Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura

Agricultura

A pandemia serviu para demonstrar ao mundo que a agricultura é imprescindível para a vida das pessoas, disse o Diretor do INIA do Chile na TV do Brasil

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Demonstrou-se ser possível a construção de sistemas produtivos mais sustentáveis, como já se está fazendo em diversos países da América Latina e do Caribe.

Pedro B

Brasília, 2 de junho de 2021 (IICA) – As dificuldades trazidas pela pandemia serviram para levar ao primeiro plano a importância da agricultura na vida das pessoas. Quando a maioria das atividades pararam, a agricultura seguiu em frente e assegurou a alimentação da população mundial.

Também ficou demonstrado que ela não é a maior causa de gases de efeito estufa, responsável pela mudança do clima, e que é possível construir sistemas produtivos mais sustentáveis, como já se está fazendo em diversos países da América Latina e do Caribe.

As afirmações foram feitas pelo engenheiro agrônomo Pedro Bustos, Diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Agropecuárias (INIA) do Chile e Presidente do FONTAGRO, em entrevista dada ao AgroAmérica, programa transmitido pelo canal brasileiro de TV AgroMais.

“Nessas circunstâncias tão terríveis”, refletiu Bustos, “nos demos conta de que a agricultura não foi valorizada como deveria. Vemos que se pagam milhões de dólares a um jogador de futebol por uma atividade de que poderíamos prescindir. Do que, na realidade, não se pode prescindir é a alimentação e, no entanto, a agricultura foi sempre vista como uma atividade secundária. Agora, vemos que é uma atividade importante”.

O INIA é a principal instituição estatal chilena dedicada ao desenvolvimento rural e à pesquisa agropecuária. Foi fundada em 1964 e se reporta ao Ministério da Agricultura. O FONTAGRO, por sua vez, é um mecanismo de financiamento para promover a ciência, a tecnologia e a inovação no âmbito da agricultura e da alimentação na América Latina, no Caribe e na Espanha.

Bustos explicou que o FONTAGRO é um fundo de financiamento com algumas peculiaridades, criado em 1998 por 15 países da América Latina e do Caribe e pela Espanha, o qual gere hoje em torno de 100 milhões de dólares. Funciona com os juros obtidos por esse capital e, portanto, não depende de contribuições anuais das nações.

“O FONTAGRO”, detalhou, “promove e coordena atividades dos institutos de pesquisa dos diferentes países, enfrentando problemas comuns ou particulares. Pode estudar uma ideia incipiente ou investir em projetos já consensuais. Pensamos que o FONTAGRO é um grande aliado da pesquisa no continente, especialmente na situação de pandemia, quando os recursos são escassos. Temos colaborado com os nossos chamados habituais a concursos e, inclusive, aumentamos um pouco os fundos. Somos um instrumento muito bom para a América Latina”.

O FONTAGRO coordena, facilita e alavanca recursos adicionais. “Quando põe um milhão de dólares, o FONTAGRO precisa alavancar dois ou três outros mais. Isso é feito todos os anos, e vamos a continuar colaborando nessa cadeia de agregação de valor”, disse Bustos.

Ele manifestou o desejo de que o Brasil se integre ao FONTAGRO: “Tomara que possa se integrar. Assim, teríamos praticamente a totalidade do continente. É muito importante que possamos reunir todos os países, porque muitos problemas são semelhantes, e o que estamos fazendo é incorporar base científica e de pesquisa para oferecer soluções globais. Quanto mais membros tivermos, maior será a cooperação internacional”.

Bustos destacou as ações de colaboração mútua do FONTAGRO com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). “O IICA”, afirmou, “desempenha um papel muito importante nessa ajuda, pois está presente em todos os países do hemisfério e facilita o trabalho. Faz o papel de ligação para as funções do FONTAGRO. Somos parceiros e estamos em complementação”.

Quanto ao trabalho do INIA, destacou que a instituição acaba de completar 57 anos. “Estamos presentes”, detalhou, “do sul ao norte do país. O Chile é um país com forma de gravata, muito comprido e muito estreito, com diversos problemas. Temos o deserto mais seco do mundo ao norte e chegamos até a Patagônia, percorrendo um horizonte muito grande. Além disso, temos uma região de clima mediterrâneo, o que permite uma ampla gama de cultivos. Por isso, o Chile é tão importante na exportação de alimentos e, sobretudo, de frutas”.

Bustos explicou que, embora o INIA se dedique à pesquisa, a sua função é diferente daquela de uma universidade: “Temos um pé na pesquisa, mas o outro está na extensão e na experiência tecnológica – na realidade territorial, ao lado dos produtores. É isto o que nos diferencia de uma universidade, que faz ciência básica. Para nós, é muito importante estarmos no terreno para que as soluções cheguem mais facilmente aos pequenos agricultores. Além disso, fomentamos a associatividade e o cooperativismo. Dessa maneira, massificamos o nosso contato e chegamos a um número grande de agricultores. Também cumprimos uma função importante na capacitação de capacitadores”.

Bustos deu alguns detalhes da produção de arroz no Chile: “As variedades cultivadas foram desenvolvidas pelo INIA. Somos o país que produz o arroz mais austral – ou em climas mais temperados, até mesmo relativamente frios. Produzimos um arroz sustentável com tecnologias que importamos e adaptamos às condições chilenas. É um cultivo que gera menos gases de efeito estufa e menos consumo de água. Isso é muito importante na situação de mudança climática, especialmente no Chile, onde tivemos, na prática, dez anos consecutivos de seca. De toda maneira, o arroz não é central para o Chile, onde hoje a fruticultura e a pecuária são especialidades muito importantes”.

O Diretor do INIA e Presidente do FONTAGRO finalizou com uma reflexão sobre para onde a produção de alimentos está indo: “Todas as instituições têm o desafio da sustentabilidade. Hoje, buscamos soluções neste caminho, uma vez que a população continuará crescendo e, portanto, precisaremos produzir mais com menos. Com menos solos, menos pesticidas e menos herbicidas. Devemos também incorporar à produtividade um aspecto social, para reduzir o déficit existente entre a população urbana e a rural. Da política de desenvolvimento rural não deve participar apenas o ministério de agricultura, mas muitos ministérios. O campo deve oferecer oportunidades de ajuda às famílias para se desenvolverem e evitar a migração de agricultores para as cidades”.

LINK PARA O VÍDEO: https://youtu.be/cN9JeIUn_pQ

 

Mais informações:

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comunicacion.institucional@iica.int

 

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