Alvaro Lario, Presidente do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA); Zulfikar Mustapha, Ministro da Agricultura da Guiana; Christopher Neale, Diretor de Pesquisa do Instituto Daugherty de Água e Alimentação da Universidade de Nebraska; e Fernando Schwanke, Diretor de Projetos do IICA, foram os apresentadores, enquanto Margaret Ziegler, Representante do IICA nos Estados Unidos, foi a apresentadora e moderadora do painel.
Des Moines, Iowa, 30 de outubro de 2023 (IICA) — A agricultura pode ser uma ferramenta para solucionar a crise hídrica que, nos últimos anos, tem castigado diversos países e regiões das Américas, afirmaram os participantes em um painel de alto nível organizado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), no âmbito do Diálogo Internacional Borlaug 2023.
Alvaro Lario, Presidente do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA); Zulfikar Mustapha, Ministro da Agricultura da Guiana; Christopher Neale, Diretor de Pesquisa do Instituto Daugherty de Água e Alimentação da Universidade de Nebraska; e Fernando Schwanke, Diretor de Projetos do IICA, foram os apresentadores, enquanto Margaret Ziegler, Representante do IICA nos Estados Unidos, foi a apresentadora e moderadora do painel.
Todos os anos, o Diálogo Borlaug reúne líderes globais, produtores agropecuários, acadêmicos, cientistas, educadores e estudantes de diversos países em Iowa, Estados Unidos, para discutir ideias e projetos para alcançar sistemas agroalimentares mais sustentáveis, equitativos e inclusivos.
O evento é organizado pela World Prize Foundation (WFP), prestigiosa instituição que promove a inovação e a sustentabilidade na produção de alimentos. A Fundação também outorga o Prêmio Mundial da Alimentação, considerado o Nobel no assunto, que reconhece os que realizam as mais notáveis contribuições para a segurança alimentar e nutricional do mundo.
“É dispensável demonstrar que a água é um elemento essencial para a vida. E é também um tema vital, que está no coração de nossa carteira de investimentos”, disse Alvaro Lario, que dirige o FIDA, instituição financeira e organismo especializado das Nações Unidas dedicado a erradicar a pobreza e a fome das zonas rurais dos países em desenvolvimento.
Lario indicou que mais de 60% da população mundial padece de insegurança no acesso à água. “Os pequenos agricultores, mulheres, indígenas e outros setores vulneráveis são afetados de maneira desproporcional por secas, desertificação e degradação dos solos, problemas que dificultam o acesso à água”, indicou Lario.
O Presidente do FIDA explicou alguns dos projetos que a instituição executa em países da América Latina e do Caribe para favorecer o acesso à água. Contou o caso de Honduras, onde se constrói uma infraestrutura de pequeno porte, como reservatórios e sistemas de distribuição. No Brasil, o FIDA fornece obras de adaptação aos choques e que assegurem o suprimento de água em zonas rurais. “Podemos e devemos trabalhar juntos para assegurar o acesso equitativo à água”, afirmou.
Necessidade de criar soluções
O Ministro da Agricultura da Guiana, Zulfikar Mustapha, advertiu que é imperativo que governos e o setor privado trabalhem em soluções para a crise da água e indicou que o problema afeta alguns países muito mais do que outros.
“A relação entre a água e a agricultura é inegável. Mas há uma parte do mundo que pode produzir alimentos livremente, desfrutando de diversas fontes de água. Enquanto em outras, vemos secas, que levam à pobreza e à fome”, indicou.
Mustapha disse que a Guiana é um país beneficiado pela abundância e seu nome, de fato, significa “Terra de muitas águas”. Apesar disso — apontou —, trabalha-se para assegurar a provisão de água em períodos de seca, com base em sistemas de colheita e armazenamento. Quanto a projetos destinados a resiliência, deu detalhes sobre o desenvolvimento de uma nova variedade de arroz que está em andamento, que garante um menor uso de água no cultivo.
“Temos a vontade política de colocar o tema da água no coração de nossas políticas de agricultura e estamos demonstrando isso com projetos que podem ser replicados em nossos países. A água é um recurso precioso e não se vincula apenas com a agricultura, mas também com a inclusão social e a redução da pobreza”, disse Mustapha.
Christopher Neale contou a experiência do Instituto Daugherty, que funciona na Universidade de Nebraska e realiza pesquisas vinculadas ao desafio global de obter a segurança alimentar com uma menor pressão sobre as fontes de água, por meio de uma melhor gestão dos sistemas produtivos.
“Devemos focar na resiliência da agricultura, uma vez que devemos estar preparados para secas, inundações e outros eventos climáticos cada vez mais extremos”, disse Neale, que focou em caminhos para melhorar os sistemas de governança da água e a necessidade de desenvolver tecnologias acessíveis para facilitar uma melhor gestão da água por parte dos pequenos produtores.
Schwanke contou sobre os fundamentos da iniciativa hemisférica Água e Agricultura do IICA, que propicia uma contribuição do setor agrícola perante a crise hídrica que parte significativa do continente americano enfrenta, com a premissa de que sem água não há agricultura, e sem agricultura não há segurança alimentar.
O tema é considerado estratégico para o IICA, que nos últimos anos tem apoiado os países membros com mais de 70 ações de cooperação técnica em água para a agricultura, em um contexto de mudança do clima que, entre outros eventos extremos, gerou secas e provocou vultosas perdas em potências agroalimentares como a Argentina, o Brasil, o Uruguai e o Paraguai.
No mês passado, representantes do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), do Banco Mundial, do CAF-Banco de Desenvolvimento da América Latina, da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e do Instituto Daugherty participaram, juntamente com o IICA, do lançamento técnico da iniciativa, voltada a consolidar as capacidades e promover parcerias estratégicas público-privadas dos países membros do IICA para melhorar a gestão integrada e eficiente do uso da água para a agricultura.
“A pedido dos países que fazem parte do IICA — disse Schwanke —, pensamos muito sobre como a agricultura pode contribuir para solucionar a crise da água e, assim, estabelecemos quatro eixos de trabalho: produção e armazenamento de água por meio de boas práticas agrícolas; eficiência no seu uso para a agricultura, mediante a inovação tecnológica; fortalecimento da governança e promoção de investimentos para captação, armazenamento, distribuição e irrigação”.
“A agricultura — finalizou — deve ser parte da solução para a crise da água, e essa é a nossa responsabilidade”.
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