Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura

Agricultura

Pandemia evidencia urgência em fortalecer a agricultura no Caribe para produzir mais alimentos, conectar-se ao turismo e reduzir importações

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Chelston Brathwaite, Diretor Geral Emérito do IICA; e James Fletcher, ex-Ministro de Energia de Santa Lucía, concordaram que a conexão entre o agro e o turismo é necessária para transformar o modelo econômico dos países caribenhos.

El webinar en el que participaron James Fletcher (arriba, izq.) y Chelston Brathwaite (abajo), fue moderado por la Directora de Relaciones Exteriores e Institucionales del IICA, Beverly Best.

San José, 29 de maio, 2020 (IICA). Os efeitos da pandemia da Covid-19 no turismo e no comércio mundial evidenciam que os países do Caribe devem modificar seu atual modelo de desenvolvimento econômico, altamente dependente da chegada de turistas e importações de alimentos.

“Na China, aprendi que a palavra crise tem dois componentes: o perigo e a oportunidade. Nesta situação de coronavírus, já estamos na zona de perigo, por isso temos que procurar agora as oportunidades, que é o que pode surgir depois”, afirmou Chelston Brathwaite, Diretor Geral Emérito do IICA e ex-Embaixador de Barbados na China, no último dos webinários em que foram analisados os cenários pós-Covid-19 para os sistemas agroalimentares das Américas.

Neste seminário, Brathwaite dialogou com o ex-Ministro de Energia de Santa Lucía, James Fletcher. Os encontros virtuais foram organizados pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).

Brathwaite e Fletcher concordaram que a pandemia expôs cinco das principais vulnerabilidades no Caribe: os impactos das mudanças climáticas (evidenciadas por secas e mais furacões), o nível de endividamento dos países, os altos índices de doenças crônicas não transmissíveis (como diabetes, hipertensão e câncer), a dependência do turismo e a insegurança alimentar.

“A crise expôs a fragilidade de nossas agendas de desenvolvimento. Em 10 dos países do Caribe, o turismo contribui com mais de 25% para o PIB nacional e, nos estados do Caribe Oriental, a contribuição varia de 30% a mais de 80%. O turismo é o setor mais atingido e será um dos mais lentos para se recuperar. Com isso, teremos um impacto nas receitas do governo, no emprego e nas famílias “, detalhou Fletcher.

Os conferencistas apontaram que, para a transformação do modelo de desenvolvimento do Caribe, é crucial a conexão dos setores agrícola e turístico.

“Temos que retomar nosso setor agrícola, apreciar e entender a contribuição que ele pode trazer para o desenvolvimento e a segurança alimentar, bem como as oportunidades que ele tem para ter menos importações, rejuvenescer nossas economias, estimular novos empregos e empresas na produção de alimentos e melhorar nossos produtos, trocando alimentos importados por outros mais nutritivos e locais”, asseverou Brathwaite.

“Nossa indústria turística deve ser mais sustentável, assegurando que isso leve à equidade social “, disse Fletcher.

“Para mim, o mais importante é garantir que a relação entre turismo e agricultura seja mais forte”, acrescentou.

Os especialistas afirmaram que é imperativo modernizar o agro mediante o uso de tecnologias e energias renováveis, promover o comércio, a integração regional e a inteligência de mercados, fazer melhor uso da terra arável e da água, investir em pesquisas e avançar em seguros agrícolas e no acesso dos agricultores aos microfinanciamentos.

Melhorar intercâmbio comercial

Brathwaite, que foi Diretor Geral do IICA de 2002 a 2010, explicou que são necessárias melhorias no comércio intrarregional do Caribe.

“Temos problemas em transportar alimentos de uma parte do Caribe para outra; é preciso haver sistemas de transporte regional. Precisamos de um sistema de informação para que todos os países saibam o que está sendo produzido, onde, quem o possui e a que preço, um fundo regional de segurança alimentar que responda à nossa realidade “, afirmou.

Ele e Fletcher comentaram que os países do Caribe têm capacidade produtiva e recursos naturais para isso. Indicaram que Guiana, Belize e Suriname poderiam ser os centros alimentares regionais e, assim, reduzir as importações de alimentos em pelo menos 5%.

Devido à queda no turismo e a baixa nos preços do petróleo, os especialistas disseram que a atividade econômica no Caribe deverá contrair 6,2% este ano, na melhor das hipóteses. A perspectiva mais pessimista é uma contração de 15%.

Eles explicaram que as remessas também serão afetadas pela pandemia. Eles fornecem ao Caribe, anualmente, cerca de US$ 15 bilhões provenientes principalmente dos Estados Unidos.

Mais informação:
Federico Villarreal, Diretor de Cooperação Técnica do IICA. 
federico.villarreal@iica.int

 

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