As Pampeanas Regerativas Orientais são um grupo de mulheres do Uruguai que realizam práticas agropecuárias regenerativas, com foco na saúde do solo e na capacidade de produzir alimentos saudáveis.
Montevidéu, 9 de agosto de 2023 (IICA). Os solos erodidos ou desgastados podem ser regenerados e se transformar em terras férteis e saudáveis para a agricultura. Disso estão convencidas as integrantes das Pampeanas Regenerativas Orientais, um grupo de mulheres do Uruguai que mostram, a partir de sua experiência em campos agrícolas e pecuaristas, que “o importante é mudar a cabeça” e começar a aplicar práticas que, sem maiores custos ou dificuldades, podem fazer a diferença.
Esse é o tema de outro episódio do IICA em Ação, a série de podcasts do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) dedicado à iniciativa Solos Vivos das Américas, promovida pelo organismo especializado no setor agrícola e na ruralidade do continente e o Centro de Gestão e Sequestro de Carbono Rattan Lal (C-MASC), da Universidade do Estado de Ohio.
Na entrevista, disponível no perfil do Spotify IICA em Ação, Magdalena Urioste, uma das fundadoras da Pampeanas — que já reúne mais de uma centena de mulheres — detalhou como é o trabalho regenerativo e como pôde ver, em poucos anos, que umas terras desgastadas e rochosas conseguiram se converter em solos muito mais saudáveis que hoje permitem uma maior e melhor produção pecuária.
“Nós falamos em regeneração, entretanto, não só do solo, mas também dos alimentos que são consumidos e, assim, da saúde humana”, explicou Urioste, do Uruguai. “A nossa preocupação é tentar mudar o pensamento extrativista do homem que está no campo”, acrescentou.
Conforme lembrou, quando algumas poucas mulheres começaram a pensar em como melhorar a qualidade de seus campos e dos alimentos que produzem, “não se falava em regeneração no Uruguai. Todo era ‘sustentável’. Mas eu sempre digo que sustentar é manter as coisas como estão, enquanto regenerar é dar vida às coisas novamente”. E também destacou: “Demos uma perspectiva de vida ao que é o trabalho no campo”.
Produtora pecuarista em uma das zonas mais férteis da América do Sul, Magdalena Urioste explicou a importância de deixar crescer as raízes do pasto com o qual se alimenta o gado, para que ao mesmo tempo em que se desenvolvem as raízes, aportem uma nutrição do solo mais completa.
“Toda a biodiversidade do subsolo é o que dá vida a tudo o que está acima. Se eu tenho solo, tenho pastos; e se tenho pastos, tenho vacas gordas”, ilustra.
Com sua experiência pessoal, essa produtora rural e todo o grupo de Pampeanas Regenerativas buscam demonstrar que, com poucas mudanças e sem a necessidade de investimentos muito custosos, é possível fazer melhorias substanciais em qualidade e quantidade de produção, quando o mundo está preocupado com a segurança alimentar e o cuidado das terras, além da crescente ameaça da mudança do clima.
As Pampeanas Regenerativas Orientais somam-se, assim, às vozes que já participaram do IICA em Ação, um espaço para a comunicação e a divulgação dos temas que mais interessam e preocupam ao mundo da produção agroalimentar das Américas.
A iniciativa Solos Vivos das Américas é promovida pelo IICA e o centro de pesquisa dirigido pelo reconhecido especialista Rattan Lal, Prêmio Mundial da Alimentação em 2020.
O projeto vincula ciências, políticas públicas, o setor privado e o trabalho de restauração dos solos no hemisfério frente a uma degradação que ameaça a posição da América Latina e do Caribe como avalista da segurança alimentar global. Do setor privado, são parceiras as empresas: Syngenta, Bayer e PepsiCo.
No espaço do IICA em Ação dedicado especialmente a esse projeto, já participaram diferentes especialistas, funcionários e aliados, entre eles o próprio Diretor Geral do IICA, Manuel Otero; o laureado Rattan Lal; o Secretário de Agricultura, Pecuária e Pesca da Argentina, Juan José Bahillo; o Chefe do Serviço de Conservação de Recursos Naturais do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, Terry Cosby; além de funcionários do Canadá, México e Brasil e especialistas de organizações internacionais e de diferentes países das Américas, decididos a avançar na inovação e nos avanços para uma agricultura cada vez mais comprometida com o cuidado para com o meio ambiente, a saúde humana e todos os seres vivos.
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