Castañeda esteve na sede central do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), na Costa Rica, e ali ofereceu uma entrevista para o programa AgroAmerica, transmitido pelo canal de TV Agro+, do Brasil.
São José, 16 de novembro de 2023 (IICA) — Os produtores de leite nas Américas têm dado passos significativos nos últimos anos tanto quanto à sustentabilidade ambiental da atividade como ao bem-estar animal, disse Jaime Castañeda, referência da indústria láctea dos Estados Unidos, país líder mundial em exportações.
Castañeda esteve na sede central do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), na Costa Rica, e ali ofereceu uma entrevista para o programa AgroAmerica, transmitido pelo canal de TV Agro+, do Brasil.
Durante a conversa, explicou em detalhes como o setor produtivo e industrial lácteo dos Estados Unidos incorporou a inovação e a tecnologia para ser mais eficiente e reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, que causam a mudança do clima. Também assegurou que os produtores se conscientizaram que o bem-estar das vacas gera resultados positivos em termos de rendimento.
Castañeda é Vice-Presidente Executivo de Estratégia Política tanto no Conselho de Exportadores de Laticínios dos Estados Unidos (USDEC) como na Federação Nacional de Produtores de Leite (NMFP). Em seus 35 anos de experiência na política agrícola, teve diversos cargos no setor público e privado e é um homem habitualmente consultado pelo governo dos Estados Unidos sobre temas regulatórios e negociações comerciais em produção de alimentos.
“Os Estados Unidos são o maior produtor de leite de vaca, ou seja, sem considerar o leite de búfala da Índia. Também somos o maior exportador de queijo do mundo e o principal exportador de produtos lácteos em geral. Muitos se surpreendem quando conhecem a potência da nossa produção de leite, pois só começamos a exportar seriamente faz 24 anos. Antes de 1999, por séculos, a Europa era a única que exportava leite. Hoje, os Estados Unidos exportam cerca de 18% de sua produção total, pois também possui um grande mercado interno. Temos produtores de grande, médio e pequeno porte e diferentes tipos de produção, o que nos torna os mais eficientes. Cobrimos tudo”, especificou.
O setor lácteo dos Estados Unidos começou a se preocupar com a sustentabilidade ambiental de sua atividade há muitos anos, quando praticamente ninguém no mundo fazia isso, disse Castañeda.
O dirigente considerou que, enquanto na Europa há uma corrente de opinião inclinada a reduzir a quantidade de animais destinados à produção de alimentos para combater a mudança do clima; nos Estados Unidos, acredita-se que o imperativo é melhorar a produtividade dos animais, de maneira a reduzir as emissões de gases de efeito estufa e, ao mesmo tempo, disponibilizar mais comida.
“Na Europa — disse — há uma narrativa negativa contra a produção animal, sustentada por organizações com uma visão radicalizada e que é muito prejudicial para os interesses das Américas, especialmente para a América Latina. Nós acreditamos que não é necessário reduzir o número de vacas, mas aumentar a sua produtividade, de maneira que haja mais proteína animal disponível com menos emissões. É muito simples, para alguém que vive em um país rico europeu, pedir que o consumo de proteína animal seja reduzido, mas há muitas pessoas famintas pelo mundo, e precisamos de uma maior produção e de mais produtores, e não menos”.
Nesse sentido, explicou que a tecnologia e a inovação já estão fazendo uma contribuição significativa para reduzir as emissões da produção e citou como exemplo os biodigestores que já estão em funcionamento em muitos estabelecimentos leiteiros dos Estados Unidos e de outros países das Américas, produzindo energia com o esterco das vacas e eduzindo as emissões de metano.
Alertou também que outras atividades, como a queima de combustíveis no transporte terrestre e aéreo, são muito mais prejudiciais, em termos de mudança do clima, do que a agricultura.
Compartilhar novas tecnologias
Castañeda destacou o papel do IICA na defesa dos interesses do setor agropecuário e das nações da região nos foros internacionais e sua tarefa em prol da divulgação das novas tecnologias. “Não são apenas os países ricos que devem ter acesso à inovação e ao conhecimento. As novas tecnologias devem ser compartilhadas e chegar a todos os produtores”, disse.
O empresário também se referiu aos avanços realizados em temas de bem-estar animal: “Aqueles que não conhecem ficariam surpresos com quão produtivas e felizes são as nossas vacas. Basicamente, comem quando querem, descansam quando querem e estão em um lugar agradável, sempre protegidas. Isso aumentou a produtividade das vacas”.
Por fim, Castañeda falou sobre a realidade da produção agropecuária vivenciada nos Estados Unidos e em todo o continente, que é diferente da de outras épocas.
“Hoje — reconheceu — tudo mudou, e a atividade é difícil. O trabalho é árduo e temos menos produtores, uma vez que a nossa população envelhece e, muitas vezes, os mais jovens não querem ficar no campo. Embora muitos agricultores tenham um grande apego à terra, quem quiser obter rentabilidade deve ser simultaneamente produtor e uma pessoa de negócios, uma vez que, ao longo da cadeia de suprimentos, todos querem ganhar dinheiro. Por isso é importante que os governos fortaleçam os agricultores, garantam recursos e assegurem que a educação e as oportunidades de progredir cheguem a todos”.
Agro América é um programa do canal brasileiro de TV Agro+, do Grupo Bandeirantes de Comunicação, e fruto de uma parceria com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). A transmissão apresenta a atualidade do setor agropecuário e da ruralidade nos países membros do IICA, com o objetivo de promover a troca de experiências e uma discussão sobre os desafios e as oportunidades da América Latina e do Caribe na área de desenvolvimento agropecuário e rural.
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