Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura

Agricultura Mudança climática Resiliência da agricultura

São Vicente e Granadinas está à beira da insegurança alimentar após devastações climáticas, declara Ministro de Agricultura no Comitê Executivo do IICA

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O Instituto apresentou um plano de ação para a mitigação, reabilitação e adaptação ante desastres agrícolas nos países do Caribe; e vários Estados-Membros colocaram à disposição seus centros de pesquisa para o desenvolvimento de soluções no curto prazo.

El ministro de Agricultura de San Vicente y las Granadinas, Saboto Caesar, detalló que la compleja situación agroalimentaria actual de su país se acrecentó por una serie de eventos extremos en los últimos cinco años, siendo el huracán Beryl el más reciente.

São José, 29 de julho, 2024 (IICA).  “São Vicente e Granadinas está à beira da insegurança alimentar”, disse o Ministro de Agricultura desse país insular, Saboto Caesar, durante a sessão 2024 do Comitê Executivo do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), em que se informou sobre a emergência climática que atravessam várias nações do Caribe pelas devastações provocadas pelo furacão Beryl no começo de julho. 
 
De forma virtual e ante uma dúzia de ministros de Agricultura das Américas e outros altos funcionários do setor, Caesar explicou que a complexa situação agroalimentar do seu país se acrescentou por uma série de eventos extremos nos últimos cinco anos.
 
“São Vicente e Granadinas está à beira da insegurança alimentar, em média tem vivido um desastre natural por ano nos últimos cinco anos, o que tem perturbado todas as cadeias de alimentos; Covid-19, 32 erupções vulcânicas, secas severas e furacões”, explicou o Ministro. 
 
O impacto do furacão Beryl causou a perda de 98% da produção de bananas e banana-da-terra, e afetou outra série de cadeias de valor agropecuárias.  “A cadeia de lagosta e pesca está completamente destruída, a base do setor de pesca está impactada, 95% dos barcos afetados, há uma grande porcentagem de pescadores e produtores deslocados”, adicionou.
 
“Acudimos ao Parlamento para continuar apaziguando os impactos. Se procura uma assistência e apoio com renda direta aos produtores para os próximos 23 meses, a intenção é incrementar a produção e a produtividade, que nossos sistemas de produção estejam em pleno funcionamento para o final de 2024 e começo de 2025”, sinalizou.
 
O Ministro de Agricultura de São Vicente e Granadinas pediu o apoio do IICA e dos seus Estados-Membros para contar com a assistência técnica necessária no processo de reconstrução do setor agrícola e de pesca.
 
“Precisamos do apoio técnico, a assistência dos Estados membros do IICA para nossa recuperação, para uma avaliação detalhada dos impactos nos ecossistemas, sementes, assistência com fertilizantes, assistências de pessoal técnico, tecnologias para nos ajudar no processo de reconstrução. O IICA tem sido sempre um amigo e aliado quando precisamos, somos um estado insular em vias de desenvolvimento e queremos estar na vanguarda da luta contra a mudança climática”, valorizou Caesar.
 
Outros países como Granada, Jamaica e Barbados, que também sofreram os impactos do furacão Beryl, compartilharam a difícil situação que vivem pela sua vulnerabilidade aos fenômenos meteorológicos extremos, que mantêm o agro em uma situação complicada pela destruição da infraestrutura e perda de cultivos. 
 
“90% da noz-moscada está prejudicada e 90% do cacau, que são as principais exportações. 80% das colheitas econômicas do país foram prejudicadas, no sistema pecuário houve muitas perdas de animais, gado bovino, suíno, aviário, há falta de alimentos, de frutas e vegetais”, explicou o Ministro de Agricultura de Granada, Lennox Andrews.
 
“O agro teve um impacto forte, pedimos ajuda ao Congresso com apoios financeiros para os nossos produtores, de 400 dólares por mês pelos próximos meses, espero que esse apoio se concretize, e assistência especial do IICA, para alimentos, equipamentos, maquinário para limpar os campos, ajuda de mão de obra”, complementou.
 
No caso da Jamaica, o Ministro Floyd Green indicou que 70% das colheitas foram prejudicadas; em cultivos importantes para a segurança alimentar do país como a banana, a mandioca, frutas e outros, e sérias afetações no setor pecuário e de pesca. 
 
“Foram perdidas estruturas completas, casas, aves, há muito dano aos produtores pecuários, é um duro golpe ao nosso sistema agrícola, temos que fazer algo especial por eles, precisamos de estufas que são essenciais para a produção, não há estruturas, porém temos produtores resilientes e continuarão na atividade, precisamos ajudá-los a todos para recuperar o setor”, declarou Green.
 
Michael James, Diretor Agrícola de Barbados, explicou que nessa nação viveram perdas no cultivo de banana e banana-da-terra, e pediu treinamentos sobre avaliação de danos, bem como em temas de inovação com bancos de germoplasma, acesso a tecnologias, alertas adiantados, entre outros. 
 
Plano de ação para a recuperação
 
Na reunião do Comitê Executivo do IICA, realizada em São José na Costa Rica, os Estados membros do Instituto mostraram sua solidariedade com as nações do Caribe e ofereceram sua ajuda imediata para recuperar o setor. 
 
“Contam com o apoio do Brasil, colocamos à disposição a possibilidade de que a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) os ajude com sua experiência e seus conhecimentos em agricultura tropical, para que reconstruam solos que ficam lavados nessas condições”, disse Roberto Perosa, Secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil.
 
“Não há nenhum país que não tenha vivido algum tipo de contingência dessa índole. Colocamos à disposição nosso Instituto Nacional de Pesquisas Florestais, Agrícolas e Pecuárias, e apoiaremos no tema das sementes”, assegurou Lourdes Cruz, Coordenadora Geral de Assuntos Internacionais da Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural do México.
 
O IICA apresentou um plano de ação para a mitigação, reabilitação e adaptação ante desastres agrícolas nos países do Caribe, para, entre outras coisas, gerar maior capacidade para estabelecer novamente a produção de alimentos, fortalecer e desenvolver capacidades técnicas para restaurar os sistemas de subsistência, e melhorar a resiliência das comunidades agrícolas ante as catástrofes e a mudança climática.
 
Também se pretende melhorar e aplicar metodologias de avaliação rápida de danos e perdas, por meio de tecnologia, sistemas e ferramentas agrícolas, bancos de sementes e criadouros e estufas móveis.
 
Esses esforços se unem à proposta para criar o Fundo Hemisférico para a Resiliência e Sustentabilidade da Agricultura das Américas, que procura fornecer apoio financeiro e técnico aos países da região para desenvolver e implementar estratégias que fortaleçam a resiliência e sustentabilidade dos seus sistemas agrícolas, afetados com cada vez mais frequência pelos eventos climáticos extremos.
 
“O Caribe está muito perto, vamos ajudar, estamos em condições de contribuir rapidamente 300 mil dólares para ajudar alguns dos países afetados, precisamos de uma mudança de atitude e pensar no desenvolvimento de estratégias em que a resiliência e a sustentabilidade rural sejam fundamentais”, asseverou o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero.
 
“Temos que aprender de todas essas situações, ter uma agricultura cada vez mais resiliente, sustentável, com agricultores em zonas rurais que possam produzir mais alimentos, mais abundantes e nutritivos. No Caribe se deve fortalecer os sistema de alerta adiantado, contar com um banco de sementes, estufas e criadouros móveis, um programa de seguros, tecnologia, formação e avaliação de danos”, concluiu.

Mais informação:
Gerência de Comunicação Institucional do IICA.
comunicacion.institucional@iica.int

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