Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura

Agricultura Cadeias agrícolas Comércio

A Organização Internacional do Cacau e o IICA lançam iniciativa para abordar os níveis de cádmio no cacau na América Latina e no Caribe

Tiempo de lectura: 3 mins.

O projeto tem como objetivo apoiar os países produtores de cacau da América Latina e do Caribe (ALC) a atender ao Regulamento Europeu de 2019, e a outros que se seguirão, que fixou níveis máximos para o cádmio em produtos de cacau e chocolate.

LAC region supplies nearly one fifth of the world’s cocoa and over 80% of the world’s fine and flavor and organic cocoa.

São José, 8 de novembro de 2022 (IICA). O Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e a Organização Internacional do Cacau (ICCO) lançaram o projeto Aprimorando a capacitação e o compartilhamento de conhecimento para apoiar a gestão dos níveis de cádmio no cacau na América Latina e no Caribe para exportação para a Região Europeia.

O projeto tem como objetivo apoiar os países produtores de cacau da América Latina e do Caribe (ALC) a atender ao Regulamento Europeu de 2019, e a outros que se seguirão, que fixou níveis máximos para o cádmio em produtos de cacau e chocolate.

A iniciativa está sendo implementada pelo IICA em colaboração com a Organização Internacional do Cacau (ICCO), ao lado de entidades implementadoras nos países beneficiários: a Corporação Colombiana de Pesquisa Agropecuária (AGROSAVIA), o Ministério de Desenvolvimento Agrário e Rega (MIDAGRI) do Peru, o Centro de Pesquisa em Cacau em Trinidad e Tobago e o governo do Equador.

A formação geológica dos solos na ALC resultou em depósitos naturais de cádmio e outros metais pesados em toda a região. Isso é potencialmente problemático, pois metais pesados em alimentos podem ter efeitos adversos para a saúde humana.

A região da ALC fornece quase um quinto do cacau do mundo e mais de 80% do cacau de sabor fino e orgânico. O cacau é produzido por mais de 400 mil famílias de agricultores que trabalham na lavoura cacaueira em 25 países da ALC e é uma das principais fontes de emprego rural nos países produtores. A regulamentação do cádmio poderia comprometer o acesso da região a mercados lucrativos de cacau e chocolate e, assim, ameaçar os meios de subsistência dos produtores e de outras partes interessadas da cadeia de valor do cacau na região. Atualmente, a rejeição de embarques de grãos de cacau devido aos níveis de cádmio da ALC é a mais alta do mundo.

O projeto, que é financiado pelo Centro de Normas e Desenvolvimento Comercial (STDF) e pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento (EDF), está sendo implementado em Colômbia, Equador, Peru e Trinidad e Tobago, e terá aplicação em outros países produtores de cacau da região. O projeto implementará ações para que esses países minimizem o acúmulo de cádmio na cadeia de valor do cacau.

Com referência aos quatro países beneficiários, a Diretora Executiva da Organização Internacional do Cacau (ICCO), Michele Arrion, comentou, na cerimônia de abertura, que eles “estão no marco zero das questões do cádmio e no coração da produção cacaueira de sabor fino. Eles devem ser apoiados para garantir que o melhor cacau do mundo não seja impactado negativamente por essa regulamentação em termos de comércio e acesso ao mercado”.

O projeto, como explica Elizabeth Johnson, representante do IICA na Jamaica que coordena o projeto, “é realmente para nos ajudar a cumprir as regulamentações da UE quanto aos níveis de cádmio em produtos de chocolate e cacau”.

Além disso, disse ela, “queremos obter alguns protocolos de referência para testes de cádmio e para reduzir os níveis de cádmio que podem ser adotados em toda a região como solução para nos ajudar a cumprir essas regulamentações e manter o acesso ao mercado”.

O lançamento foi realizado virtualmente para facilitar a participação dos interessados da cadeia de valor do cacau dos países beneficiários e de outros países produtores da região, e de organizações parceiras sediadas no Caribe, na Europa e na África.

