O painel serviu para compartilhar conhecimentos e experiências positivas de diferentes países do Caribe e da América Latina. Ele foi moderado por Gregg Rawlins, Representante do IICA nos Estados do Caribe Oriental.
Nassau, Bahamas, 16 de outubro de 2023 (IICA) — Países do Caribe estão se empenhando para favorecer a alimentação saudável das crianças por meio de um fortalecimento dos vínculos entre os pequenos agricultores e as escolas, revelaram funcionários e especialistas no âmbito de um evento na Semana da Agricultura do Caribe, que acontece em Nassau, Bahamas.
A atividade foi organizada em conjunto pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e o Programa Mundial de Alimentos (PMA), agência da ONU que, em 2020, recebeu o Prêmio Nobel da Paz por seus esforços para erradicar a fome e promover a paz em áreas afetadas por conflitos.
A Semana da Agricultura do Caribe, que reuniu durante quatro dias diversos atores do setor alimentar e teve o IICA como um de seus organizadores, é a mais importante conferência sobre o assunto na região, sendo realizada desde 1999. A edição deste ano levou o título “Acelerando a Visão 25 para 2025”, pela importância do objetivo, no qual a região vem avançando de maneira constante, de reduzir em 25% as importações de alimentos em 2025.
“Segurança alimentar e nutricional: melhorando os sistemas agroalimentares por meio da criação de oportunidades de acesso a mercados para pequenos agricultores”, foi o título do debate que focou no fato de os programas nacionais de alimentação escolar serem a fonte de múltiplos benefícios. Assim, não são só ideais para propiciar uma alimentação mais saudável para as crianças, mas também podem dar acesso a mercados estáveis para os agricultores familiares.
O painel serviu para compartilhar conhecimentos e experiências positivas de diferentes países do Caribe e da América Latina. Ele foi moderado por Gregg Rawlins, Representante do IICA nos Estados do Caribe Oriental.
Regis Chapman, representante do PMA em diversos países da região, mencionou a experiência dos programas alimentares baseados em escolas. Indicou que proporcionar dietas mais saudáveis a crianças por meio de compras em agricultores familiares atende a diversos objetivos ao mesmo tempo, como reduzir as importações, melhorar a segurança alimentar e nutricional, abreviar as cadeias de suprimento e transporte dos alimentos e reduzir o desperdício de alimentos, que é uma fonte significativa de gases de efeito estufa (GEE).
“Enquanto o Caribe depende fortemente das importações para o consumo doméstico, muitos países têm descentralizado seus programas alimentares em escolas e promovido a aquisição de alimentos produzidos localmente, no todo ou em parte. Jamaica, São Vicente e Granadinas e Guiana são bons exemplos disso”, disse Chapman.
O funcionário do PMA contou que seis países do Caribe se uniram à Coalizão de Comidas Escolares (Schools Meals Coalition), uma rede global que promove ações para somar e fortalecer programas escolares, visando assegurar que todas as crianças tenham acesso a alimentos saudáveis e nutritivos em 2030.
“No Caribe, a alimentação saudável também é um desafio cultural. E as escolas são excelentes plataformas para começar a mudar os hábitos da sociedade”, afirmou Chapman.
Crianças saudáveis, adultos saudáveis
Kaj Tamia Archer, da Secretaria da Coalizão Bahamas Saudável, que assessora o governo do país na prevenção de doenças não transmissíveis, deu detalhes sobre as iniciativas em andamento para cumprir os objetivos alimentares nas escolas.
“As Bahamas — revelou — promovem uma alimentação que limita o açúcar e o sal nas comidas escolares, mas um grave problema que temos é a ampla disposição de alimentos pouco saudáveis nas proximidades das escolas, por meio de vendedores que oferecem doces e bebidas”.
“69% das crianças em Bahamas tomam bebidas com excesso de açúcar todos os dias, o que gerou um forte aumento do sobrepeso e obesidade em menores de 10 a 15 anos. Precisamos modernizar a legislação, para limitar a atividade dos vendedores ambulantes nos arredores das escolas. Crianças pouco saudáveis tem maior propensão a se tornar adultos pouco saudáveis”, disse Archer.
Curt Delice, representante do IICA no Suriname, mencionou o papel dos pequenos produtores nos sistemas agroalimentares e o trabalho do IICA na região.
“Mesmo em países muito bem-sucedidos em termos de agricultura, como a Argentina e o Brasil, 80% dos alimentos consumidos pela população vem dos pequenos agricultores. O segredo é que existem estruturas comerciais que permitem ter acesso aos mercados. Um dos grandes impedimentos nos países do Caribe é que muitas vezes os agricultores familiares não estão integrados ao circuito formal de comercialização, sendo obrigados a vender seus produtos à beira das estradas”, disse Delice.
Também indicou que a produtividade dos pequenos agricultores pode aumentar se eles tiverem acesso a tecnologias: “Hoje a maioria depende das chuvas para suas colheitas, de modo que chegam aos mercados simultaneamente e, assim, os preços caem”.
Delice também ressaltou que falta capacitação e educação, para que os pequenos agricultores produzam os alimentos demandados. Enfatizou também que os próprios consumidores devem ser educados para consumir o que é cultivado localmente. “Isso será benéfico para os países do Caribe — afirmou —, não só economicamente, mas também pelo aspecto nutricional”.
Também participou da realização do evento a Representante do IICA em Bahamas e assessora do Diretor Geral do Instituto, Mari Dunleavy.
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