Projeto ALER4TA, financiado pela GIZ e executado pelo IICA na Bolívia, Colômbia, Equador e Peru, visa fortalecer a capacidade de resposta dos países perante a ameaça do Fusarium Tropical Race 4 (Foc TR4).
Guaiaquil, Equador, 5 de julho de 2024 (IICA) — Mais de 80 produtores do Equador se capacitaram em prevenção, detecção e controle de pragas que ameaçam as cadeias agrícolas da banana, fundamentais para a segurança alimentar e o desenvolvimento socioeconômico nesse país e o restante da América Latina e do Caribe (ALC).
A capacitação, com a qual os produtores poderão redobrar esforços ao implementar medidas de biossegurança para garantir o status fitossanitário dessas cadeias, ocorreu em um evento híbrido organizado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e a Agência de Cooperação do Governo da Alemanha (GIZ), com apoio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAG) do Equador, do Instituto Nacional de Pesquisas Agropecuárias (INIAP) e da Agência de Regulamentação e Controle Fito e Zoossanitário (AGROCALIDAD).
A capacitação ocorreu como parte do projeto ALER4TA, financiado pela GIZ e executado pelo IICA na Bolívia, Colômbia, Equador e Peru, que visa fortalecer a capacidade de resposta dos países da região andina perante a ameaça do Fusarium Tropical Race 4 (Foc TR4).
O TR4 é um fungo altamente destrutivo que causa a doença da murcha do bananeiro, sendo resistente a tratamentos químicos e podendo permanecer no solo por décadas, o que o torna uma ameaça significativa para a produção global de banana.
O fungo pode se propagar para novas áreas por meio do movimento de materiais de plantação infectados ou mediante partículas de solo contaminadas impregnadas em sapatos, roupas, ferramentas agrícolas e veículos, bem como contidas em drenagem e na água de irrigação.
A Colômbia e o Peru combatem essa praga atualmente, enquanto na Bolívia e no Equador não há registros de sua presença.
Os participantes do encontro receberam palestras sobre a importância da aplicação de medidas de biossegurança para o Foc TR4 e de agentes de controle biológico, como o Trichoderma sp., bem como sobre pesquisas em andamento relacionadas a novas variedades de bananas tolerantes à praga e os benefícios que elas oferecem.
Também foi revista a identificação dos sintomas da bactéria Ralstonia solanacearum Raça 2, conhecida comumente como “moko”, que ataca todas as variedades de banana e é considerada um dos problemas fitossanitários mais sérios que afetam as musáceas nas regiões tropicais e subtropicais do mundo. No caso do Equador, ela está presente em 15 províncias do país.
“Somente com a interação de todas as instituições, juntamente com o compromisso dos produtores, poderemos levar isso adiante. Não há melhor instrumento do que a experiência e a capacitação, estarmos atentos, receptivos e aplicar a 100% desse conhecimento adquirido em biossegurança em nossas propriedades rurais para proteger os cultivos”, mencionou o Subsecretário de Fortalecimento de Musáceas do MAG, Gustavo Cepeda.
O Coordenador Geral de Sanidade Vegetal da AGROCALIDAD, Larry Rivera, ressaltou que esses encontros de aprendizado são cruciais porque “permitem estar na vanguarda da tecnologia, dos conhecimentos e das novas aplicações de protocolos que devem ser atualizados passo a passo no território equatoriano e além de suas fronteiras”.
Rivera acrescentou: “O Equador não deixará de ser o maior exportador de banana no mundo, temos mercados em que temos praticamente 98-99% do posicionamento das nossas bananas e devemos manter isso; para tal, precisamos fortalecer as medidas de biossegurança”.
Gladys Tazan, Gerente Geral da Jacaranda, uma propriedade rural de Moçambique, na África, que precisou enfrentar o Foc TR4, compartilhou a sua experiência e especificou que “fomentar a conscientização, seguir os regulamentos, muita capacitação, palestras, implementar as medidas, buscar alternativas e testar variedades resistentes a pragas” é o caminho a ser seguido para evitar que essas doenças coloquem em xeque a produção de banana.
O pesquisador do departamento de proteção vegetal do INIAP, Danilo Vera, compartilhou como os agentes de controle biológico ajudam a reduzir as áreas de colonização desse fungo em plantações de banana e, assim, melhorar as condições dos solos para enfrentar essas doenças.
Renzo Galgani, Representante do IICA no Equador, ressaltou a importância de manter as condições sanitárias das propriedades rurais, uma vez que a produção de banana gera muitos empregos diretos e indiretos no país.
“Famílias inteiras dependem dessa atividade e, se o Equador chegasse a perder parte dessas plantações, isso teria um efeito direto na perda de receitas econômicas das famílias, incidindo no aumento dos índices de pobreza”, afirmou.
Carlos Muentes, Técnico Distrital e de Articulação da AGROCALIDAD, expressou que a prevenção é um trabalho constante. “Temos sido descuidados, estamos perdendo o medo de um inimigo que ainda não conhecemos totalmente, como o fusarium e o moko, não é hora de baixar a guarda. A prevenção é fundamental mediante as medidas de biossegurança”.
Marco Cacarín, Analista de Gestão e Controle de Pragas Específicas da mesma agência, abordou a identificação de sintomas do “moko” e a gestão de surtos. Ele enfatizou que o Equador conta com uma estrutura regulatória forte, além de protocolos rigorosos que orientam contra esses surtos, sendo fundamental realizar um trabalho articulado entre todos os atores da cadeia.
“Três a cada 10 bananas nos mercados internacionais são do Equador, com isso vemos o que esse cultivo representa para a segurança alimentar e a economia do país, daí a importância de uma gestão íntegra e de cumprir integralmente os protocolos de biossegurança estabelecidos”, disse Cacarín.
Mais informação:
Lorena Medina, especialista em Sanidade Agropecuária e Inocuidade dos Alimentos do IICA Equador.
lorena.medina@iica.int