Cerca de 140 pessoas participaram do lançamento, representando agricultores, processadores de cacau, marcas de chocolate, universidades, ministérios governamentais, entidades de pesquisa e organizações internacionais de desenvolvimento sediadas em 17 países.

No lançamento, os patrocinadores do projeto e parceiros implementadores nos países participantes discutiram os objetivos do projeto e as ações planejadas, bem como informações compartilhadas a partir de uma análise da situação nos países implementadores do projeto em relação às suas quatro atividades principais, que são:

  1. Facilitar o diálogo e construir consenso entre os principais pesquisadores da ALC e as partes interessadas da cadeia de valor para o desenvolvimento de métodos e protocolos adequados para testes de cádmio no cacau e em produtos derivados do cacau, e incluir estes protocolos de consenso como marca de bancada nos planos do Setor Nacional do Cacau a fim de reduzir o cádmio na cadeia de valor do cacau na ALC;
  2. Desenvolver currículo e treinar equipes técnicas a partir dos países do projeto em protocolos padronizados acordados para implementação;
  3. Identificar as principais fontes de contaminação por cádmio nos pontos cruciais de produção de cacau definidos e fazer recomendações sobre estratégias adequadas de redução;
  4. Treinar capacitadores para disseminar as principais mensagens geradas no projeto como um catalisador para a ampliação de conhecimentos e intervenções a fim de reduzir o cádmio no cacau na região.

O projeto contribuirá ainda para a conscientização sobre as questões que envolvem o cádmio no cacau, promovendo uma série de webinars chamados “Conversas sobre Cádmio”. Os webinars virtuais com interpretação simultânea em inglês e espanhol serão realizados a cada dois meses a partir de 23 de novembro de 2022.

Cada webinar contará com apresentações de especialistas e discussões para compartilhar as informações mais atuais na tentativa de desmistificar a complexidade do cádmio no cacau. Também foi apresentado um logotipo do projeto que simboliza o seu objetivo de apoiar a produção do “Cacau Livre de Cádmio” na ALC.

No encerramento do evento, o Diretor Geral Adjunto do IICA, Lloyd Day, ressaltou a importância do projeto. “O mundo tem uma alta demanda por chocolate. E continuará a ter uma alta demanda por chocolate. Então, o cacau que produzimos precisa ser seguro”, comentou.

Ele acrescentou: “O trabalho que todos vocês fazem para garantir que o chocolate seja seguro e que a renda do campo seja melhorada, por meio de práticas que aproveitem todas as novas tecnologias e inovações que estão saindo das instituições de pesquisa, é, como ouvimos hoje, de vital importância”.

 

 

 

 

Compartilhar

Notícias relacionadas

San José, Costa Rica

maio 12, 2025

Nova edição da Semana da Agricultura Digital do IICA impulsionará coordenação entre agtechs, entidades financeiras e autoridades públicas para dinamizar a digitalização agroalimentar nas Américas

As propostas escolhidas deverão demonstrar o seu potencial para gerar impacto tangível nesses âmbitos, contribuindo para uma agricultura mais eficiente, resiliente e inclusiva nas Américas.

Tiempo de lectura: 3mins

San José, Costa Rica

maio 12, 2025

Bayer e IICA se unem em programa ambicioso e inédito para capacitar 100 milhões de pequenos produtores em agricultura regenerativa nas Américas, África e Índia

O IICA e a Bayer promovem essa iniciativa educacional on-line, disponível em espanhol, inglês e português, com uma visão inclusiva que reconhece a diversidade linguística global, inclusive línguas como swahili e hindi.

Tiempo de lectura: 3mins

São José, Costa Rica

maio 9, 2025

Uma centena de especialistas debaterão na Costa Rica o futuro da bioeconomia nas Américas e no mundo

No âmbito da Conferência, será realizada a inauguração oficial do Centro de Agrobioempreendimentos e Investimentos do IICA, uma nova iniciativa do Instituto que tem como objetivo impulsionar a criação e o desenvolvimento de empreendimentos na agricultura e bioeconomia.

Tiempo de lectura: 3mins