Após cinco anos de implementação, a iniciativa beneficiou diretamente a um total de 7.334 produtores, que contam com mais e melhores capacidades para ser resilientes à mudança do clima e obter melhores rendimentos produtivos.
São José, 2 de dezembro de 2021 (IICA). Apoio direto a 7.334 produtores — 34% mulheres e 10% jovens — pertencentes a 199 organizações, melhoria de receitas produtivas dos cafeicultores em pelo menos 24% e aplicação de modelos de produção sustentável em 10.402 hectares de café são parte das realizações alcançadas com a implementação do Programa Centro-Americano de Gestão Integral da Ferrugem do Café (PROCAGICA) na Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicarágua, Costa Rica, Panamá e República Dominicana.
Os resultados dessa iniciativa financiada pela União Europeia (UE) e executada pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) após seus cinco anos de vigência foram apresentados em um evento de encerramento de âmbito regional.
O objetivo do PROCAGICA era fortalecer a resiliência de pequenos e médios produtores de café frente à mudança e à variabilidade climática, bem como seus efeitos ambientais, pela adoção de medidas de adaptação, mitigação e redução da irrigação. Além disso, visou melhorar a rentabilidade da atividade cafeeira e os meios de vida das famílias produtoras da região.
Para esses fins, promoveu de forma bem-sucedida a diversificação de cultivos para reforçar a segurança alimentar, o fortalecimento dos sistemas nacionais de alertas antecipados, pesquisas científicas para melhorar as variedades e a resiliência dos pés de café, a capacitação dos produtores e extensionistas técnicos e a elaboração de estratégias e propostas de políticas públicas para fortalecer o setor.
Segundo explicou o Coordenador da Unidade Executora Regional do PROCAGICA, Harold Gamboa, quanto à diversificação de cafezais, o programa superou amplamente a meta de 1.000 hectares e interveio em 4.138 hectares, manejando diferentes cultivos, como árvores frutíferas, em associação aos já existentes e a outros novos que têm ajudado as famílias produtoras a obter receitas adicionais.
“Quase 6.400 produtores atendidos reportam novas fontes de receitas, a produção de café por hectare nas propriedades rurais do grupo alvo das famílias de pequenos e médios produtores aumentou entre 28 e 42%; e 99% dos produtores abarcados lograram um controle efetivo da ferrugem que permitiu reduzir perdas econômicas”, descreveu Gamboa.
Além disso, o programa capacitou os cafeicultores na administração de um mecanismo de crédito de fácil acesso, um fundo de cerca de US$2,5 milhões, dos quais mais de US$600.000 foram recuperados por várias das 150 organizações de produtores participantes, podendo ser usados para reinvestir nas propriedades rurais. No total, foram concedidos 1.500 créditos de fácil acesso.
“Estamos convencidos de que o setor do café e a nossa ação permitiram combinar segurança alimentar, biodiversidade, luta contra a pobreza e a mudança do clima, além de potencializar o comércio justo, que é um elemento que queremos desenvolver mais. Felicito aos produtores e produtoras que participaram, eles tomaram a decisão de assumir riscos e fazer mudanças para melhorar a produção, são os reais heróis do PROCAGICA”, ressaltou o Embaixador e chefe da Delegação da UE em El Salvador e junto ao Sistema da Integração Centro-Americana (SICA), François Roudié.
“Temos ajudado a um setor crucial do tecido econômico e social dessa região. Temos demonstrado que se pode lutar juntos contra a pobreza e a insegurança alimentar, fortalecendo as comunidades e aproximando regiões, algo que podemos aplicar em outros desafios que teremos”, acrescentou.
Consolidação de sistemas de alertas antecipados
Outra das principais realizações do PROCAGICA, foi o fortalecimento dos sistemas nacionais de alerta antecipado sobre problemas que possam afetar à cafeicultura, como a ferrugem do café.
Com o trabalho liderado nesse componente pelo Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica (CIRAD), foi implementada a Rede Regional de Alerta Antecipado, dedicada à ferrugem e às ameaças aos sistemas de produção de subsistência, e criada a plataforma Pergamino, com pelo menos sete ferramentas para a gestão de riscos e geração de alertas e prognósticos, que também propiciam o desenvolvimento de alertas personalizados para os produtores.
Avanços em pesquisa e propostas de políticas públicas
Além disso, em coordenação com o Centro Agronômico Tropical de Pesquisa e Ensino (CATIE) e o Programa Cooperativo Regional para o Desenvolvimento Tecnológico e Modernização da Cafeicultura (PROMECAFÉ), o PROCAGICA promoveu a criação e o trabalho participativo da plataforma regional de pesquisa que opera em sete países e em uma rede de 224 lotes de demonstração em propriedades de produtores localizadas em cinco países e usadas como espaços de aprendizado e capacitação.
“1.423 extensionistas técnicos foram formados nas tecnologias promovidas pelo programa”, apontou Gamboa sobre a iniciativa que, no âmbito da pesquisa, abordou práticas para reduzir a vulnerabilidade das propriedades rurais, como as melhorias na gestão da sombra do café, o estabelecimento de variedades melhoradas, práticas de conservação de solos, de nutrição, de coleta de água e de irrigação.
Além disso, o programa teve uma alta participação na formulação de planos e estratégias regionais para a reativação da produção e do reposicionamento do setor nas prioridades nacionais, no contexto das políticas regionais para a mudança do clima, do desenvolvimento territorial rural, da segurança alimentar, do desenvolvimento agrícola sustentável, dentre outros, em coordenação com a Secretaria do Conselho Agropecuário Centro-Americano (CAC).
Apoiou a elaboração do Plano Estratégico Regional para a Cafeicultura da Mesoamérica e do Caribe (Plano MESOCAFÉ) e outras 11 estratégias, bem como elaborou 7 propostas de políticas públicas para o fortalecimento do setor do café na região do SICA.
O investimento total do PROCAGICA foi de 16.045.000 euros (US$17.963.089).
“É um projeto que passou do menor para o maior, que soube chegar aos produtores, que atravessou a crise da pandemia e, no entanto, os benefícios são notórios, e isso não é simples. Creio que o melhor começa subitamente a partir de agora, entendendo que devemos continuar ajudando a região centro-americana, que ainda está muito atrasada, mas que tem um futuro muito importante”, avaliou o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, no evento.
“Os recursos dos contribuintes, da UE e das instituições participantes foram bem investidos, percebe-se uma melhoria na qualidade de vida dos produtores dessa cadeia que é fundamental para o futuro da América Central”, concluiu.
Mais informação:
Harold Gamboa, Coordenador da Unidade Executora Regional do PROCAGICA.
harold.gamboa@iica.int