O IICA participou, no contexto da Assembleia, de um painel organizado pela Federação Internacional de Laticínios e o Instituto Internacional de Pesquisa Pecuária (ILRI) com o Conselho de Exportadores de Laticínios dos Estados Unidos (USDEC), a Junta Nacional de Desenvolvimento de Laticínios da Índia, o Instituto Internacional de Pesquisa de Laticínios e o Fundo para a Defesa do Ambiente.
Nairobi, Quênia, 4 de março de 2024 (IICA) — A produção de laticínios, atividade que oferece sustento a milhões de famílias em áreas rurais e contribui para a segurança alimentar e nutricional global, também pode oferecer soluções à crise ambiental que o planeta vivencia, disseram em Nairobi, Quênia, representantes da academia e da indústria na Assembleia das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente (UNEA).
A Assembleia reúne chefes de estado, altos funcionários, autoridades de organismos internacionais e representantes da sociedade civil e do setor privado para discutir medidas multilaterais destinadas a enfrentar a mudança do clima, a perda de diversidade biológica e a contaminação. Ela é o principal órgão de tomada de decisão do mundo em questões ambientais e se reúne cada dois anos, sendo integrada pelos 193 Estados membros da ONU.
O Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) participou, no contexto da Assembleia, de um painel organizado pela Federação Internacional de Laticínios e o Instituto Internacional de Pesquisa Pecuária (ILRI) com o Conselho de Exportadores de Laticínios dos Estados Unidos (USDEC), a Junta Nacional de Desenvolvimento de Laticínios da Índia, o Instituto Internacional de Pesquisa de Laticínios e o Fundo para a Defesa do Ambiente.
“Ecossistemas lácteos sustentáveis: segurança nutricional, empoderamento das mulheres, agricultura climaticamente inteligente e ação para a conservação da natureza e a biodiversidade”, foi o título da discussão.
Durante o painel foram explicados em detalhes as ações que os produtores e a indústria de laticínios estão executando em diversos países para tornar a sua atividade mais sustentável.
Os oradores foram Krysta Harden, CEO e Presidente da USDEC; John Walker Recha, pesquisador do ILRI; John Tauzel, Diretor Sênior do Fundo de Defesa Ambiental; James Rao, cientista do ILRI; Meenesh Shah, Presidente da Junta Nacional de Desenvolvimento de Laticínios da Índia; e Lloyd Day, Subdiretor Geral do IICA. As palavras de boas-vindas e a moderação do debate estiveram a cargo de Shirley Tarawali, Presidente da Agenda Global para a Pecuária Sustentável.
“Estou nessa Assembleia para trazer a voz dos produtores e assegurar que ela seja ouvida onde as decisões são tomadas. Posso assegurar que todos os produtores, não importa de onde sejam nem o tamanho de seu estabelecimento, sabem que é crítico cuidar da saúde do solo e da biodiversidade para proteger suas receitas”, disse Krysta Harden, que em 2023 foi reconhecida pelo IICA como uma das Líderes da Ruralidade das Américas por seu trabalho persistente para promover um papel de protagonismo das mulheres na produção de alimentos nos Estados Unidos.
Harden, que está à frente de USDEC, instituição parceira do IICA na promoção de uma atividade agropecuária sustentável e de um comércio agroalimentar mais fluido, também enfatizou a urgência de facilitar o acesso a recursos e à capacitação para os agricultores. Nesse sentido, afirmou que os milhões de produtores de leite em todo o mundo precisam de ferramentas para abordar os desafios propostos pela crise ambiental, por meio da ciência, da inovação e da divulgação de boas práticas produtivas.
John Tauzel, por seu lado, defendeu que a sustentabilidade não deve ser vista como um destino, mas como uma viagem, devido às constantes mudanças nas tecnologias e no conhecimento em sua evolução para enfrentar à mudança do clima e outros problemas ambientais da melhor maneira.
Sintonia com objetivos climáticos
Reconhecendo a urgência da mitigação e adaptação à mudança do clima, o setor leiteiro está progredindo para se alinhar aos objetivos fixados pelo Acordo de Paris, por meio da ciência, da inovação e de novas tecnologias.
Indicou-se no painel que é necessário prestar uma maior atenção aos serviços ecossistêmicos oferecidos pela produção sustentável de leite, entre eles a regulamentação da qualidade do ar e da água e do ciclo dos nutrientes e de polinização. A presença de animais ruminantes nos ecossistemas também pode desempenhar um papel positivo na proteção da biodiversidade e contribuir para a saúde humana, embora isso raramente seja quantificado e reconhecido.
“O setor leiteiro gera receitas para cerca de um bilhão de famílias ao redor do mundo e contribui para a segurança alimentar de praticamente toda a humanidade, desempenhando um papel crítico na discussão sobre a relação entre desenvolvimento econômico, bem-estar das pessoas e conservação ambiental”, disse Lloyd Day.
O Subdiretor Geral do IICA explicou que os produtos lácteos cumprem um papel insubstituível na alimentação humana, uma vez que têm os nutrientes que o corpo precisa, como vitamina A, vitamina D e cálcio. “Isso se mostra essencial na América Latina, que foi a região do mundo mais afetada pela epidemia de Covid-19”, indicou.
“Devemos pensar — acrescentou Day — em como promovemos uma agricultura que seja não somente uma provedora de receitas e de segurança alimentar, mas também uma fonte de boa gestão e uso da terra. Por esse motivo, os ministros de agricultura das Américas lançaram em outubro passado, na sede do IICA, a parceria continental para a segurança alimentar e o desenvolvimento sustentável, que busca aumentar a produtividade utilizando a ciência e cuidando do ambiente”.
Day falou sobre o trabalho que o IICA está realizando no México, no Chile e em outros países para contribuir para a sustentabilidade e a resiliência do setor leiteiro, enfatizando a gestão de resíduos, a economia circular e a redução da emissão de gases de efeito estufa.
“O objetivo — concluiu — é promover um setor lácteo dinâmico e comprometido com a melhoria contínua de sua capacidade para fornecer produtos seguros e nutritivos, provenientes de um gado saudável, preservando os recursos naturais e oferecendo receitas dignas aos produtores”.
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