Representantes de diversos governos deram detalhes sobre os programas implementados no continente no painel “Digitalização agroalimentar: Iniciativas e políticas públicas em países das Américas”, que aconteceu na segunda edição da Semana da Agricultura Digital.
São José, 1 de junho de 2023 (IICA) — Países das Américas estão desenvolvendo novas políticas públicas para levar mais inovações e novas tecnologias à agricultura, a fim de torná-la mais produtiva e sustentável e melhorar a qualidade de vida nas zonas rurais.
Representantes de diversos governos deram detalhes sobre os programas implementados no continente no painel “Digitalização agroalimentar: Iniciativas e políticas públicas em países das Américas”, que aconteceu na segunda edição da Semana da Agricultura Digital.
Esse encontro de trabalho, com participação presencial e virtual de atores dos âmbitos público e privado, acontece na sede central do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), em São José, Costa Rica.
A Semana da Agricultura Digital é um foro destinado a promover uma digitalização agroalimentar dinâmica e inclusiva na região, organizado pelo IICA e sete aliados estratégicos: o Banco de Desenvolvimento da América Latina-CAF, o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), o BID Lab e, no setor privado, a Bayer, a Microsoft, o Yield Lab e a Veolia.
No painel, no qual foi realizado uma revista das iniciativas e políticas públicas que estão sendo executadas nas Américas, participaram: Silvia Massruhá, Presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA); Keeley Holder, Chefe de Gabinete do Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar de Barbados; Federico Torres, Diretor de Inovação do Ministério de Ciência, Inovação, Tecnologia e Telecomunicações da Costa Rica; Diego Caicedo Pinoargote, Secretário Geral da Comunidade Andina; Carla do Nascimento Macário, Chefe de Agricultura Digital da EMBRAPA; e Francois Eudes, Diretor de Pesquisa do Departamento de Agricultura e Agroindústria do Canadá.
Além disso, o especialista técnico do IICA, Joaquín Arias, apresentou o trabalho e as conclusões em temas de digitalização da agricultura realizados pelo Observatório de Políticas Públicas do Instituto na região.
O desafio de chegar a todos
Massruhá, que assumiu neste mês como a máxima autoridade da EMBRAPA, instituição pública que é referência global em temas de pesquisa agropecuária, disse que as tecnologias da informação e comunicação tem um papel transversal em toda a cadeia de produção agropecuária no Brasil.
“A EMBRAPA tem mais de 35 anos de trabalho em temas de digitalização e, hoje, com a incorporação da bioinformática e da inteligência artificial, focamos em diversas áreas e vemos cada vez mais a sua importância. De todo modo, ainda temos muitos desafios. E um deles é a dificuldade que muitos pequenos produtores têm para ter acesso às novas tecnologias”.
Carla do Nascimento Macário revelou que apenas cerca de 30% das áreas rurais do Brasil têm acesso à conectividade, o que traz dificuldades, e considerou que não basta apenas a transformação digital, mas também capacitar as pessoas.
Keeley Holder revelou que, em Barbados, trabalha-se em uma política de agricultura inovadora para gerar um programa educativo e aproximar as novas tecnologias dos produtores. “Em breve — antecipou — estabeleceremos um centro de inovação para a agricultura em Barbados, para o que já temos começado a trabalhar com o apoio do IICA. Também vamos gerar um mapa digital do país com todas as zonas de produção, para que tenhamos as ferramentas que precisamos. Esperamos completá-lo no final do ano”.
Caicedo Pinoargote contou a estratégia de digitalização implementada pela Comunidade Andina, que reúne a Bolívia, a Colômbia, o Equador e o Peru. “A transformação digital é uma prioridade, sob uma perspectiva digital e de maneira holística. O crescimento da economia digital é exponencial”, explicou.
Ele acrescentou que a digitalização da agricultura serve para diferentes fins, como dispor de um controle integrado de pragas e doenças e como elemento facilitador do comércio exterior.
Torres falou sobre os diversos aspectos do Plano de Ciência, Tecnologia e Inovação 2022-2027, que está sendo executado na Costa Rica. “Temos indicadores, porque, em política pública, o que não se mede não existe. Temos trabalhado para que esse modelo possa ser implementado em todo o país”, afirmou.
Também explicou detalhadamente as estratégias de transformação digital e de bioeconomia. “As duas devem interagir e incorporar temas como a ciência de dados e o blockchain, para que o setor agrícola se transforme. Procuramos fazer com que as propriedades rurais de agricultura familiar tenham acesso à digitalização para alcançar uma maior produtividade”, afirmou.
Sobre o Canadá, Eudes apresentou o Plano Estratégico de Ciência e Tecnologia, que tem um prazo de 10 anos, e deu informações sobre o rápido crescimento do ecossistema de inovação no país. “Existem novos atores, e há cada vez mais complexidades e mais desafios, como a mudança do clima ou a instabilidade do comércio”, admitiu.
O representante do Departamento de Agricultura e Agroindústria canadense acrescentou que é uma prioridade do Estado levar uma Internet de qualidade às zonas rurais, especialmente no norte do país, onde estão as zonas mais remotas. Finalmente, informou que se espera que as novas tecnologias não apenas melhorem a produtividade, mas também ajudem a entender melhor como as emissões de gases de efeito estufa da agricultura operam e qual é a sua pegada de carbono.
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