao conceito de sistemas agroalimentares, que englobam desde a produção até o consumo, e ali estão as 16 mensagens que os países e o IICA levaram à Cúpula das Nações Unidas com a posição unificada da região sobre o papel insubstituível da agricultura”, afirmou.
Também ressaltou que a agricultura não deve se propor somente o objetivo de melhorar a produtividade, mas também tem uma dimensão social, vinculada à sua obrigação de gerar melhores condições de vida para as pessoas.
Consensos para a ação
A parceria continental para a segurança alimentar e o desenvolvimento sustentável lançada pelo IICA se apoia na busca de parceiros estratégicos — organismos internacionais, companhias do setor privado, organizações da sociedade civil —, de modo a gerar sinergias e articular ações, uma vez implementadas, para que a agricultura mantenha a segurança alimentar e, ao mesmo tempo, seja uma ferramenta contra a mudança do clima.
As principais áreas estratégicas da parceria são oito, conforme explicou o Diretor de Cooperação Técnica do IICA, Federico Villarreal, perante os ministros e autoridades reunidos na sessão do Comitê Executivo: ciência, tecnologia e inovação; bioeconomia; inclusão produtiva, econômica e social da agricultura familiar; água e agricultura; ação climática; equidade e igualdade; Uma Só Saúde; e comércio internacional.
Sobre esses assuntos, o IICA tem organizado múltiplos eventos e fará ainda mais nos próximos meses, com a missão de ouvir posturas e gerar consensos para a ação. Um marco nesse caminho será a Conferência Ministerial de Agricultura, prevista para os dias 4 e 5 de outubro.
“Há alguns temas em que IICA desempenha um papel fenomenal. Um deles é o de constituir parcerias estratégicas em todos os âmbitos com outras organizações, governos e entidades que podem mudar a história e o rumo da produção agrícola de toda a região” disse a Secretária de Agricultura e Pecuária de Honduras, Laura Suazo.
Suazo explicou a necessidade de buscar fontes de financiamento alternativas para a agricultura em países como Honduras. “Vemos que o financiamento da agricultura em parte vem do mesmo esforço dos governos, como dinheiro público; algumas vezes é gerado pelos impostos, mas em muitos casos também vem do endividamento internacional, com altas taxas. Então precisamos dedicar uma atenção um pouco maior à questão do financiamento agrícola”, acrescentou.
O Ministro de Desenvolvimento Agropecuário do Panamá, Augusto Valderrama, também prestou seu apoio à parceria, ao afirmar que o setor agropecuário desempenha um papel importante e estratégico no desenvolvimento social de nossos povos, e que a agricultura, “para além de proporcionar alimentos, proporciona, como foi dito aqui, estabilidade, melhores condições de vida para os agricultores e para grande parte de nossa população”.
“A agricultura — resumiu — já não é somente a estabilidade agroalimentar, mas está se convertendo em estabilidade social e em uma imensa força para a segurança nacional de nossos povos”.
O Ministro da Agricultura da República Dominicana, Limber Cruz, acentuou a necessidade de que a América Latina e o Caribe atuem como um bloco para defender seus interesses, como condição para alcançar melhores condições de vida para seus habitantes.
“Entre todos os países da região, temos o melhor país do mundo. Devemos combinar o que há de bom em nós com os demais países, para melhorar a nossa capacidade de produção e ampliar mercados”, disse Cruz, que falou da importância de compartilhar boas práticas, conhecimentos e informações, por exemplo nos temas de financiamento verde, que se apresentam como uma oportunidade para os países em desenvolvimento.