FAO e IICA facilitaram uma reunião hemisférica inédita para fortalecer a resposta de 34 países das Américas frente a pandemia de coronavírus Covid-19.
22 de abril de 2020, Santiago (Chile). — Ministros e Secretários de Agricultura de 34 países das Américas se reuniram nesta quarta-feira de forma remota para compartilhar suas políticas, ações e planos para enfrentar o impacto da pandemia de Covid-19 na segurança alimentar de suas populações, na agricultura, nos sistemas alimentares e no mundo rural.
Autoridades da América do Norte, América do Sul, América Central e do Caribe compartilharam suas experiências e as medidas que estão implementando para garantir sua produção e oferta de alimentos.
Os ministros destacaram a importância que os alimentos estejam disponíveis a preços convenientes e que sua produção, distribuição e venda ocorram com o menor risco à saúde de todos que participam da cadeia de alimentos. Também enfatizaram a necessidade de impulsionar o comércio intrarregional de alimentos.
A inédita reunião hemisférica de ministros e secretários de Agricultura foi organizada pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) em resposta a uma solicitação do Ministério da Agricultura do Chile.
“FAO e IICA têm um papel muito relevante e grande experiência para conseguir uma melhor coordenação dos esforços que devemos realizar em matéria de abastecimento e alimentação para nossos cidadãos”, afirmou Antonio Walker, Ministro da Agricultura do Chile.
“A cooperação internacional é uma das principais ferramentas que temos para enfrentar os efeitos da pandemia; nenhum país por si só poderá garantir a alimentação de sua população”, disse Julio Berdegué, Representante Regional da FAO para a América Latina e o Caribe. “Esta crise nos ensina que temos de acelerar a transformação dos sistemas alimentares para que sejam mais resilientes, inclusivos e sustentáveis”, continuou.
“Esta reunião hemisférica é um sinal dos tempos que traz cooperação, complementariedade e trabalho conjunto. Serão necessárias políticas e Estados mais inovadores e instituições mais flexíveis. Os moldes do tradicional se romperam. Necessitamos mais do que nunca mais cooperação para termos melhores políticas públicas, sólidas, para um setor como o agro que é estratégico para manter o mundo de pé”, afirmou Manuel Otero, Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
Medidas dos países
O Secretário de Agricultura e Desenvolvimento Rural do México, Víctor Villalobos, destacou a importância de se evitar ações unilaterais que afetem o fluxo de alimentos, implementar todas as medidas sanitárias necessárias para comercializar alimentos e estabelecer canais internacionais e inter-regionais de comunicação para comercializar alimentos. Villalobos também propôs aos 34 países criar uma equipe de trabalho para enfrentar tanto a pandemia como a pós-pandemia. O Representante da FAO e o Diretor Geral do IICA apoiaram a proposta e assinalaram que ambas instituições poderiam facilitar o trabalho desta equipe.
Antonio Walker, Ministro da Agricultura do Chile, apontou que o Conselho Agropecuário do Sul (CAS) está centrado em manter o abastecimento de alimentos, mercados internacionais abertos e transparentes, diminuir as lacunas territoriais urbano-rurais, e realizar uma análise de como enfrentar a situação pós-pandemia. O ministro ressaltou a importância da agricultura familiar campesina neste cenário e a necessidade de compartilhar protocolos sanitários que cubram toda a cadeia alimentar.
Mauricio Guevara, Secretário da Agricultura e Pecuária de Honduras, explicou que o Conselho Agropecuário Centro-americano (CAC) está realizando um cadastro para saber exatamente quantos alimentos existem em cada país do CAC, quais são os excedentes e as necessidades.
Saboto Caesar, Ministro da Agricultura, Indústria, Silvicultura, Pesca e Transformação Rural de San Vicente e as Granadinas, falou como representante da Comunidade do Caribe (CARICOM): “Estamos vivendo uma disrupção no comércio de produtos básicos agrícolas na CARICOM, por rupturas na cadeia de abastecimento de alimentos e de insumos”. Saboto Caesar destacou o apoio governamental para que os produtores tenham elementos de proteção, a assistência técnica para os países, o aumento do comércio de alimentos entre os países da CARICOM, e da cooperação Sul-Sul entre CARICOM e América do Sul para o comércio de alimentos.
O Ministro da Agricultura e Pecuária do Equador, Xavier Lazo, ao representar os países Andinos, destacou que muitos pequenos agricultores começaram a usar plataformas tecnológicas para chegar de forma mais direta às pessoas, inclusive fornecendo aos domicílios de forma direta.
“As cadeias agroalimentares serão fundamentais para manter o emprego e serão motores para uma rápida recuperação pós-crise”, explicou Tereza Cristina, Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Brasil. “O comércio livre e justo é a chave para o fornecimento de alimentos, sobretudo para as áreas mais pobres do mundo”, completou. A ministra também destacou a importância da agricultura familiar.
O Subsecretário de Agricultura para Comércio e Assuntos Agrícolas Estrangeiros dos Estados Unidos, Ted McKinney, destacou a importância de impulsionar a inovação para aumentar a produção alimentar e a relevância da futura Cúpula de Sistemas Alimentares, organizada no âmbito das Nações Unidas, como uma instância chave para fortalecer o sistema alimentar global.
A reunião também contou com a participação das autoridades regionais e especialistas do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Banco Centro-americano de Integração Econômica (BCIE), o Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Caribe (CARDI), a Agência de Saúde Agrícola e Segurança Alimentar do Caribe (CAHFSA), o Banco de Desenvolvimento para América Latina (CAF), a Comissão Interamericana de Mulheres (CIM), a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), a Comunidade do Caribe (CARICOM), o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), a Organização Mundial de Sanidade Animal (OIE), a Organização Regional Internacional para a Saúde Agrícola (OIRSA) e Programa Mundial de Alimentos (WFP).
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