No encontro, Manuel Otero apontou que os desafios da agricultura têm aumentado, uma vez que, às demandas de sustentabilidade, segurança alimentar e nutricional, inocuidade, desenvolvimento rural e territorial, têm se somado temas como a segurança energética.
Chapada dos Guimarães, Mato Grosso, Brasil, 17 de setembro de 2024 (IICA) — No plenário dos ministros de agricultura do G20 e outros 14 líderes de organismos internacionais e cientistas de referência mundial reunidos no estado brasileiro do Mato Grosso, o Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero, apontou soluções para os desafios que o setor agropecuário enfrenta para garantir a segurança alimentar global em um contexto de crise climática.
A reunião, realizada na região conhecida como Chapada dos Guimarães, a 60 quilômetros da capital do estado, Cuiabá, ocorreu como parte do Grupo de Agricultura do G20, criado em 2011 com o objetivo de promover a cooperação internacional perante temas críticos e estratégicos, como a sustentabilidade da produção, a segurança alimentar e a adaptação à mudança do clima, um dos maiores desafios enfrentados pelo setor.
Os participantes testemunharam em primeira mão os novos cenários climáticos que a produção agropecuária enfrenta, uma vez que o Mato Grosso e grande parte da região Centro-Oeste brasileira — fundamental para os cultivos de grãos do Brasil e da oferta mundial — está, como boa parte da América do Sul, há quase 150 dias sem chuvas, levando a umidade do ar e do solo a níveis críticos e provocando incêndios que afetam a qualidade do ar.
Ali, os ministros e seus convidados debateram sobre os desafios enfrentados pela agricultura em temas como segurança alimentar e nutricional, inovação tecnológica, adaptação à mudança do clima e sustentabilidade.
A Reunião Ministerial também serviu como preparação para a Cúpula de Líderes do G20 que ocorrerá em novembro, no Rio de Janeiro, com a presença dos chefes de Estado e de Governo das nações que integram aquele que é considerado o maior foro de cooperação mundial. Dos 34 países membros do IICA, cinco fazem parte do G20: Argentina, Brasil, Canadá, Estados Unidos e México.
Nesse encontro em Mato Grosso, o IICA foi o único organismo internacional a quem foi concedida a responsabilidade de fazer uma apresentação (cerca de 30 minutos) sobre os desafios que a agricultura enfrenta nas Américas e no mundo.
Nele, Manuel Otero falou sobre a necessidade de enfrentar de maneira decidida a degradação dos solos como parte do trabalho para afirmar a produtividade agrícola e reduzir os impactos ambientais e destacou o trabalho conjunto que o IICA realiza nesse sentido com parceiros fundamentais, como a Universidade do Estado de Ohio, em parceria com o premiado cientista Rattan Lal, e a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), da Universidade de São Paulo (USP), bem como a Bayer, Syngenta e Pepsico, entre outros.
“Nos últimos anos, cerca 200 milhões de pessoas foram afetadas na América Latina e no Caribe por desastres naturais, o que inclui inundações, secas extremas e outros fenômenos meteorológicos cada vez mais extremos, com seus efeitos no Agro e nos solos e provocando choques que também são políticos e econômicos”, observou o Diretor Geral do IICA, ressaltando, por sua vez, a importância do programa “Solos Vivos das Américas”, que o organismo especializado em desenvolvimento agrícola e rural está levando agora para a África.
Os desafios da agricultura têm aumentado, uma vez que, às demandas de sustentabilidade, segurança alimentar e nutricional, inocuidade, desenvolvimento rural e territorial, têm se somado temas como a segurança energética, apontou.
Nesse contexto, ressaltou que “a nova fronteira da ciência, da tecnologia e da inovação oferece oportunidades para a transformação dos sistemas agroalimentares e para produzir em ambientes impossíveis”, embora tenha dito que é um dever de governos, do setor privado, da academia, da cooperação técnica internacional, das entidades de financiamento e da sociedade civil enfrentar a mudança do clima e a crise multidimensional que ela provoca.
“Biofortificação e nutrição, biologia sintética, agricultura digital, biocombustíveis, biotecnologia, edição genética e saúde dos solos marcam o caminho para a eficiência, a sustentabilidade, a restauração, a descarbonização e o aproveitamento da biodiversidade”, disse o Diretor Geral do IICA, indicando que “o futuro não é aleatório e depende de nós”.
Convidado a Cuiabá pelo Ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil, Carlos Fávaro, o Diretor Geral do IICA também se reuniu com o Presidente do FIDA (Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola), Álvaro Lario (ver aparte), e com o Ministro da Agricultura do Azerbaijão, Majnun Mammadov.
O encontro com o Ministro do Azerbaijão ocorreu depois de Otero convidar os chefes das pastas agrícolas a visitar o pavilhão Casa da Agricultura Sustentável das Américas, que o IICA instalará na COP29, a qual acontecerá em novembro em Baku, Azerbaijão, e que, pelo terceiro ano consecutivo, servirá para levar a voz do setor agropecuário ao maior foro ambiental do mundo.
Otero também se encontrou com Livio Tedeschi, Presidente da BASF Agricultural Solutions, Presidente da CropLife International e Copresidente do Grupo de Trabalho sobre Agricultura e Sistemas Alimentares Sustentáveis do B20, grupo empresarial do G20, e participou da reunião de ministros do CAS (Conselho Agropecuário do Sul), composto pela Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai, Chile e Bolívia.
Mais informação:
Gerência de Comunicação Institucional do IICA.
comunicacion.institucional@iica.int
