Como reconhecimento, Zelada receberá o prêmio “Alma da Ruralidade”, que é parte de uma iniciativa do organismo especializado em desenvolvimento agropecuário e rural para dar visibilidade a homens e mulheres que deixam sua marca e fazem a diferença no campo do continente americano, essencial para a segurança alimentar e nutricional e a sustentabilidade ambiental do planeta.
São José, 19 de março de 2024 (IICA) – Pelo seu trabalho de décadas em prol do cooperativismo como uma ferramenta central para melhorar a qualidade de vida dos agricultores de El Salvador, Salomón Zelada foi reconhecido como um dos “Líderes da Ruralidade das Américas” pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
Como reconhecimento, Zelada receberá o prêmio “Alma da Ruralidade”, que é parte de uma iniciativa do organismo especializado em desenvolvimento agropecuário e rural para dar visibilidade a homens e mulheres que deixam sua marca e fazem a diferença no campo do continente americano, essencial para a segurança alimentar e nutricional e a sustentabilidade ambiental do planeta.
Filho de uma família camponesa que cultivava café em uma pequena fazenda, Zelada tem uma vida dedicada à agricultura desde que tem memória e uma vasta formação, que começou quando terminou a escola e entrou na Escola Nacional de Agricultura (ENA).
O desejo de aprender levou Zelada por diversos países; e há 32 anos é gerente da Cooperativa Agropecuária San Carlos, que reúne uns 100 produtores e tem uma produção diversificada de alimentos que chega às mesas dos salvadorenhos e também se exporta.
Além disso, Salomón é um referente para todas as cooperativas agropecuárias de El Salvador que procuram caminhos para melhorar a renda dos seus sócios e participa constantemente de atividades de formação, destinadas principalmente aos jovens.
“Quando vou dar palestras não levo nenhum documento nem material escrito. Quando você aprende as cosas no campo, fazendo e trabalhando, o conhecimento e as experiências que se incorporam não se esquecem nunca”, disse.
Salomón está orgulhoso das conquistas realizadas nestes anos em prol dos membros da Cooperativa San Carlos que inclusive possibilitaram que nos últimos anos desacelere a emigração dos membros mais jovens das suas famílias aos Estados Unidos.
“Hoje a nossa cooperativa tem rentabilidade e isso beneficia os seus sócios”, conta. “Não há empresa em El Salvador que forneça os benefícios sociais que nós damos, já que para todos os sócios construímos uma casa e conectamos ela com serviços de água potável e luz elétrica sem custo. Também fornecemos seguro de vida. E ao final de cada ciclo agrícola distribuímos os excedentes econômicos, que normalmente oscilam entre 2.500 e 3.000 dólares”.
O reconhecimento Líderes da Ruralidade das Américas é entregue pelo IICA àquelas pessoas que realizam um papel duplo insubstituível: ser fiadores da segurança alimentar e nutricional e ao mesmo tempo guardiões da biodiversidade do planeta por meio da produção em qualquer circunstância. O reconhecimento, além do mais, tem a função de destacar a capacidade de impulsionar exemplos positivos para as zonas rurais da região.
Diversificação e rentabilidade
Formado pela ENA em 1974, Zelada trabalhou para o Ministério de Agricultura e Pecuária de El Salvador acompanhando aos camponeses na produção de diferentes culturas e, depois da reforma agrária, na organização de cooperativas. Bolsista, se formou em administração de cooperativismo em Israel, na Itália e nos Estados Unidos. E em conjunto com o IICA em El Salvador se especializou durante vários anos nos segredos da produção de frutas.
“Em 1992 fui contratado pela Cooperativa San Carlos, que era totalmente agrícola”, lembrou. “Tinham gado e cana de açúcar, mas com a minha experiência começaram a diversificar a produção. Hoje levamos adiante sete projetos e sempre lucramos, o que me deu uma visão clara de como tornar rentável uma empresa cooperativa. O setor mais produtivo é o mamão: temos mais de 30.000 dólares de utilidade por quarteirão. Mas também cultivamos limão-taiti, açúcar, banana-da-terra, manga, goiaba, mandioca e grãos básicos”.
A Cooperativa San Carlos, localizada no cantão San Rafael, município El Paisnal, departamento de San Salvador, tem desde 2016 uma planta agroindustrial e entre suas exportações destacadas estão 200 contêiners anuais de banana-da-terra, com destino aos Estados Unidos.
Além disso, fornece 2.100 caixas de banana-da-terra diárias à uma empresa que elabora com elas um lanche natural chamado Orígenes, que é vendido em todo o país.
Salomón explica que aprendeu muito na Cooperativa San Carlos e está convencido de que as cooperativas agropecuárias da América Latina e do Caribe podem gerar renda para dar uma vida digna aos habitantes das zonas rurais.
“Eu fui agricultor a vida toda, e sei que pode ser rentável se a atividade é administrada de forma profissional e com terra, água e crédito. Temos que procurar cultivos que crescem o ano todo, para que o suprimento seja constante. E também aprendi que é preciso ter um comprador antes de começar, não se lançar se não tiver. Além disso, se deve entender a necessidade de produzir com boas práticas agrícolas. E que é muito valioso obter uma certificação ecológica, como a que nós temos com uma empresa alemã pela nossa produção com insumos agrícolas orgânicos. Para ter sucesso com uma cooperativa, você tem que pensar não só na produção do momento, mas também projetar o que pode ocorrer em cinco anos”, assegura.
O cuidado do meio-ambiente é um assunto central para a Cooperativa San Carlos e, nesse sentido, Salomón explica que na sua área de produção é proibido cortar uma árvore sem a autorização da administração, que só o permite quando a árvore já está seca. Também está ocorrendo uma transição do uso de insumos químicos para orgânicos. “Temos um departamento de boas práticas agrícolas e paramos o uso de todos os produtos prejudiciais ao meio-ambiente”, conta.
Para Salomón Zelada, de todas as formas, o fundamental de uma cooperativa agropecuária de sucesso é que mostra que a produção de alimentos é um caminho possível para o desenvolvimento de projetos de vida pessoais e coletivos das pessoas que moram nas comunidades de zonas rurais.
“Com a cooperativa conseguimos dar lugar aos camponeses para que opinem como donos da empresa”, diz, orgulhoso. “Todos trabalhamos com uma mentalidade capitalista em função social, e, graças a ela, a cooperativa agropecuária deu dignidade às pessoas, que hoje aproveitam muitos benefícios que não seriam alcançáveis de outra forma”.
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