O CARI analisa a realidade por uma ótica pluralista e colabora com organismos públicos e instituições privadas pela contribuição de documentos e debates que possam ser utilizados para a tomada de decisões.
Buenos Aires, 15 de dezembro de 2021 (IICA) — O valor estratégico das Américas terem uma voz comum frente aos inéditos desafios globais enfrentados pela humanidade, especialmente na questão agroalimentar, de enorme importância econômica e social para o continente, foi ressaltado em um debate de alto nível com peritos na dinâmica internacional.
A atividade foi organizada pelo Conselho Argentino de Relações Internacionais (CARI), instituição acadêmica que há mais de 40 anos promove o estudo e a discussão dos problemas mundiais na Argentina. O CARI analisa a realidade por uma ótica pluralista e colabora com organismos públicos e instituições privadas pela contribuição de documentos e debates que possam ser utilizados para a tomada de decisões.
A instituição convocou o Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero, que está em missão oficial em Buenos Aires, para ser expositor em uma conferência sobre o posicionamento da região na recente Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU e os desafios propostos nesse encontro global à região para o futuro. A sessão foi organizada em conjunto pelos comitês de Assuntos Agrários e de Estudos de Assuntos Latino-Americanos do CARI.
O Presidente do CARI, Embaixador José Octavio Bordón, assinalou a importância da tarefa desempenhada pelo IICA no caminho para a Cúpula, que permitiu que o continente americano fosse o único a levar uma posição conjunta para esse foro.
“Frente aos desafios globais, que incluem os conflitos ambientais, a desigualdade, a enorme aceleração tecnológica e a necessidade de que os hiatos de desenvolvimento não sejam aprofundados entre os países, foi fundamental que, em uma reunião global sobre o tema alimentar, levássemos uma voz comum. Uma voz que representou as nossas aspirações, compreendendo o que o está se passando no mundo”, destacou Bordón.
“Frente a demandas de países que são mais poderosos e têm um maior liderança global, pudemos argumentar que temos muito a dizer em termos de alimentação. Estamos vivendo um momento de debilidade do multilateralismo, que é o único caminho para encontrar soluções para os dilemas mundiais. Por isso valorizamos o trabalho do IICA, que tem uma proposta inteligente, com visão de longo prazo e convergência multilateral para enfrentar problemas urgentes”, acrescentou o antigo embaixador da Argentina nos Estados Unidos e no Chile, legislador nacional e governador da província de Mendoza.
Martín Piñeiro, Diretor do Comitê de Assuntos Agrários do CARI e Diretor Geral Emérito do IICA, destacou que, graças ao trabalho do Instituto, pela primeira vez os 34 países das Américas levaram uma posição conjunta sobre um tema de grande relevância a um encontro global.
“Isso tem uma enorme relevância no âmbito técnico agropecuário, assim como no político, quando todos os processos de integração regional estão bastante debilitados e há grandes incógnitas quanto ao futuro da questão alimentar”, disse.
Piñeiro considerou que se vive uma mudança de época sob o ponto de vista de como os sistemas agroalimentares devem ser encarados: “Antes, focávamos apenas na agricultura; agora sabemos que devemos incluir outros setores econômicos que estão relacionados. Isso é um desafio conceitual, pois nos obrigará a fazer mudanças de políticas agropecuárias e mudanças institucionais para obter um olhar mais global e avançar em políticas articuladas com questões, por exemplo, ambientais e de saúde pública”.
A diplomata Carola Ramón, Diretora do Comitê de Estudos de Assuntos Latino-Americanos do CARI, também destacou o trabalho do IICA para construir pontes entre os diversos países das Américas.
“Seu trabalho destacou que, embora os sistemas agroalimentares da região devam ser melhorados, já avançaram muito em sustentabilidade. Esse trabalho foi essencial, pois nenhum país poderia realizar essa proposta sozinho”, disse Ramón, que é Subsecretária de Negociações Econômicas Multilaterais e Bilaterais da Chancelaria argentina.
“Geralmente vemos apenas notícias negativas sobre a nossa região, mas às vezes há muito mais do que aquilo que aparece no radar. Nesse caso, foi realizado um grande trabalho de articulação em um tema estratégico que nos afetará muitíssimo nas próximas décadas, como países produtores de alimentos. Essa não é a linha de chegada, mas o ponto de partida”, acrescentou.
Em sua exposição, Otero fez um reexame do processo coordenado pelo IICA com os países das Américas, e fez um resumo dos consensos alcançados. Entre as mensagens mais importantes, destacou: que os sistemas agroalimentares das Américas são aperfeiçoáveis, mas não malsucedidos; que são necessárias zonas rurais saudáveis, fontes de progresso e de geração de empregos; que devem ser criadas oportunidades para os 16,5 milhões de agricultores familiares da América Latina e do Caribe, bem como para grupos vulneráveis, inclusive mulheres e jovens; que o comércio internacional é fundamental para a segurança alimentar e que a ciência é uma contribuição fundamental para a adequada formulação de políticas.
“Entre os aspectos positivos da Cúpula — disse Otero —, lembro que instalou uma visão sistemática do setor, da produção ao consumo. O tema chegou para ficar, e é forte na agenda. Há um reconhecimento global de que as questões de produtividade só poderão avançar se a dimensão ambiental e a questão da alimentação saudável forem internalizadas. O continente tem avançado muito nessas questões”.
O Diretor Geral disse que o IICA — instituição que, em 2022, completará 80 anos de vida —, reafirma o seu papel de promotor para a ação coletiva e pretende fortalecer sua posição como organismo de cooperação técnica regional voltado para o mundo.
“Como pertencente ao Sistema Interamericano — afirmou — o IICA deve se relacionar com outras regiões. Como organismo que constrói pontes, estamos convencidos de que o nosso futuro está atado ao estabelecimento de vínculos com outros continentes. Em breve iniciaremos um diálogo com a África, continente com o qual temos muito em comum. Devemos nos preparar para a próxima Conferência de Mudança do Clima — COP 27 —, na qual esperamos poder reafirmar que a agricultura é uma oportunidade, e não uma ameaça”.
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